Quinta da Aveleda

Grande quinta com mais de 150 ha, murada nos seus 12 ha de mata e jardim, em terrenos rodeados por vinha, sua principal atividade agrícola.

As primeiras referências à quinta remontam ao séc. XVI como uma grande propriedade composta por um conjunto de quintas. Em 1671, data inscrita na capela, terminaram as obras de construção da casa, amplamente remodelada e alterada. Foi Gonçalo de Meireles Freire, licenciado em Leis pela Universidade de Coimbra e Desembargador do Paço, que instituiu por testamento o vínculo do morgadio da quinta a favor da sua sobrinha, D. Maria de Meireles. Foi por via da filha desta, Mariana Freire, casada com Manuel Guedes da Fonseca, que em finais do séc. XVII a Aveleda passou a pertencer à família Guedes.

Bem mais tarde, em 1850, Manuel Pedro Guedes da Silva Fonseca, que veio a ser Presidente da Câmara de Penafiel, trocou a vida da capital e da política pela sua quinta, fazendo importantes obras e investindo na plantação de vinhas e em novos processos revolucionários para a época como a vinha em bardo, ao estilo francês, e uma grande adega com capacidade para 300 pipas. Grandes alterações foram feitas na propriedade, inclusive no jardim, por volta de 1870.  

Em torno de 1914, Fernando Guedes da Silva, filho de Manuel Pedro, mandou reconstruir a antiga casa, transformando-a naquilo que é hoje a casa da Aveleda, recebendo por isso o grau de Comendador da Ordem de Mérito Agrícola e Industrial em 1933. Após a sua morte, os filhos constituíram uma sociedade agrícola, desenvolvendo ainda mais as importações de vinho para o Brasil e África e introduzindo muitos melhoramentos no jardim.

Existem três acessos ao jardim. O principal, com imponente portal, comunica com a alameda ladeada por sobreiros, rododendros, camélias e azáleas e conduz à casa. Um outro secundário, inicialmente usado como entrada de serviço e que incluía a casa do guarda, passou funções a um outro mais recente, atualmente usado por todos os visitantes da quinta, com parque de estacionamento.

O jardim, em grande parte construído por Manuel Pedro Guedes, homem tocado pela cultura francesa e influenciado pela arte dos jardins ingleses, é constituído por um grande bosque com caminhos sinuosos, com grandes zonas de sombra, fetos arbóreos, aceres, acácias, carvalhos americanos, eucaliptos, rododendros, sobreiros, sequoias, carvalhos, plátanos, magnólias de grande flor, cedros, tulipeiros da Virgínia, cerejeiras de jardim e uma grande profusão de camélias e de azáleas, aliás uma constante com imensas variedades em todo o jardim.

No centro surge uma pequena casa e um recinto com uma torre rampeada helicoidal para cabras. Existe ainda um grande lago, conhecido como Lago da Mata, em cujas ilhas se encontram a janela manuelina onde foi aclamado rei D. João IV, proveniente dos antigos paços reais da cidade do Porto demolidos em 1800, e uma casa de fresco em estilo vitoriano, com telhado de colmo e decoração de madeira rusticada e réplicas de animais. Perto, entre recantos do jardim, encontra-se uma mesa de granito onde almoçou o Príncipe Real D. Luís Filipe e Mouzinho de Albuquerque.

Junto ao terreiro frontal à casa encontra-se um cruzeiro do séc. XVII proveniente do largo da Igreja Matriz de Penafiel e uma fonte central, do escultor João da Silva (1880-1960) conhecida como a Fonte das Quatro Irmãs. Mais fontes se encontram no jardim, nomeadamente uma em homenagem a Nossa Senhora da Vandoma, cópia de uma existente no Mosteiro de Tibães, e estruturas como gaiolas de pássaros por entre a vegetação. Em todo o jardim a água é uma presença constante entre a luxuriante vegetação.

Inventário: Joaquim Gonçalves e Teresa Andresen – maio de 2019.