Parque do Monteiro-Mor (Museu do Traje)

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Parque do Monteiro-Mor (Museu do Traje)

O jardim do Monteiro-Mor faz parte de um conjunto de quintas de recreio dos arredores de Lisboa que foram integrados na cidade Situando-se no Lumiar, numa área de crescimento urbano a 6km do centro da cidade, a quinta manteve grande abundância de água em nascentes naturais. Hoje é o Paço do Lumiar, cortado por grandes vias, mas mantendo um caráter de pequena aldeia de ruas estreitas, largos e fachadas de palacetes.

O jardim envolve dois museus e desce pelas encostas de um vale encaixado, virado a nordeste. Encontra-se nas proximidades da Igreja São João Batista e da Quinta do Espie. (http://europeangardens.eu).

Desde a sua origem, o Parque Monteiro-Mor teve vários proprietários e nomes distintos, a este respeito Gabriel Pereira em 1905 escreveu o seguinte “ [...] D. Affonso III possui aqui uma casa de campo com sua quinta; esta propriedade pertenceu depois a D. Diniz. [...] A posse passou ao bastardo de D. Diniz, o infante D. Affonso Sanches, e então se chamou à casa de campo o Paço de Affonso Sanches. [...] os bens foram-lhe confiscados, e D. Affonso IV, o irmão, chamou-lhe o Paço do Lumiar. Mais tarde a propriedade deixou de pertencer à coroa, mas conservou sempre o nome de Paço do Lumiar” (Pereira, 1905).

No séc. XVIII, a propriedade foi adquirida pelo monteiro-mor do Reino, o Marquês de Angeja, que refaz o palácio e constrói o jardim enriquecendo-o com uma grande coleção de plantas de forma a fazer do seu jardim uma coleção botânica, para a sua criação, o marquês chama Vandelli. Corresponde esta parte do jardim ao período científico da botânica dos Jardins.

“Em 1840, a propriedade foi comprada pelo duque de Palmela, sendo o jardim alvo de uma extensa transformação do ponto de vista botânico e de traçado para se tornar num jardim paisagista, sob a orientação do horticultor Rosenfelde, o objetivo foi o de criar dentro do espírito naturalista da época. Em 1844, com a morte deste diretor, o cargo passa para Friedrich Welwitsch e datam dessa altura as cascatas, o lago dos cisnes, as grutas de embrechados e a delimitação dos canteiros com remates de pedra aparentemente não trabalhada.” (Figueiredo [et al], 2010).

Em 1953 o parque é descrito como “Um vastíssimo terreno em quebradas assombrado por arvoredo secular, e artisticamente aproveitado para o mais lindo efeito de paisagem; tanques de mármore, e lagos como naturais, espraiando-se a água sobre a relva sempre viçosa; mil repuxos saindo misteriosamente dentre maciços de verdura e flores, uma copiosa coleção de plantas exóticas e raras, ostentando em estufas, ou em pleno ar, a beleza de suas flores, ou a forma graciosa da folhagem […] jardins em terrados como suspensos, donde os olhos relanceiam quadros encantadores.”(Câncio, 1953), mas nos anos 60 do século XX, a família Palmela coloca-o à venda, passando por um período de abandono. Em 1975, “através do Decreto nº 538/75, de 27 de Setembro, foi autorizada a compra pelo Estado de um conjunto de imóveis denominados “Quinta do Monteiro-Mor”.

A entrada neste conjunto faz-se por um largo com muros altos, tosco e típico das quintas rurais, com um fontanário e um portão. A partir deste portão o ambiente muda. Recua-se ao século XVIII, no jardim ordenado pelo Marquês de Angeja, em que se reconhece desta época os terraços, as escadarias, as balaustradas de pedra e os grandes lagos geométricos que armazenam as águas vindas das minas. (http://europeangardens.eu).

O jardim é constituído por 4 patamares suportados por muros, outrora revestidos por trepadeiras de várias espécies. Entre o terceiro e o quarto patamar desenvolve-se todo o sistema hidráulico da propriedade, resultante do aproveitamento de uma linha de drenagem natural. A ligação entre os vários patamares é feita por escadas e rampas. (Figueiredo, etal., 2010).

De modo a que embora o sistema de rega seja presentemente automatizado, a água utilizada ainda é retirada da mina original, permitindo ao Parque reduzir o custo desse bem essencial ao seu funcionamento. (Figueiredo, etal., 2010).

O parque possui diversos elementos construídos, como o pombal (antiga estufa), a casa de fresco localizada no muro de suporte do terreiro em frente ao antigo palácio Monteiro-Mor, hoje museu do teatro, a nascente com embrechados, as caleiras, alguns tanques, o lago naturalizado e a cascata.

Existe ainda uma zona de hortas, um pomar e uma mata. A horta consiste em talhões cedidos pelo Parque a cidadãos interessados em cultivar os seus próprios produtos (Figueiredo, et.al., 2010). A mata estende-se por uma área considerável e é composta por bosquetes distintos. Junto ao tanque octogonal é ainda visível uma estrutura de mata reticulada com presença de algumas árvores de fruto, reminiscência do antigo pomar. Em frente ao atual museu do teatro, existe um jardim formal de buxo, com plantação de roseiras dentro dos talhões. Classificado como IIP - Imóvel de Interesse Público: Decreto n.º 95/78, DR, I Série, n.º 210, de 12-09-1978.

Inventário: Guida Carvalho – Novembro de 2019.

Revisão: Cristina Castel-Branco – 2019.

inserido na ROTA DA GRANDE LISBOA

Parque do Monteiro-Mor (Museu do Traje)

(Novembro de 2019)
CARITA, Hélder; CARDOSO, António Homem – Tratado da Grandeza dos Jardins em Portugal : ou da originalidade e desaires desta Arte. [S. l.]: Edição dos Autores, 1987. pp. 230, 199.
CÂNCIO, Francisco – Arquivo Alfacinha, volume I, Lisboa, 1953.
CASTEL-BRANCO, Cristina – Jardins de Portugal. Lisboa: CTT Correios de Portugal, 2014. pp. 176-179.
COSTA, Joana Ferreira Fournier - Parque Botânico do Monteiro-Mor, Lisboa: Contributo para o seu Plano de Gestão e de Manutenção. Lisboa: Instituto Superior de Agronomia da Universidade de Lisboa, 2015. Dissertação de Mestrado.
PEREIRA, Gabriel – De Benfica à Quinta do Correio-Mor, Lisboa, 1905
FIGUEIREDO, Ana; SILVA, Hugo; RIO, Tatiana – Quinta do Monteiro-Mor. Lisboa: [s.n.], 2010. Inédito – não publicado.
http://museudotraje.imc-ip.pt
http://europeangardens.eu/inventories/pt/ead.html?id=PTIEJP_Lisboa&c=PTIEJP_Lisboa_J67&qid=sdx_q40
http://www.monumentos.gov.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=3158
http://www.patrimoniocultural.pt/pt/patrimonio/patrimonio-imovel/pesquisa-do-patrimonio/classificado-ou-em-vias-de-classificacao/geral/view/74720

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