Quinta do General

Quinta murada na entrada de Borba, no património da família Mello e Castro há mais de quatrocentos anos atravessada pela ribeira de Borba que esteve na origem de um complexo sistema hidráulico que serviu esta quinta.

A quinta foi construída no século XVII por Pedro de Mello de Castro, natural de Vila Viçosa, fidalgo da Casa do Duque de Bragança que combateu na Batalha de Alcácer Quibir. Inicialmente conhecida como Quinta do Mosteiro, pensa-se que esta possa ter sido a “Villa” Romana da Cerca. Aqui nasceu o general D. Dinis de Mello de Castro (1624-1709), herói da Guerra da Restauração que recebeu o título de Conde das Galveias. No património da família há mais de quatrocentos anos, no início do século XX recebeu uma intervenção do Arquiteto Raul Lino.

Acede-se a partir da Avenida D. Dinis de Melo e Castro por um portal sobre a rua que dá para pequeno pátio envolvido pela casa. Uma passagem dá acesso direto do pátio ao jardim. A fachada nascente da casa é virada para o jardim, tendo uma longa varanda gradeada ao nível do 1º andar. Desta varanda colhe-se uma vista singular do jardim de buxo junto ao muro com três janelas gradeadas e painéis de azulejos, tendo ao fundo uma pequena capela e fonte de pedra com duas taças maneiristas e tanque octogonal, no eixo central do desenho quadripartido que culmina em pequena e simples capela, de frontão triangular e pilastras nos cunhais. À esquerda deste jardim, encostada à casa encontra-se a fonte de São José revestida a azulejo seguindo-se um terreiro e um grande tanque comprido com com fonte de pedra de mármore e azulejaria joanina debaixo de um conjunto de castanheiros da Índia. Junto encontra-se os painéis de azulejos azuis e brancos da primeira metade do séc. 18, vindos do Palácio das Galveias, em Lisboa, antiga residência de campo dos Távora, que António de Mello e Castro comprou ficando na família durante a quase totalidade do século XIX (este palácio hoje é biblioteca e museu municipal de Lisboa tendo a vasta quinta dado lugar no princípio do século XX aos novos bairros da cidade). Junto ao grande tanque encontra-se um outro jardim de buxo com fonte em mármore ao centro. Um muro alto com janelas e namoradeiras, com caminho pelo interior já na parte arborizada, remata este terreiro com jardins de buxo, tanque e fontes tendo na extremidade sul a pequena capela que tem adossado à fachada lateral um altar. Aqui D. Dinis de Mello e Castro promovia missas campais celebradas para as suas tropas.

Para lá deste ponto acede-se a um imenso espaço arborizado organizado segundo dois eixos ortogonais. A partir da capela para nascente, uma larga avenida com notáveis plátanos e castanheiros da Ìndia e que se cruza, sensivelmente a meio, com um outro arruamento que se inicia com uma fonte a sul, está pontuado com lódãos e nos conduz a uma travessia sobre a ribeira ao longo da qual, por sua vez, existe um caminho que leva a um portal junto ao muro alto, ladeado por bancos e alegretes com azulejos. Os canteiros estão definidos por buxos, dentro subsistem árvore de fruto, mas o ensombramento é assinalável consequência de um valioso património arbóreo que padece de alguma excessiva proximidade das árvores e de uma forte presença de loureiros. Hoje a ausência de água na ribeira põe em causa o funcionamento do sistema hidráulico.

Monumento de Interesse Público / ZEP, Portaria n.º 740-DT/2012, DR, 2.ª série, n.º 248 de 24 dezembro 2012

Inventário: Teresa Andresen - janeiro 2019