Jardim da Torre de Belém

A Torre de Belém, construída entre 1514 e 1520 sob orientação de Francisco de Arruda, foi estrategicamente localizada na desembocadura do rio Tejo junto ao sopé da encosta do Restelo para defender a entrada do porto de Lisboa. “O monumento faz uma síntese entre a torre de menagem de tradição medieval e o baluarte, mais largo, com a sua casamata onde se dispunham os primeiros dispositivos aptos para resistir ao fogo de artilharia” (patrimoniocultural.gov.pt).

O Jardim, construído no século XX, foi projetado muito depois de a torre ter perdido as suas funções de defesa da barra do Tejo e os terrenos envolventes pertencentes à antiga «Fábrica do Gás de Belém» terem deixado a sua função industrial. O projeto, construído entre 1953 e 1958 e desenhado por António Viana Barreto, pretendia ser um enquadramento paisagístico para a Torre de Belém. De facto, a localização da torre e o seu aspeto simbólico são tão fortes que qualquer arranjo paisagístico em seu redor teria que a ela se submeter (Castel-Branco, 2013).

Viana Barreto trabalhou de forma a conjugar o seu projeto modernista com a obra de Ribeiro Telles na envolvente da Capela de São Jerónimo. A força do desenho de Viana Barreto reside numa simples linha curva que circunda a Torre, recuada e criando um anfiteatro de degraus largos que liga a terra ao rio Tejo. O desenho enfatiza o eixo visual em direção à terra, dirigindo o olhar para a capela de São Jerónimo e abre-o por outro lado ao rio. O processo natural do movimento das marés é aproveitado, numa subtil solução em que a água é retida à volta da base da Torre mesmo na maré baixa e a torre reflete-se neste espelho de água. Um simples relvado completa o desenho com grupos de pinheiros mansos à sua volta que abrem no espaço central do eixo (Castel-Branco, 2013).

Incluído na Zona Especial de Proteção da Torre de Belém (IPA.00004065) e na Zona Especial de Proteção do Palácio Nacional de Belém (v. IPA.00006547)

Texto de Inventário: Cristina Castel-Branco – 2013.

Adaptação: Guida Carvalho – 2019.

Revisão: Cristina Castel-Branco – 2019.

inserido na ROTA DA GRANDE LISBOA