Quinta de Vale de Grou

Lisboa | Seixal

Quinta de Vale de Grou

A quinta da Fidalga encontra-se entre o Seixal e a Arrentela, na margem de um braço do Tejo, quase em frente de Lisboa. Nesta paisagem de água que faz parte do estuário do Tejo, a Arrentela e o Seixal marcam os limites de uma península ladeada pelo Rio Judeu a Oeste e pelo rio de Coina a Este. O limite Oeste da propriedade foi no seu traçado original uma praia do Tejo, sujeita ao regime de marés e a Sul um vale orientado no eixo Este/Oeste, onde se identifica uma linha de água e duas encostas de declives suaves. A linha de água que a atravessa é rodeada por terrenos férteis de origem aluvionar. Antes de se chamar "da Fidalga" a quinta tinha um nome relacionado com esta paisagem estuarina e com o vale onde se encontra quinta do "Vale do Grou", e assim será designada neste inventário trabalho.

Os cerca de 20 hectares que constituem a atual quinta do Vale do Grou sofreram um corte com o braço do Tejo pela construção da estrada nacional nº 376, sendo por aqui que atualmente se faz o acesso à quinta. A característica mais marcante desta quinta é a sua relação com este braço do Tejo. Na maré alta, a outra margem do braço reflete-se a curta distância e dos miradouros do jardim, para Norte, vê-se uma extensa superfície de água ao fundo da qual se eleva Lisboa a partir do Tejo. Na maré baixa, o efeito de ligação com a água é menos completo porque aparecem as zonas lamacentas próprias dos regimes de maré. É também marcante a proximidade visual com o Terreiro do Paço a 8km em linha reta por água.

A quantidade de água subterrânea disponível é muita e para além desta, há ainda a presença da água do estuário, onde a energia das marés foi sendo tradicionalmente utilizada em moinhos de que há notícia desde o seculo XIV. Estas construções sobre a água ainda hoje existem, encaixadas na paisagem e como que flutuando sobre as suas comportas. O uso peculiar da água, e a grande extensão líquida onde assentam, marcam de forma única a paisagem estuarina do Tejo. Pode considerar-se que a localização da quinta do Vale do Grou, da qual temos notícia desde o século XVI através de documentos manuscritos constando do espólio da família Salema (Pereira, 1990), usufrui da posição privilegiada em termos de fertilidade, do acesso ao braço do Tejo e da disponibilidade em água de nascentes e poços.

Tanto o edifício original do seculo XVI como a capela da Quinta de Vale de Grou foram destruídos pelo terramoto de 1755, a que se seguiu um tsunami que devassou todo a população e terá destruído certamente parte dos elementos construídos da quinta e jardim que incluía um lago ligado ao braço do rio como um moinho de marés.

A ligação da família Gama ao Seixal está documentalmente bem estabelecida a partir de 1567 como proprietários da Quinta de Vale de Grou. No nobiliário de Portugal, Estevão da Gama que é referido como "criado do Infante D. Fernando. Foi alcaide-mor de Sines, Comendador do Seixal, e teve as saboarias de Estremoz, Souzel, Fronteira e Judiarias de S.Thiago de Cacem" (Gayo, 1939, pp. 75-81). Este Estevão da Gama, ligado ao Seixal por uma comenda, foi o Pai dos navegadores Vasco da Gama e Paulo da Gama, e também de Aires da Gama e Tereza da Gama ficando a família ligada ao cargo de escrivão da Casa da India e da Fazenda. É assim que no seculo XVI tem origem a Quinta de Vale de Grou com frequentes referência em manuscritos até que em 1858 aparece uma obra publicada, descritiva da quinta de Vale de Grou, por Manuel Xavier Gama Lobo Salema Saldanha Sousa, filho do último Gama da família a ser escrivão da Casa da India e da Fazenda. Sendo bisavô do último proprietário privado da família pois em 1997 a quinta foi vendida à Câmara Municipal do Seixal. É então Manuel Xavier Gama que fornece as descrições mais seguras dos elementos da quinta e da forma como eram utilizados no recreio de uma família nobre do século XIX. São notas e poemas descritivos dos acontecimentos sociais da quinta da Fidalga, e intitulados "Recordações do Seixal", editados pela Academia de Belas Artes. Em 1952 esta família encomendou a Raúl Lino um novo projeto para a casa e capela que lhes alterou a implantação e remodelou partes do jardim incluindo a destruição do Jogo da Bola e o restauro com cimento das casas de fresco do lago.

