Villa Romana de Torre de Palma
Alentejo | Monforte
Villa Romana de Torre de Palma
Torre de Palma corresponde a uma vasta herdade em Monforte, concelho com sinais muito antigos de presença humana. A herdade da Torre da Palma espelha precisamente esta condição embora atualmente esteja distribuída por vários proprietários. Na estrada de Monforte para Alter do Chão, a meia distância entre Monforte e Vaiamonte, na EM 369, à esquerda encontra-se o caminho de acesso a Torre de Palma. Aqui existem dois locais distintos, a escassas centenas de metros, mas que, no entanto, se complementam para a interpretação da herdade: o Sítio Arqueológico de Torre de Palma e o Torre de Palma Wine Hotel.
O Sítio Arqueológico de Torre de Palma apresenta as ruínas de uma villa rustica onde terá vivido uma poderosa família romana, os Basílii, talvez desde o século II até ao século IV da nossa era explorando um vasto latifúndio que incluía um enorme complexo de construções agrícolas que incluía lagares e celeiros. Este era também um local de lazer e de vilegiatura dos seus proprietários. A villa desenvolve-se em torno de um vasto pátio interior, de forma trapezoidal. A parte residencial estava organizada em torno de um peristylium, pátio quadrangular com um alpendre assente em colunas que tinha um tanque ao meio, o impluvium, e era pavimentado com mosaicos diversos. Um pouco a oeste da villa, localizavam-se as termas. A norte encontram-se as ruínas da basílica paleocristã, provavelmente datada do século IV, com três naves de sete tramas e ábsides contrapostas e com um batisférico em forma de cruz. A descoberta da villa romana aconteceu casualmente em 1947, quando se lavrava o campo e apareceu um capitel em mármore sendo proprietário Mariano da Costa Pinto. A villa foi alvo de várias campanhas arqueológicas desde então e atualmente dispõe de um Centro de Acolhimento e Interpretação.
A ocupação da herdade prolongou-se muito para além do período romano podendo mesmo ter havido aqui um pequeno povoado rodeado de olivais e searas. Torre de Palma é referida documentalmente pela primeira vez em 1338, através de uma doação de D. Afonso IV a seu irmão Pedro Afonso, filho bastardo de D. Dinis. Posteriormente D. João I, em 1431, coutou Torre de Palma a Fernão Vasques de Sequeira. D. Manuel I, em 1496, concedeu carta de coutada a D. Izabel de Monroy. Filipe III confirmou a concessão da Carta de Couto e privilégios a Lopo Vaz de Sequeira e, por sua vez, D. João V em 1722 concedeu a mercê de Torre de Palma a Diogo de Mendonça Corte Real. D. João VI, através de alvará, confirmou a posse a D. Maria Francisca de Mendonça Corte Real. Em 1863, a propriedade foi comprada por Jacinto da Silva Falcão que a arrenda durante 80 anos à família Costa Pinto ate 1973. Com a revolução de 1974, Torre de Palma tornou-se uma unidade coletiva de produção do Alentejo levando mais tarde a um litígio judicial que culmina em 2007 após o que parte da propriedade foi comprada por Ana Isabel Rebelo e Paulo Barradas Rebelo em bastante mau estado de conservação. Em 2014 inauguraram o hotel, da autoria do arquiteto João Mendes Ribeiro.
O Torre de Palma Wine Hotel inscreve-se numa área retangular murada, sendo o muro sul acompanhado por um caminho ladeado de eucaliptos de grande porte. A entrada faz-se pelo lado poente, ladeada por dois edifícios novos e antecedida por um tanque recentemente introduzido, e dá para o pátio. Em frente à entrada, encontra-se a torre da casa / hotel e a receção do hotel. À esquerda, encontram-se as instalações vinícolas e a capela tendo ao lado uma fonte. À direita da entrada, antigas casas destinada a trabalhadores da herdade, deram hoje lugar a quartos de hotel. Atrás da torre novo pátio, rodeado de edifícios hoje ao serviço do hotel e a nascente destes foi introduzida uma horta, estacionamento automóvel, pomar e depois começam as vinhas sendo que o enoturismo é central à atividade do hotel. Um aqueduto em alvenaria atravessa esta área para abastecer diferentes pontos na propriedade embora atualmente a água do hotel seja obtida a partir de um furo artesiano. Outra das atividades aqui em curso está relacionada com os cavalos, que ocupa o extremo poente, depois da piscina.
Monumento Nacional, Decreto n.º 251/70, DG, 1.ª série, n.º 129 de 03 junho 1970 (Villa Romana)
Inventário: Teresa Andresen - janeiro 2019
inserido na ROTA DO ALENTEJO
Villa Romana de Torre de Palma
(consultada em maio de 2019)
LEVANTAMENTO E AVALIAÇÃO de Jardins Históricos para Turismo. Lisboa: Centro de Ecologia Aplicada Baeta Neves, Instituto Superior de Agronomia. Abril de 1998. Vol. II.
http://anafre.pt/web/vaiamonte/origem-e-historia
http://www.cm-monforte.pt/index.php/pt/cultura/nucleos-historicos
http://www.cultura-alentejo.pt
http://www.monumentos.gov.pt/site/app_pagesuser/Sio PA.aspx?id=28646 http://www.monumentos.gov.pt/site/app_pagesuser/SIPA.aspx?id=1853
https://www.torredepalma.com/xms/files/Torre_de_Palma/Torre_Palma_Historia_PT.pdf