Jardim da Ermida de S. Jerónimo do Restelo

Na colina mais alta do Restelo, na encosta orientada a Sul, foi construída por ordem de D. Manuel em 1500 uma capelinha, pertencente à cerca do Mosteiro dos Jerónimos. A motivação era o agradecimento pelo retorno bem-sucedido das caravelas da armada de Vasco da Gama da Índia. Da capela de S. Jerónimo se via o mar até ao infinito, e ainda mais por nela haver um terraço, funcionando quase como torre de vigia. Dali se rezava e se pedia para que as viagens terminassem bem e trouxessem os homens são e salvos de volta às suas famílias. Rapidamente se tornou em lugar sagrado no sentir dos portugueses.

A Capela de São Jerónimo é de estilo manuelino e foi decorada com motivos que lembram a história do mar e dos descobrimentos, representando cordas, cabos de navegação, a esfera armilar e a cruz de Cristo. Entre os anos de 1956 e 1959 Gonçalo Ribeiro Telles, dos primeiros paisagistas Portugueses, vai projetar um jardim modernista que protege a capela e envolve-a com vegetação da região, mas deixando bem ampla a vista para o oceano. Para sul abre-se também um eixo visual que liga à Torre de Belém, materializado na Avenida de Belém, à qual se acede por uma escadaria em pedra (Castel-Branco, 2013). O jardim desenvolve-se a partir do adro da capela, que constitui um miradouro, pelo sistema de vistas privilegiado que oferece sobre a Torre de Belém e a barra do Tejo. Em frente ao adro, virado para rio, situa-se um grande relvado de planta em U cerca de 1 m abaixo da cota do adro da capela e separado deste por pequeno muro de suporte em pedra. Dele parte o caminho que desce a encosta até à Rua de Alcolena e atravessa a mata implantada em patamares através de uma escadaria em pedra com vários lances.

Na mata destaca-se o uso de vegetação naturalizada com a predominância do olival (Olea europaea var. europaea) pontilhado com alguns exemplares de ciprestes (Cupressus sempervirens), cedros-do-Bussaco (Cupressus lusitanica), cedros-do-Líbano (Cedrus libani) e pinheiros manso (Pinus pinea) na vertente nascente e Quercus na vertente poente (monumentos.pt).

O eixo visual que tanto caracteriza este espaço e liga a Capela de S. Jerónimo à Torre de Belém torna-se ainda mais evidente a partir de maio e até ao verão, quando os Jacarandás (Jacaranda mimosifolia) da Avenida da Torre de Belém florescem e desenham na colina um traço lilás forte entre a capela, a Torre e o Rio.

Incluído na Zona Especial de Proteção da Capela de São Jerónimo (V. IPA.00004064).

Texto de Inventário: Cristina Castel-Branco –2013.

Adaptação: Guida Carvalho – 2019.

Revisão: Cristina Castel-Branco – 2020.

inserido na ROTA DA GRANDE LISBOA