Quinta Dona Maria
Alentejo | Estremoz
Quinta Dona Maria
Situada a cerca de 1km da cidade de Estremoz, acede-se a esta quinta por um portal de entrada, com duas estátuas laterais em mármore que simbolizam a Abundância e Magnanimidade ou a Fortaleza e a Justiça. O portal encontra-se enquadrado por quatro janelas no muro e abre para um imenso terreiro, ficando a casa e a capela do lado esquerdo. O início da construção da casa data de 1718 por Garcia Pestana de Brito e foi concluído em 1756 por Diogo Pestana de Brito Casco de Mesquita. Segundo se conta, a quinta foi adquirida no tempo de D. João V para oferecer a uma cortesã de nome D. Maria e daí o nome da quinta. No entanto, é também conhecida como Quinta do Carmo por a capela, datada de 1752, ter sido dedicada a Nossa Senhora do Carmo. Passou como herança aos Cotas Falcão e foi vendida à família Reynolds, que a aforou durante 90 anos ao Eng. José Rodrigues Tocha (1850-1923). John Reynolds, tornou-se seu proprietário por casamento com Isabel de Andrade Bastos de quem descende o atual proprietário, Júlio Bastos, que desde há vários anos tem-se vindo a dedicar à plantação da vinha e à produção de vinhos. John Reynolds, no século XIX, importou de França a casta Alicante Bouschet, uma marca de distinção dos vinhos Júlio Bastos, inicialmente introduzida na Herdade do Mouchão em Portalegre.
O pátio, na parte junto à entrada, mantem-se como um terreiro. Contíguo ao terreiro, do lado nascente e fronteiro à casa, existe um imenso relvado ao centro quadripartido, tendo a casa e a capela à esquerda e em frente as construções agrícolas, nomeadamente a adega totalmente renovada por Júlio Bastos, onde os antigos lagares de mármore estão integrados num ambiente enológico de grande modernidade. No lado oposto ao portal da entrada, encontra-se um novo portal, em mármore, integrado num muro com seis janelas com namoradeiras do lado interior, que abre para o horto da quinta que é todo murado. Junto aos muros encontram-se pequenos canteiros, loureiros, limoeiros e remadas com vinha. O horto foi contruído na primeira metade do século XVIII e está organizado segundo dois eixos principais ortogonais onde se inscrevem sucessivos canteiros e um corte de ténis. Os canteiros constituem oito talhões que se destinam à produção de hortícolas, flores e árvores de fruta, nomeadamente citrinos. Existem outros caminhos nomeadamente um próximo do portal onde até há pouco anos se destacava um emblemático alinhamento de palmeiras, infelizmente dizimado pelo escaravelho vermelho. O eixo principal inicia-se no portal e conduz-nos ao Tanque de Neptuno, com a estátua de Neptuno em mármore branco ao centro suportada por oito monstros marinhos que funcionam como bicas. Num nível superior a que se acede por escadas, encostada ao muro, encontra-se uma pequena casa de fresco. À direita do tanque encontra-se a casa da nora de grandes dimensões e encimada por um terraço. À esquerda encontra-se um depósito de água. O outro eixo remata a sul num pequeno lago com uma cascata com tritões e golfinhos e uma estátua central de um "putto". No ponto de encontro dos dois eixos encontra-se um caramanchão coberto a jasmim, com um pequeno tanque ao centro e quatro bancos.
O sistema de rega embora já não seja alimentado a partir do Tanque de Neptuno, mantem-se em funcionamento distribuindo água pelos canteiros. No interior do horto encontram-se diversas árvores, par além das fruteiras, como freixos, sobreiros, e ciprestes e diferentes alinhamentos arbustivos de buxo, alecrim, spireas. O pátio, as construções agrícolas e o horto são rodeados extramuros por vinhas e olivais e sente-se já a pressão urbana de Estremoz.
Inventário: Teresa Andresen - janeiro de 2019
inserido na ROTA DO ALENTEJO
Quinta Dona Maria
(consultada em maio de 2019)
CARAPINHA, Aurora da Conceição Parreira, Da essência do jardim português. Évora : Universidade de Évora, 1995. Vol. I e Vol. II.
CARITA, Hélder, HOMEM CARDOSO, António, Tratado da Grandeza dos Jardins em Portugal ou da originalidade e desaires desta arte, Círculo de Leitores,1990;
CASTEL-BRANCO, Cristina, Jardins Com História, Poesia Atrás dos Muros, Edições INAPA, Lisboa, 2002; pp. 140-142;
ESPANCA, Túlio, Inventário Artístico de Portugal, Tomo 8, Lisboa, 1975, p. 63;
GUIA de Portugal: Estremadura, Alentejo e Algarve. II - [S.l.] : Biblioteca Nacional de Lisboa, 1927. Vol. 2. pp. 80 e 81;
LEVANTAMENTO E AVALIAÇÃO de Jardins Históricos para Turismo. Lisboa: Centro de Ecologia Aplicada Baeta Neves, Instituto Superior de Agronomia, Abril de 1998. Vol. II.
http://www.monumentos.gov.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=1234
http://donamaria.pt/