Quinta da Bela Vista
Lisboa | Sintra
Quinta da Bela Vista
Dois textos publicados referem a Quinta da Bela Vista. Patrick Bowe escreveu "As propriedades da família Cadaval, descendente de D. Nuno Álvares Pereira, estendiam-se antigamente pela maior parte das encostas ocidentais da serra de Sintra. Hoje englobam três quintas seguidas, voltadas a ocidente para Colares e para o mar. [...] A Quinta da Bela Vista, mandada construir pelo quarto duque de Cadaval em 1770, possui um terraço formal que antigamente tinha canteiros de sebe de buxo" (Bowe, 1989, p. 89).
Anne de Stoop descreve a Quinta da Bela inserindo-a na sua paisagem."Sintra, cantada como um paraíso ou um éden pelos poetas, não seria também um monte Olimpo, como Wells pretende mostrar em 1795, na sua fantástica gravura da vertente norte [da Serra de Sintra] segundo um quadro de Noël [...]". Sobre os contrafortes, maciços grandiosos vibrantes de sombra e luz, ergue-se um conjunto de residências históricas: Seteais, Penha Verde, Monserrate, Piedade e Bela Vista, palácios durante muito tempo habitados por hóspedes de nomeada que fizeram a glória de Portugal, negociantes cosmopolitas como Daniel Gildemeester, Gerard Devisme, Francis Cook, ou poderosas famílias aristocráticas como os Cadaval, os Castro e os Marialva.
No que diz respeito aos Cadaval, estes possuem ainda as Quintas da Bela Vista, da Capela e da Piedade, não sendo impossível que estejam implantados desde finais do século XVI na região de Sintra, tendo pertencido a região de Colares ao seu antepassado D. Nuno Alvares Pereira.
No entanto existem as armas dos Castro na abóbada da capela da Piedade, construída no século XVI, e contígua à propriedade que tem hoje o nome de Quinta da Capela. [...] É ainda por volta de 1770 que o quarto duque, D. Nuno, mandou construir num espírito completamente diferente uma nova mansão, a maior altitude, que toma o nome, assaz apropriado, de Quinta da Bela Vista. Infelizmente desfigurado por uma infeliz sobrelevação efetuada no século XIX, é difícil apreciar num primeiro contacto este pavilhão encantador, concebido originariamente com uma finalidade puramente recreativa. Verdadeira cena de teatro, a escadaria monumental ocupa todo o espaço [...] de entrada e parece já oferecer uma antevisão dos prazeres campestres com o seu elegante revestimento a azulejos azuis e brancos de cercaduras policromas, que data de cerca de 1770. Um outro elemento de decoração é a capela, um pouco mais afastada, e cuja bela fachada esconde uma nave inacabada.
Este gosto não é desprovido de ostentação, encontrando-se também no interior da casa, no enorme salão principal, coberto por um teto abobadado de altura invulgar, decorado por delicadas «rocailles» douradas. [...] A isto se acrescenta um outro requinte, para que nada viesse importunar os seus habitantes: as cozinhas situam-se a uma distância razoável, num edifício distinto.
Quanto aos jardins suspensos, verdadeiro oásis no centro da floresta, com as suas flores e os seus buxos recortados, são surpreendentes pela abundância das suas esculturas em mármore: mais de trinta vasos e de estátuas, delicadamente esculpidas, devendo-se provavelmente à escola de Mafra. Particularmente cénica é a articulação do terraço que cerca o palácio, com os seus doze bustos de dupla face, que se recortam contra o horizonte, fantasmas do passado, personagens desdobradas simbolicamente para melhor apreciar esta «bela vista», que se estende da montanha ao oceano. [...]
Mas, em 1834, a derrota do rei D. Miguel, e a sua partida para o exílio, acarreta também a do seu ministro da Guerra e fiel apoiante, o sexto duque D. Nuno. Os seus bens continuam a ser geridos pelos seus leais servidores, que acolhem alguns anos mais tarde D. Maria da Piedade, herdeira da Casa Cadaval, que casa muito regiamente com o seu tio, tornado sétimo duque. É por ocasião desta estadia clandestina de alguns meses, que com o risco da própria vida ela manda erguer um andar suplementar à Quinta da Bela Vista. Mais tarde esta é alugada durante muito tempo à família Meyer, recebendo depois da segunda guerra mundial um hóspede ilustre no exílio, o rei Humberto de Itália.”
Classificado como Imóvel de Interesse Municipal.
Texto de Inventário: Texto de adaptado de Patrick Bowe – 1989; Anne de Stoop – 1999.
Quinta da Bela Vista
(Consulta em Maio de 2020)
BOWE, Patrick; SAPIECHA, Nicolas (fot.). – Jardins de Portugal. Lisboa: Quetzal Editores, 1989.
STOOP, Anne., ABREU, Maurício (fot.). – Quintas e Palácios nos arredores de Lisboa. Porto: Civilização, 1999.
http://www.monumentos.gov.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=26206
http://www.patrimoniocultural.gov.pt/pt/patrimonio/patrimonio-imovel/pesquisa-do-patrimonio/classificado-ou-em-vias-de-classificacao/geral/view/70768