Mosteiro de Santa Maria do Bouro

Mosteiro implantado em encosta, em plena Serra de São Mamede, com cerca murada com aproximadamente 3 ha, desenvolvida a poente e a sul do mosteiro, em terreno desnivelado, formando vários patamares, profundamente intervencionada no século XX, principalmente com a adaptação a pousada segundo o projeto dos arquitetos Eduardo Souto Moura e Humberto Vieira.

As primeiras referências surgem em 1148 quando D. Afonso Henriques fez doação do couto aos monges beneditinos, sendo abade D. Paio Nunes, que teve um papel importante na Reconquista Cristã. Em 1162 é mencionada no local uma ermida dedicada a São Miguel. Em 1195 o mosteiro passou a reger-se pela regra de Cister, com invocação de Nossa Senhora da Assunção. Durante o conflito de 1383/1385, o Abade do Bouro tomou o partido do Mestre de Avis e juntou 600 homens para a defesa da linha da Portela do Homem. Como agradecimento D. Nuno Álvares Pereira conferiu-lhe o título de Capitão-Mor e Guarda das Fronteiras. Em 1533 só sete monges habitavam o mosteiro em avançado estado de degradação. Em finais do séc. XVII fazem-se grandes obras de reconstrução, prolongando-se pelo século seguinte, aumentando a igreja e fazendo uma nova ala do mosteiro. Em 1834, com a extinção das ordens religiosas, o mosteiro foi abandonado e posteriormente vendido em hasta pública, passando a pertencer à família Pais de Aguiar. Anos mais tarde, em 1986, foi adquirido em parte pela Câmara Municipal de Amares para aí instalar uma escola agrícola, o que não se veio a realizar, sendo em 1989 adaptadas as dependências monacais a pousada e intervencionada toda a cerca. Hoje em dia é uma das Pousadas de Portugal, gerida pelo GPP – Grupo Pestana Pousadas.

O terreiro da igreja estende-se ao longo da estrada, rodeado por tílias, rematado a nascente pela imponente igreja tendo perto a estrada de acesso para o santuário da Senhora da Abadia da qual dista 4,5 km. A entrada no convento/pousada faz-se por portal no lado sul do terreiro. Uma escada lateral conduz ao convento organizado em torno de um claustro com fonte central, ladeada por laranjeiras. Do portal acede-se a pátio com laranjeiras que, por sua vez, conduza terraço lajeado que percorre grande parte da fachada posterior, usado como esplanada, terminando num tanque, atrás da cozinha velha do mosteiro. A cerca está essencialmente armada em socalcos, com prados pontuados por oliveiras. No caminho coberto por ramada chega-se à piscina, mais afastada e em quota mais baixa. A poente da zona conventual pequeno bosquete de plátanos, freixos e oliveiras, com algumas laranjeiras.

Imóvel de Interesse Público, Decreto nº 42 007, DG, 1ª Série, nº 265 de 06 dezembro 1958. Portaria, n.º 1277/2005, DR, 2.ª Série, n.º 243, de 21 dezembro 2005. ZEP

Inventário: Joaquim Gonçalves – maio de 2019.