Rossio de Estremoz

Alentejo | Estremoz

Rossio de Estremoz

Estremoz, cidade de mármore, foi concebida como uma praça militar, localizada a meia distância entre Évora e Elvas, ponto de encontro de diversas estradas nacionais. A cidade desenvolveu-se no interior das suas muralhas construídas durante os séculos XVII a XIX, ficando o castelo com a sua alcáçova, na cidade alta. O rossio encontra-se na parte baixa e é um verdadeiro centro cívico que no seu entorno congrega um conjunto de estruturas de génese religiosa, que hoje integraram outras funções de serviço público.

Todas as cidades antigas têm estes espaços, junto das portas das muralhas, fazendo a transição entre o campo e a cidade, funcionando como lugares de congregação de pessoas, espaço de feira, espaço de festa sagrada e profana, mais ou menos arborizados. A sul o vocábulo mais usado é ‘rossio’ e a norte é ‘campo’. Campos ou rossios constituem espaços públicos comunitários de recreio e de memória. Apesar do tempo e da pressão urbanística, mais ou menos adulterados, chegaram aos nossos dias sendo que muitos deles evoluíram para jardins públicos. Originalmente eram terreiros, mas - com o andar dos tempos - foram sendo pavimentados. Associados a estes espaços temos sempre pontos de água: tanques, fontes para abastecer as bilhas ou para dar de beber aos animais assim como cruzeiros, memórias de lugar da forca a que se acrescentaram outros monumentos comemorativos como aos mortos da guerra e estátuas e bustos das figuras da terra. Por vezes, encontra-se algum património arbóreo como certas árvores monumentais ou alinhamentos de árvores. No Alentejo não há povoação – grande ou pequena – sem rossio, hoje muitas das vezes transformados em parques de estacionamento. Mas, quando chega a hora da festa ... eles lá estão.

O Rossio de Estremoz foi identificado no contexto das rotas dos jardins históricos de Portugal como a síntese e o exemplo mais emblemático ocupando um lugar singular no imaginário alentejano. Ele impressiona pela sua dimensão, pela sua estrutura e pelo seu entorno edificado pois é um verdadeiro centro cívico. O seu aspeto já foi bem diferente do que tem hoje quando era um amplo terreiro ordenado por alamedas de árvores e serviria, para além das funções que hoje mantem, de espaço de parada militar. O espaço de maior atividade encontra-se a sul estando equipado com um coreto, um café e ornamentado com alinhamentos de jacarandá, e é o espaço da feira semanal. No restante entorno do recinto prevalecem as laranjeiras. O centro do rossio está empedrado e é usado habitualmente como parque de estacionamento porem, quando chega a hora das festas da Exaltação da Santa Cruz nos finais de agosto, o cenário muda significativamente assim como noutras ocasiões.

O Rossio de Estremoz está envolto por um património arquitetónico e histórico de grande valor, como a Igreja de São Francisco, o Convento dos Congregados, o Convento das Maltezas, o Café Águias d’ Ouro ou o Lago do Gadanha. Aqui realiza-se semanalmente uma feira, aos sábados de manhã, com mercado de produtos locais agrícolas e artesanato e uma feira de antiguidades que atrai muitos de visitantes a Estremoz. Tudo se passa do lado sul, sob alinhamentos de jacarandás, junto ao convento dos Congregados de Estremoz (ou de N. Senhora da Conceição) com a fachada da igreja toda em mármore rosa apenas concluída em 1967! A sua construção iniciou-se no século XVI destinando-se inicialmente a ser palácio até que, em 1698, se converteu em Convento da Congregação do Oratório de S. Felipe Nery. Com a extinção das Ordens Religiosas, o convento cedeu as suas instalações à Câmara Municipal e, mais tarde, à Biblioteca Municipal e ao Museu de Arte Sacra. A igreja acabou por ser cedida à paróquia de Santo André e foi inaugurada em 1995. Ao lado da igreja encontram-se várias lojas, entre elas, a pastelaria Formosa de célebres doces.

O Convento das Maltezas encontra-se no lado poente do Rossio. É propriedade da Misericórdia de Estremoz e, nas dependências do claustro, funcionam o Pólo de Estremoz da Universidade de Évora e o Centro de Ciência Viva de Estremoz. É conhecido por Convento das Maltezas por ter servido de clausura de freiras da Ordem de Malta a partir do século XVI mas o seu nome é de Convento de São João da Penitência. O seu claustro merece a visita com as suas arcadas, os canteiros de buxo e ainda a discreta fonte central. O Convento de São Francisco de Estremoz encontra-se a norte, era masculino e pertencia à Ordem dos Frades Menores. Foi fundado em 1239, sobre a ermida de São Bento do Mato. No interior mantem a sua estrutura românico-tardia/gótica mas foi sendo alvo de profundas alterações, nomeadamente no século XVIII de que a sua fachada é testemunho. Com a extinção das ordens religiosas em 1834, os bens foram incorporados na Fazenda Nacional e hoje é o Quartel Militar dos Dragões de Olivença. Em frente da Igreja de São Francisco está um monumento aos Combatentes da Grande Guerra Mundial e, à sua direita, encontra-se a distinta casa Reynolds construída entre 1905 e 1906 por Roberto Reynolds e adquirida na década de 1950 para a instalação da Casa de Oficias do Regimento de Cavalaria 3. Logo em frente, encontra-se o Jardim Público construído a expensas do Eng. José Rodrigues Tocha (1850-1923), todo murado e com grade, com os seus canteiros e um interessante conjunto arbóreo para um espaço pequeno (jacarandás, pimenteiras, cedros, teixos, plátanos, freixos, alfarrobeira, grevilea eucaliptos...). Junto encontra-se ainda o impressivo Tanque do Gadanha mandado construir pelo Senado de Estremoz em finais do século XVII aproveitando uma nascente existente no rossio. Com cerca de 40 metros de largura, sendo quadrado, tem ao meio a estátua do ‘Gadanha’, originária do Convento dos Congregados, e para aqui transposta em meados do século XIX, sendo que originalmente representava Saturno mas venceu o nome, desde então, dado pela população. Na proximidade encontra-se ainda a Fonte das Bicas, provavelmente construída no século XVI, com uma taça adornada por oito gárgulas com cabeça de leão que deitam água para um tanque octogonal. No lado nascente do rossio de Estremoz há a registar o emblemático Café Restaurante Águias d’Ouro, com a sua singular fachada de diferentes janelas, construído entre 1908 e 1909.

Inventário: Teresa Andresen - janeiro 2019

inserido na ROTA DO ALENTEJO

Rossio de Estremoz

(consultada em novembro de 2019)
http://www.cm-estremoz.pt
http://www.cm-estremoz.pt/pagina/turismo/convento-de-nossa-senhora-da-conceicao-congregados

Rossio Marquês de Pombal s/n