Quinta dos Ribafrias
Lisboa | Sintra
Quinta dos Ribafrias
A Quinta dos Ribafria, antiga mansão rural construída na primeira metade do século XVI por Gaspar Gonçalves de Ribafria, cavaleiro do Rei D. João III, localiza-se no sopé da encosta Norte da Serra de Sintra. Segundo Anne de Stoop Gaspar Gonçalves é um homem de origem modesta, e gozando da confiança do soberano D. Manuel, foi em 1518 porteiro-mor da câmara real, cargo que se transformará no de vedor da fazenda real e tal como o seu irmão André, almoxarife de Sintra, Gaspar Gonçalves adquire numerosos bens na região de Sintra e de Colares até Cascais e à Ericeira.
Em 1536, na Várzea de Sintra, Gaspar Gonçalves institui o morgadio da Torre de Ribafria, antes de ser elevado à nobreza, pouco depois, em 1541, pelo rei D. João III, com a designação de Senhor de Ribafria. Em 1569 é nomeado grande alcaide de Sintra, função que exercerão os seus descendentes durante várias gerações.
Em 1727 um dos descendentes de Gaspar Gonçalves depois de dois seculos de posse e permanência da família nas casas de Sintra, vende a Quinta dos Ribafrias a Paulo de Carvalho de Ataíde, arcipreste da Santa Igreja Patriarcal, que a legará ao seu sobrinho, que virá a ser Conde de Oeiras e depois marquês de Pombal. A Quinta também designada por Torre de Ribafria, ficou na família do Marquês de Pombal até 1860, sendo então vendida a alguém que nela procurava um tesouro pois, segundo uma lenda, a Torre lá teria um escondido. Atualmente, a Quinta dos Ribafrias é tutelada pela Fundação Friedrich Naumann, e o jardim foi restaurado na década de 60 do século XX, dividida por dois projectos executados um por Francisco Caldeira Cabral e outro pelo Arquiteto Paisagista Gonçalo Ribeiro Telles. O elemento mais marcante do jardim é sem dúvida o grande tanque que acompanha toda a fachada do edifício que mantem ainda um caracter medieval.
Também segundo Anne de Stoop o solar ou Torre dos Ribafria, constitui um dos mais importante conjunto construído no centro do país na primeira metade do século XVI. Foi terminado por volta de 1541, data em que a Casa e a Torre de Ribafria aparecem mencionadas nos documentos que acompanham os títulos nobiliárquicos concedidos pelo rei. D. João III a Gaspar Gonçalves.
O conjunto de estrutura maciça é formada por dois corpos laterais ligados por um corpo central. Os espaços a céu aberto formam dois pátios que comunicam entre si por um arco. A ala direita do edifício é a mais antiga, com janelas de colunelos e o corpo do edifício. Sobre a estrutura destaca-se a torre, coberta por coruchéu e cornija com merlões chanfrados. Nela se mantem o brasão da família.
Anne de Stoop elogia o arranjo da fachada do edifício considerando-o "[...] totalmente novo, muito equilibrado, com os seus grandes vãos regularmente espaçados. Os finos colunelos das janelas testemunham também da estética moderna, importada de Itália, tal como a fonte do pátio, encimada por uma pequena cúpula. A austeridade desta fachada monumental é um pouco atenuada por um enorme lago que a cerca, evocando bem menos as aduelas medievais que os reservatórios de irrigação concebidos como elegantes tanques nas casas de repouso dos senhores árabes e dos grandes construtores do Renascimento [...] O conjunto das cimalhas ameadas, os dois pátios formados pelo edifício sul dos serviços, uma ala perpendicular e o muro de entrada têm, todavia, o encanto de um maravilhoso cenário de teatro. A ala norte continua a abrigar a capela, em abóbada de ogivas e dedicada à Beata Mafalda.
A Torre de Ribafria está classificada como Monumento de Interesse Público segundo o Decreto n.º 32 973, DG, I Série n.º 175, de 18-08-1943.
Texto de Inventário: Cristina Castel-Branco – 2020.
Quinta dos Ribafrias
(Consulta em maio de 2020)
ARAÚJO, Ilídio de – Arte Paisagista e Arte dos Jardins em Portugal. Lisboa: Centro de Estudos de Urbanismo, 1962. pp. 78-81.
BINNEY, Marcus – Country Manors of Portugal. Lisboa: Difel, 1987. pp. 64-69.
CARITA, Hélder; CARDOSO, António Homem – Tratado da Grandeza dos Jardins em Portugal: ou da originalidade e desaires desta Arte. [S. l.] : Edição dos Autores, 1987. p. 65.
GUIA de Portugal: Generalidades Lisboa e Arredeores I. Lisboa [S.l.]: Fundação Calouste Gulbenkian, 1979. Vol. 1. p. 511-512.
PEREIRA, Artur D.; CARDOSO, Felipa Espírito Santo; CORREIA, Fernando Calado. – Sintra e suas Quinta. Sintra: Edição dos Autores, 1983, pp. 60-61.
STOOP, Anne de – Quintas e Palácios nos arredores de Lisboa. Livraria Civilização Editora, 1999, pp. 251-257.
http://parquesejardins.sintra.pt/index.php/module-styles/quinta-da-ribafria#jardim
http://www.monumentos.gov.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=7869
http://www.patrimoniocultural.gov.pt/pt/patrimonio/patrimonio-imovel/pesquisa-do-patrimonio/classificado-ou-em-vias-de-classificacao/geral/view/71689