Horto do Paço das Alcáçovas
Alentejo | Viana do Castelo
Horto do Paço das Alcáçovas
O "Paço dos Henriques", propriedade do Estado Português e classificado Imóvel de Interesse Público em 1993, pertenceu aos últimos donatários da vila de Alcáçovas. Segundo a tradição e a crença local, este espaço terá correspondido a um antigo Paço Real, mandado edificar por D. Dinis, no qual terá sido celebrado o Tratado de Alcáçovas-Toledo, em 1479, pelos enviados dos monarcas D. Afonso V de Portugal e D. Fernando de Castela. Por estes motivos, este edifício assume um valor simbólico não só em Alcáçovas como também para a História de Portugal e do Mundo.
Trata-se de um complexo arquitetónico composto por dois espaços diferenciados, separados por um eixo viário pré-existente (Rua do Paço). A poente, a casa de habitação, com três pisos, pátio interior, celeiro e pátio exterior murado, que, na sua configuração atual, resulta de uma campanha de obras levada a cabo pela Familia dos Henriques durante o século XVII, com ampliações e alterações decorridas entre os finais do século XVIII e o século XIX. Aproveita, no entanto, espaços com cronologia construtiva anterior, situável entre os séculos XIV e XVI. As ampliações seiscentistas foram feitas à custa da aquisição de várias casas existentes junto aos alçados do corpo primitivo do edifício, anexando-se os espaços à volta, o que justifica a sua organização espácio-funcional complexa e irregular.
A Capela de Nossa Senhora da Conceição (primitivamente de São Jerónimo) e o Horto murado, localmente designado por "Jardim das Conchinhas", a nascente, remanescem conforme a sua realização arquitetónica e artística primevas, datável das primeiras décadas do século XVII. A destacar, o sistema hidráulico que garantia a presença contínua da água e o recurso significativo à arte dos embrechados no revestimento arquitetural, tão em voga em Portugal ao tempo da sua construção. O "Paço dos Henriques" foi cedido, em 2011, ao Município de Viana do Alentejo, mediante auto de cedência e de aceitação assinado com a Direcção-Geral do Tesouro e Finanças. Entre 2014 e 2015, este conjunto arquitectónico e paisagístico foi alvo de um projeto de recuperação promovido por esta autarquia, com o apoio técnico da Direção Regional de Cultura do Alentejo e cofinanciamento do InAlentejo (2013/' 15), com vista ao acolhimento de diversas valências.
Para além de um Posto de Turismo / Receção ao visitante e de áreas destinadas a serviços educativos e a exposições temporárias, o edifício acolhe o PAGUS - Organização para a salvaguarda da paisagem e do património cultural imaterial euro-mediterrânico e para a promoção do turismo sustentável.
O PAGUS resulta de um protocolo entre a Câmara Municipal de Viana do Alentejo e a Turismo do Alentejo - Entidade Regional de Turismo para a constituição de um projeto inovador, à escala internacional, que associa a salvaguarda da paisagem e do património cultural imaterial à promoção de um turismo ético e sustentável. Integra um centro de documentação especializado e uma exposição permanente sobre o Fabrico de Chocalhos e Moldagem de Esquilas, a Pastorícia, o Património Genético e a Paisagem Sonora.
O "Jardim das Conchinhas" dá o mote para o desenvolvimento de um projeto internacional sobre a Água.
Entre as atribuições do PAGUS encontra-se a implementação do Plano de Salvaguarda dc Fabrico de Chocalhos, manifestação inscrita pela UNESCO, a 1 de Dezembro de 2015, na Lista do património cultural imaterial com necessidade de salvaguarda urgente.
Imóvel de Interesse Público, Decreto n.º 45/93, DR, 1.ª série-B, n.º 280, de 30 novembro 1993
Inventário: Teresa Andresen - janeiro 2019
inserido na ROTA DO ALENTEJO
Horto do Paço das Alcáçovas
(consultada em maio de 2019)
http://www.monumentos.gov.pt/site/app_pagesuser/SIPA.aspx?id=2776
http://www.monumentos.gov.pt/site/app_pagesuser/SIPA.aspx?id=2861