Jardim Botânico de Lisboa
Lisboa | Lisboa
Jardim Botânico de Lisboa
O Jardim Botânico de Lisboa está implantado na sétima colina de Lisboa, no antigo Alto da Cotovia, sobre uma encosta muito inclinada virada a Norte e Nascente. Ali se plantou no séc. XIX uma grande coleção de espécies exóticas que, graças ao clima ameno de Lisboa, podem viver ao ar livre, com exemplares desde as regiões temperadas até às subtropicais.
Em 1852 foi decidido a criação de um jardim para os estudantes da Escola Politécnica respondendo à necessidade de transformação da cerca do colégio de jesuítas em jardim para estudo com vantagem para o ensino. O jardim ocupou a Quinta do Monte Olivete, na Encosta norte do convento pertença da Companhia de Jesus, mas só em 1873 se implantou pela mão de Francisco de Mello Breyner (1837-1903), Conde de Ficalho, Professor de botânica, que chamou Edmond Goeze, chefe jardineiro do Jardim Botânico da Universidade de Coimbra. Estes dois homens foram os responsáveis pela plantação e pela transformação do terreno seco de olival em terra profunda e escura, armada em largos patamares e plantados das mais diversas espécies.
O jardim nasceu sob o signo da investigação botânica, do ensino do mundo vegetal, num século de coleções de plantas que aludiam romanticamente às suas longínquas regiões exóticas de origem. A sua coleção original atingiu o número de 10 900 plantas (Gomes, 1996 etal., Monumentos.pt), recebendo sementes e estacarias de vários coleções privadas e jardins botânicos em Portugal e na Europa.
Depois de Ficalho, foram diretores deste jardim Jules Daveau, Henri Cayeux, já em 1908, o português Luís José Fernandes, e depois da revolução de 1974 o Professor Fernando Catarino. Mantiveram sempre a preciosa coleção de palmeiras que chegou a 32 espécies em 2010, e as árvores de floração excecional atingiram a maturidade com portes notáveis, tirando partido das condições naturais do jardim. (CASTEL-BRANCO, C., 2014)
O jardim é parte integrante do Museu de História Natural, antiga Escola Politécnica e posteriormente Faculdade de Ciências. Talvez pelo isolamento do buliço da cidade, este jardim continua a ser um bom exemplo de refúgio e calma que um jardim consegue oferecer ao visitante. As palmeiras e árvores subtropicais, as trepadeiras raras e os arbustos de florações vibrantes foram obtidos e plantados por Ficalho e por Edmond Goeze a quem se deve também o traçado da escadaria que liga os patamares do jardim. A entrada faz-se por uma extensa alameda de Washingtonias, muito altas e esguias. No terraço de cima, que corresponde à área de «Classe», estão representadas as principais famílias de Dicotiledóneas dispostas em canteiros à volta de um lago central. Ainda neste terraço encontram-se as estufas, que substituíram as originais em 1966, o observatório astronómico, o borboletário e o posto meteorológico.
A área chamada de «Arboreto» foi projetada por Jules Daveau. Localiza-se numa área de grande declive e tem acesso a partir da escadaria de pedra. Na escada juntam-se dois cedros, um do Líbano outro dos Himalaias, e no separador da escadaria crescem densamente Estrelizias, Ophiopogon e Encephalartos e surge uma estátua do famoso médico e botânico Bernardino Gomes, com a peculiaridade do seu filho, com o mesmo nome, ter também uma estátua neste jardim. Descendo as escadas à direita há uma coleção de palmeiras com tabuletas. Para o lado esquerdo da escada, um dragoeiro e por trás, a florir quase todo o ano, uma parede coberta de Thumbergia grandiflora. Desce-se todo este caminho, bordejado de Livinstonia da Australia, Washingtonia da California, Phoenix das Canarias, Chamaerops Humilis (a única palmeira «nacional»), Kensias, Cycas do Japão, Dioons do Mexico, Encephalartos de África, a Zamia da América tropical, e ainda a Stangeria paradoxa do Natal. Ao fundo do jardim há uma saída que permite percurso direto até à Avenida da Liberdade (Castel-Branco, 2014). Na parte mais baixa do jardim, o lago romântico criado na ideia do Conde de Ficalho, de margens ondulantes e revestidas a pedra irregular, sem dúvida romântico “à l’une des extremités du lac un pont nous permet de voir des plantes aquatiques que le peuplent” (Palhinha, 1955).
O jardim é de facto especial e sobre isso Robert Chodat, proeminente botânico professor da Universidade de Genève, afirma “ este jardim (...) é uma das maravilhas do sul da Europa (...) os jardins da Provença, da Ligúria e mesmo de Málaga são umas “guarigues” ao lado desta vegetação subtropical exuberante (...) a quantidade de palmeiras, estas bananeiras, as coníferas e as cicadaceas formam um arboreto incomparável que todos deverão visitar” (Palhinha, 1947, p.16).
Classificado como MN - Monumento Nacional: Decreto n.º 18/2010, DR, 1.ª série, n.º 250, de 28-12-2010.
Texto de Inventário: Luísa Correia – 2015.
Adaptação: Guida Carvalho – 2019.
Revisão: Cristina Castel-Branco – 2020.
inserido na ROTA DA GRANDE LISBOA
Jardim Botânico de Lisboa
(Consultada em 2015 e dezembro de 2019)
CASTEL-BRANCO – Cristina. Jardins de Portugal. Lisboa: CTT Correios de Portugal, 2014. pp.170-173.
CORREIA, António Luis Belo; COSTA, Fátima – Jardim Botânico Palmeiras. Lisboa: Jardim Botânico, Museu Nacional de História Natural, Universidade de Lisboa, 2009.
GUIA de Portugal: Generalidades Lisboa e Arredeores I - Lisboa. [S.l.]: Fundação Calouste Gulbenkian, 1979. Vol. 1. p. 330-332.
PALHINHA, Ruy T. – As estufas do Jardim Botãnico de Lisboa: Cartas de Dr. Goeze ao conde Ficalho. Lisboa: Brotéria, serie de Ciências Naturais, vol. XXIV, 1955.
PALHINHA, Ruy – Jardin Botanique de lisbonne. Lisboa: Instituto Botânico da Faculdade de Ciências, 1947.
http://europeangardens.eu/inventories/pt/ead.html?id=PTIEJP_Lisboa&c=PTIEJP_Lisboa_J79&qid=sdx_q40
http://maisbotanico.blogspot.pt
http://www.monumentos.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=7006
http://www.patrimoniocultural.pt/pt/patrimonio/patrimonio-imovel/pesquisa-do-patrimonio/classificado-ou-em-vias-de-classificacao/geral/view/70142/