Jardim do Príncipe real
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Jardim do Príncipe real
O Jardim do Príncipe Real, localizado entre o Rato e a Avenida da Liberdade, ocupa uma linha de festo que foi em tempos conhecida como Alto da Cotovia, visível de toda a cidade. Daqui se desfrutava de todo o Tejo para Sul, e das colinas da Lisboa Medieval para Nascente, mas ao longo do século XIX, casas e palácios foram ocupando a periferia deste lugar, reduzindo-lhe as vistas.
Antes que esta praça fosse projetada entre 1851-1856, vários planos tomaram forma para este espaço sem nunca serem construídos (monumentos.pt). A atual praça partiu da iniciativa do Vereador Luís de Almeida e Albuquerque que pretendia a construção de uma praça ajardinada sobre a cisterna, à imagem das squares de Londres e Paris. O desenho foi encomendado ao jardineiro paisagista João Francisco da Silva que já colaborara com Bonnard no jardim da Estrela. A conclusão das obras dá-se em 1863, com a transformação deste lugar numa praça rica em canteiros de flores, árvores, 30 bancos — instalado em 1864 — e um lago no centro cujo repuxo central era muito alto pois vinha das cotas altas da Mãe de água das Amoreiras.
O jardim possui uma planta trapezoidal. É composto por canteiros recortados por caminhos e, no centro do jardim, o grande lago de planta octogonal, rodeado de gradeamento que oferece a surpresa do jardim pois vamos reencontrar por baixo dele, a mãe de água do aqueduto. Trata-se de uma cisterna octogonal em cujos arcos da abobada o lago se apoia. A cisterna foi projetada e construída entre 1856 e 1859 com o objetivo de receber as águas do aqueduto das Aguas livres e as distribuir pelas encostas próximas, uma importante obra de engenharia que visava o abastecimento de água à cidade. A cisterna pode-se visitar (aberta das 10 às 18h) e é uma surpresa de frescura e calma dentro do jardim. (Castel-Branco, 2013).
Cá fora no jardim a composição dos canteiros segue um plano de plantação normal de baixa manutenção. O estrato arbóreo, que cresce bem por todo o jardim, estrutura o espaço. Vamos encontrar um caramanchão em ferro onde assenta um Cupressus que lhe nasce do centro e foi sendo acompanhado e apoiado em ferros, para se tornar numa superfície horizontal densa e aromática atingindo 22m de diâmetro. Por baixo dele sentam-se durante horas os vizinhos para descansar, falar e jogar às cartas. Árvores exóticas como os Ficus de raízes imensas, uma Araucária columnaris que se vê de toda a cidade, jacarandás e uma Chorizia se entremeiam com árvores das regiões temperadas (Castel-Branco, 2014).
Aqui os heróis da nação também são celebrados. À esquerda do caramanchão fica o monumento ao célebre jornalista França Borges instalado em 1925. O monumento é da autoria do escultor Maximiano Alves e compõe-se de um medalhão de bronze com a efígie do jornalista e a figura da República e à direita uma figura feminina, simbolizando a República. Duas outras estátuas vieram decorar mais tarde o jardim, um busto de homenagem ao Dr. Sousa Viterbo em 1950 e uma escultura de Lagoa Henrique em memória do 1º centenário da morte de Antero de Quental em 1991.
Ao longo do jardim estão colocados várias áreas de estadia e equipamentos, como mesas de jogo, um parque infantil, uma esplanada, instalações sanitárias para animais e bebedouros. Existem também três quiosques para a venda de produtos alimentares, jornais, revistas, e flores. Por baixo desta sombra confortável, passeia-se, brinca-se e lê-se e ao sábado de manhã monta-se um mercado de fruta e verdura de origem biológica muito concorrido. <
Inclui Espécies Florestais Classificadas de Interesse Público, DR, 2.ª série, n.º 34 de 12 fevereiro 1940 (Cupressus lusitanica), DR, 2.ª série, n.º 90 de 19 abril 1947 (Araucaria columnaris), DR, 2.ª série de 19 janeiro 2000 (Chorizia speciosa) / Incluído na Zona de Proteção no Aqueduto das Águas Livres (v. IPA.00006811) e na Zona Especial de Proteção Conjunta dos imóveis classificados da Avenida da Liberdade e área envolvente.
Texto de Inventário: Cristina Castel-Branco – 2013.
Adaptação: Guida Carvalho – 2019.
Revisão: Cristina Castel-Branco – 2019.
inserido na ROTA DA GRANDE LISBOA
Jardim do Príncipe real
(Consultada em 2013 e Setembro de 2019)
CASTEL-BRANCO, Cristina. Jardins de Portugal. Lisboa: CTT Correios de Portugal, 2014. p.131.
CASTEL-BRANCO, Cristina. Lisbone en ses Jardins: Je jardin à la portugaise. In OLIVEIRA, Luisa Braz de Oliveira. Lisbonne: Historie, Promenades, Anthologie & dictionnaire. Paris: Éditions Robert Laffont, 2013. p. 411-430.
GUIA de Portugal: Generalidades Lisboa e Arredeores I - Lisboa [S.l.] : Fundação Calouste Gulbenkian, 1979. Vol. 1. p. 329.
http://europeangardens.eu/inventories/pt/ead.html?id=PTIEJP_Lisboa&c=PTIEJP_Lisboa_J68&qid=sdx_q5http://www.monumentos.gov.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=6998