Quinta da Broa

Lisboa | Golegã

Quinta da Broa

A Quinta da Brôa tem origem na Quinta do Almonda, propriedade dos Condes da Ribeira Grande. Localiza-se na freguesia da Azinhaga, na Golegã, tendo parte da sua área na Reserva Natural do Paúl do Boquilobo e é atravessada pelo rio Almonda, um pequeno afluente da margem esquerda do rio Tejo.

A Quinta da Broa em 1829 foi arrendada por Rafael José da Cunha (1792-1868), que a adquiriu dois anos mais tarde, ao 8º Conde da Ribeira Grande e 1º Marquês da Ribeira Grande nascido no Brasil para onde seus pais se tinham deslocado com a família real portuguesa. Os Condes da Ribeira Grande eram descendentes de João Gonçalves Zarco, o navegador português que em 1418 descobriu a ilha de Porto Santo. Os seus descendentes foram donatários da ilha de São Miguel nos Açores. O título de Conde da Ribeira Grande foi atribuído pela primeira vez, em 1662, a D. Manuel Luiz Baltasar da Câmara, uma mercê de D. Afonso VI, e 8º Capitão Donatário de São Miguel. Vieram para Lisboa em 1752 e partiram com a família real para o Brasil.

Rafael José da Cunha, considerado “príncipe dos lavradores de Portugal”, radicou-se na Golegã em 1817, quando tinha 25 anos e já tinha viajado na Europa a contactar com a modernização da agricultura. Decidiu ser agricultor nas terras férteis do Tejo e aqui construiu um notável património que incluiu a Quinta dos Àlamos, a Quinta da Gameira e ainda a Quinta do Castilho. Foi na Quina do Almonda que instalou o centro da sua Casa Agrícola. A prosperidade da quinta foi tal que os pobres da região passavam por lá a pedir esmola e Rafael da Cunha dava-lhes broa, e daí o nome que a quinta hoje tem. Nas suas quintas produzia cereais, vinho e azeite, e foi criador de gado bravo e cavalos revolucionando a agricultura no vale do Tejo. Em 1817 deu início à sua coudelaria a qual é percursora do famoso puro-sangue lusitano, linhagem com quase 200 anos de existência, o ex-libris do cavalo em Portugal e no Mundo. Em 1830 iniciou-se na a criação de gado bravo, tornando-se fornecedor de animais para espetáculos tauromáquicos e criando uma ganadaria própria estriando-se logo em 1837 em Lisboa e, em 1854, em Madrid. A Quinta da Broa foi visitada por D. Fernando e o seu filho, o futuro Rei D. Pedro V. Sem herdeiros diretos, Rafael da Cunha deixou os bens a sobrinhos e irmãos, cabendo a Quinta da Broa a António José Tavares Barreto, em regime de compropriedade com os seus quatro filhos, ficando depois na posse da filha Adelaide Augusta Tavares e de seu marido, Manuel Mendes da Veiga, sendo desde 1991 de Manuel Tavares Veiga que a herdou de suas tias.

Rafael José da Cunha construiu o palácio da Broa, inscrito no atual pátio imenso, cuja construção terminou em 1862, seis anos antes de morrer tendo sido sepultado na capela da casa. Era então denominado por o ‘palácio novo’, uma alusão ao espaço habitacional pré-existente, entretanto removido, e referido como ‘palácio velho’. Acede-se por um portão de ferro onde estão inscritas as iniciais RJC e a data de 1831. O portão abre para um terreiro de enormes dimensões, arborizado predominantemente por enormes plátanos, e rodeado por edifícios na sua grande maioria revestidos a hera. O palácio encontra-se à direita, com a sua varanda alpendrada no piso superior, virada a nascente e antecedido de um pequeno jardim, com painéis de azulejo, numa cota alta com vista para a paisagem envolvente. O terreiro dá acesso a vários pequenos terreiros. Os edifícios refletem bem a intensa atividade agrícola entre os quais se destaca a Casa dos Carros, com atrelagens, arreios e troféus vários, o picadeiro, a cavalariça e diversos armazéns e telheiros de máquinas existindo ainda um pequeno jardim com flores de estação.

O terreiro envolto em edifícios encontra-se numa cota mais elevada em relação aos campos do Almonda e está como que inscrito num retângulo maior murado e sobranceiro aos campos do Almonda. A poente dos edifícios, existe um pequeno bosquete, entre um armazém e o picadeiro exterior, que como que divide o terreiro com os seus edifícios do espaço primitivo de pomares e hortas, hoje com outros usos, mas onde pontuam o aqueduto, a nora e tanques partes integrantes do sistema de rega de todo este espaço. Por sua vez, ao longo do muro norte existe um caminho sobre os campos, com a presença da galeria ripícola do Almonda bem marcada, um verdadeiro passeio-miradouro avistando-se manadas de cavalos e rebanhos de ovelhas e, com sorte, alguns bandos de aves.

Saindo o protão, encontra-se a Quinta da Piedade, tendo um antigo conjunto de casas de trabalhadores, hoje reabilitadas para turismo rural – as Casas da Piedade – em cujo centro se encontra a capela de Nossa Senhora da Piedade, com a inscrição da data de 1710, construída no mesmo lugar onde, até meados do século XIV, existiu uma igreja da Ordem de Cristo.

Em vias de classificação

Inventário: Teresa Andresen - outubro 2020

inserido na ROTA DO TEJO

Quinta da Broa

(Consultada em janeiro de 2020)
https://guiastecnicos.turismodeportugal.pt/pt/equestre/ver/Manuel-Tavares-Veiga-Herdeiros
http://museucarlosmachado.azores.gov.pt/marcopropriedadecondesribeiragrande
http://www.quintadabroa.com
https://www.cm-golega.pt/servicos-online/mapas-online/item/181-rafael-josé-da-cunha
https://www.facebook.com/notes/coudelaria-manuel-tavares-veiga/a-quinta-da-brôa-ontem-e-hoje/240214014731/

Lugar de Brôa, EN 365, Azinhaga