Miradouro da Graça
Lisboa | Lisboa
Miradouro da Graça
O miradouro da Graça é um pequeno miradouro circundado de pinheiros e rematado pela igreja de fachada branca: a igreja de Nossa Senhora da Graça, com um adro pequeno que se agiganta com a vista que de lá se desfruta. O nome oficial do miradouro, Sophia de Mello Breyner, foi-lhe atribuído em 2009 em homenagem a uma das mais importantes poetisas portuguesas do século XX (Sophia de Mello Breyner Andresen 1919 — 2004)) por aí ter passado muito tempo a admirar Lisboa.
A construção do convento da Graça, ao qual o miradouro está intimamente ligado, ter-se-á iniciado em 1271, com celas para 50 monges, no então lugar de Almofala, hoje conhecido por freguesia da Graça. Em 1375 é construída a muralha Fernandina, que envolve o convento definindo para poente o espaço do adro da igreja que é hoje o miradouro. “O Mosteiro da Graça sofreu profundas obras ao longo dos séculos, desde a campanha promovida a partir de 1556 pelo vigário-geral frei Luís de Montóia (de que resta o claustro). Seguiu-se a ruína provocada pelo terramoto de 1755 e a reconstrução dirigida pelos arquitetos Caetano Tomás de Sousa e Manuel Caetano de Sousa, que lhe conferiu o atual carácter tardo-barroco, com planta cruciforme, nave de cinco tramos e altares de talha do final do Rococó” (patrimoniocultural.gov.pt).
Hoje em dia o miradouro vale a visita de manhã para gozar a luz forte a bater sobre a colina Poente de S. Pedro de Alcântara e admirar a vista sobre o Castelo de São Jorge. Daqui podemos descobrir, por entre a paisagem de Lisboa, o Elevador de Santa Justa, o Convento do Carmo, o Tejo com a sua ponte de 25 de Abril, o Miradouro de São Pedro de Alcântara, o jardim botânico da faculdade de ciências, a praça do Martim Moniz, a mata de Monsanto, a Avenida da Liberdade, o Parque Eduardo VII, por entre tantos outros. A seguir para Norte, descobrimos o Miradouro de Nossa Senhora do Monte que rivaliza com o do Graça em vista, mas também em charme: “...sobe à Senhora do Monte, uma colina do cimo da qual se pode desfrutar uma das mais belas vistas de toda a Lisboa, seja à noite, seja ao nascer ou ao pôr-do-sol. Estamos agora a caminho do Monte da Graça, onde está situada uma das melhores igrejas de Lisboa; é nela que se pode ver a famosa imagem do Senhor dos Passos (feita de pau-brasil e articulada) que costumava figurar na procissão anual do mesmo nome, a qual foi suspensa com o advento da República. Do adro empedrado desta igreja pode também desfrutar-se um magnífico panorama da cidade e do rio, quase tão belo como o que se desfruta da Senhora do Monte.” (Pessoa, 2006).
O miradouro Sophia de Mello Breyner, à sombra de pinheiros, é pequeno, mas atrai à sua esplanada centenas de jovens e turista que aqui vêm desfrutar de uma bebida reconfortante servida por um moderno quiosque: á sua frente, a belíssima paisagem de Lisboa. Para Sudeste está o jardim Augusto Gil (1873-1929), em homenagem de um poeta cuja obra foi cantada em muitos fados de Lisboa. De terça a domingo, a partir das 10h e até às 17h30 pode-se ainda visitar as exposições da sala do capítulo do Convento da Graça, bem como o claustro a portaria, ambos classificados como Monumento Nacional e até há pouco tempo afastados dos olhares mais curiosos. Esta é uma das colinas onde nasceu Lisboa e onde se mantém a tradição das romarias e procissões que todos os anos aguardam em Junho a grande festa de Sto. António, em que o povo se junta neste miradouros, largos, ruas e ruelas para comer sardinhas, cantar, dançar e celebrar Lisboa.
Incluído na zona de proteção do Convento da Graça (v. PT031106160053).
Texto de Inventário: Cristina Castel-Branco – 2013.
Adaptação: Guida Carvalho – 2019.
Revisão: Cristina Castel-Branco – 2019.
inserido na ROTA DA GRANDE LISBOA
Miradouro da Graça
(Consultada em setembro de 2019)
CASTEL-BRANCO, Cristina. – Jardins de Portugal. Lisboa: CTT Correios de Portugal, 2014.
CASTEL-BRANCO, Cristina – Lisbone en ses Jardins: Je jardin à la portugaise. In OLIVEIRA, Luisa Braz de Oliveira. Lisbonne: Historie, Promenades, Anthologie & dictionnaire. Paris: Éditions Robert Laffont, 2013. p. 411-430.
GUIA de Portugal: Generalidades Lisboa e Arredeores I - Lisboa [S.l.]: Fundação Calouste Gulbenkian, 1979. Vol. 1. p. 295.
PESSOA, Fernando. - Lisboa: o que o turista deve ver. Lisbon: what the tourist should see. Lisboa: Livros Horizonte, 2006.
http://europeangardens.eu/inventories/pt/ead.html?id=PTIEJP_Lisboa&c=PTIEJP_Lisboa_J83&qid=sdx_q58
http://www.monumentos.gov.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=34039