Jardim Público de Évora

O Jardim Público de Évora encontra-se junto às muralhas da cidade, a sul, adjacente ao Rossio de São Brás, inserido na estrutura do Baluarte do Príncipe e do Baluarte do Conde de Lippe, entre a Porta do Rossio e a Porta do Raimundo, e apresenta três portões de entrada principais: um a norte com acesso pela Praça 1º de Maio/ Praça do Mercado / Largo de São Francisco, outra a nascente com acesso pela Rua da República, em frente ao Palácio Barahona junto à qual foi plantada a Oliveira da Paz em 1919 a assinalar o fim da primeira guerra mundial, e ainda outra, a poente, com acesso pela rua do Raimundo que acede diretamente à chamada Mata. Sensivelmente a meio do jardim, duas escadas conduzem ao parque infantil Almeida Margiochi que se encontra no nível inferior da muralha. O jardim abre os seus portões todas as manhãs, às 8 horas e tem horário de encerramento variável ao longo do ano.

O jardim foi construído entre os anos de 1863 e 1867, sob a direção do arquiteto e cenógrafo José Cinatti (1808-1879), onde em tempos existiu a horta real do paço real e do convento de São Francisco. O jardim desenvolve-se longitudinalmente de nascente para poente, acompanhado a muralha da cidade. Considera-se dividido em duas partes contíguas. A nascente – o Jardim Público - atravessado sensivelmente ao meio por um caminho ladeado por bancos, com canteiros bordejados de relva de ambos os lados onde se inscreve uma rede secundária de caminhos, encontrando-se dois lagos e o coreto em ferro inaugurado em 1888. Junto à entrada norte, encontra-se um quiosque e uma esplanada junto a um dos lagos. Logo à entada, à esquerda, está uma estátua de Vasco da Gama, oferecida pela província de Natal da África do Sul para comemorar o 500º aniversário do navegador nascido em 1469 que descobriu aquela província. Existem ainda outras esculturas como o busto da escritora Florbela Espanca, dois bustos de carácter alegórico representado a juventude e a velhice, e, a rematar o eixo principal do jardim, junto à muralha – ao baluarte do Conde de Lippe com as suas distintas guaritas - encontra-se o busto de Cinatti feito em 1884, da autoria do escultor Simões de Almeida (Tio).

À direita desta entrada encontra-se o que resta dos paços de D. Manuel, a chamada Galeria das Damas, monumento nacional, sendo o que resta do complexo palatino da família real portuguesa construído sobre o convento e cerca do convento de São Francisco. Uma extensa varanda unia a galeria ao paço de São Francisco. São de notar, os cinco arcos em ferradura do alpendre na fachada sul. Fundado por D. Duarte, foi ampliado por D. Manuel. Aqui reuniram as cortes de 1535 e foi também muito utilizado por D. João III. A galeria sofreu profundas alterações quer no século XIX quer no século passado sendo propriedade do município de Évora que lhe tem dado um destino cultural.

Partindo do busto de Cinatti, vai-se ao encontro das Ruínas Fingidas, uma construção cenográfica projetada no ano de 1865 por Cinatti que utilizou materiais provenientes das demolições, e suportadas numa torre da chamada Cerca Nova. A partir daqui inicia-se a segunda parte do jardim, a chamada Mata, com zona de merenda, e que se prolonga até ao portão do Raimundo. O património arbóreo é particularmente diverso, tendo caraterísticas diferentes em cada uma das duas partes de jardim. É de referir a presença de pimenteiras, jacarandás, plátanos, freixos, oliveiras, alfarrobeiras, grevilea e eucaliptos, os taxódios junto ao lago, associado á presença de um estrato arbustivo menos diversificado onde predominam ligustros, buxos, loureiros, laranjeiras do México e gilbardeiras.

Monumento Nacional, Decreto de 16-06-1910, DG n.º 136 de 23 junho 1910 (Paços de D. Manuel). Portaria, DG, 2.ª série, n.º 12 de 15 janeiro 1955 (ZEP Paços de D. Manuel)

Inventário: Teresa Andresen - janeiro 2019

inserido na ROTA DO ALENTEJO