São Leonardo da Galafura

O santuário de São Leonardo da Galafura fica entre Vila Real e Peso da Régua, próximo dos lugares de Covelinhas e Gouvinhas e é um dos mais emblemáticos miradouros sobre o vale do Douro imortalizado pelo poeta Miguel Torga (1907-1995) e sobre o Alto Douro Vinhateiro património da humanidade. Aqui encontram-se vestígios de poços mineiros do tempo dos romanos.

O santuário é singelo, a 640 metros de altitude.  constituído essencialmente por uma capela cujo registo mais antigo data de 1758. A capela encontra-se numa extremidade de uma plataforma, envolta a norte por uma pequena mata de azinheiras, medronheiros, sobreiros, ciprestes, cedros, loureiros, folhados delimitada por muro de pedra seca. Imediatamente abaixo, nas encostas prevalece a vegetação rasteira tipo maquis mediterrânico após o que, mais abaixo, começam as vinhas. Na mata existem parques de merendas. A capela tem a data inscrita de 1924, correspondendo provavelmente ao ano de reconstrução. A festa anual decorre no penúltimo fim-de-semana de agosto.

A fachada posterior da capela é cega, virada para o rio, e vê-se uma imagem de São Leonardo e ainda um painel de azulejos com poema de Miguel Torga:

À proa dum navio de penedos,

A navegar num doce mar de mosto,

Capitão no seu posto

De comando,

S. Leonardo vai sulcando

As ondas

Da eternidade,

Sem pressa de chegar ao seu destino.

Ancorado e feliz no cais humano,

É num antecipado desengano

Que ruma em direcção ao cais divino.

Lá não terá socalcos

Nem vinhedos

Na menina dos olhos deslumbrados;

Doiros desaguados

Serão charcos de luz

Envelhecida;

Rasos, todos os montes

Deixarão prolongar os horizontes

Até onde se extinga a cor da vida.

Por isso, é devagar que se aproxima

Da bem-aventurança.

É lentamente que o rabelo avança

Debaixo dos seus pés de marinheiro.

E cada hora a mais que gasta no caminho

É um sorvo a mais de cheiro

A terra e a rosmaninho!

Inventário: Teresa Andresen - janeiro 2020

inserido na ROTA DO DOURO