Por volta de 1839 Paullo Perestrello da Câmara refere-se à quinta como pertença de Vasco da Gama ilustrando a sua afirmação com elementos que se repetem nos outros jardins dos Vice-reis estudados; são objectos e plantas trazidas da India que afirma existirem. "Neste último, [Seixal] encontra-se a quinta chamada do Salema, edificada pelo célebre, D. Vasco da Gama, onde ainda se conservam objectos trazidos por elle da China e India, cedros plantados no seu tempo" Paulo P. da Câmara terá tido acesso ao arquivo da família? Pelo menos conhecia a família e afirma que ainda se conservam objectos e plantas do Oriente. A favor desta ligação direta ao Vice-rei, existe ainda de memória viva, a recordação de cedros e loureiros formando a alameda atualmente composta por plátanos, assim como a tradição transmitida até hoje por diversas gerações que relata que na parte Norte do jardim, junto a um tanque – ainda existente mas transformado em tanque de lavar roupa – havia um cedro que tinha sido plantado pelo próprio Vasco da Gama. O relate da família confirma-se com um registo científico feito por Tournefort quando visita Portugal e dá um nome ao Cupressus que identificou em 1700 nos arredores de Lisboa. A sua introdução nos jardins dos Vice-Reis na segunda metade do século XVI com o retorno dos primeiros Vice e plantação nos seus jardins terá levado Miller descrever a planta em 1768 atribuindo-lhe o epíteto de «Cedro de Goa».

"[…] a introdução de espécies vindas do Oriente e referidas como um dos produtos trazidos da ou através da Índia. São as árvores trazidas pelos Gama das quais a memória da família mantém a referência dos cedros da Quinta de Vale de Grou, e a mesma espécie exótica aparece também na Quinta da Penha Verde, formando um caramanchão antiquíssimo. Trata-se do Cupressus lusitanica identificado em Portugal por Tournefort como uma conífera trazida da Índia, fazendo convergir a substância científica com os relatos das famílias que mantiveram estes jardins durante séculos." (Castel-Branco, 2018).

Poderíamos tomar então como início das plantações e arranjos do jardim as datas em torno do regresso do Vice-rei admitindo ao longo dos seculos outras intervenções sempre com o significado inicial do jardim: a ligação à Índia que se mantém-se através da família Gama Lobo que assegurou durante algumas gerações o "ofício de escrivão da casa da India e da Fazenda" permitindo um relativa capacidade financeira.

A influência italiana aparece mais evidente na chamada Fonte de Neptuno, um grotto, como aqueles que se tornaram "moda" no Renascimento italiano, com a água a pingar para uma taça e gotejando através de uma parede "rusticada" com elementos escultóricos a evocar uma divindade; e ainda bancos embutidos nas paredes, como aparecem em tantos outros jardins que seguiram durante alguns séculos a influência italiana.

Enquanto os elementos como fontes, miradouros e nichos, se podem atribuir a influência estrangeira, as técnicas de construção do jardim e as soluções encontradas para o uso ornamental da água inserem-se numa prática local, como é o caso do lago que funciona como um dos vários moinhos de marés referidos atrás como marcos de uma paisagem humanizada.

A localização da quinta permite-lhe tirar o máximo partido dos elementos, sobretudo da água, que, como atrás ficou explicado, é fator determinante para a localização de toda a estrutura que se desenvolveu em seu redor. A presença da nascente é também determinante para a composição do jardim, que se organiza em terraços definidos pela distribuição da água A nascente encontra-se no ponto mais alto e fornece água através de um sistema de regadeiras para o muro a Sul e para o muro a Norte, seguindo ainda por uma terceira regadeira que acompanha o eixo central. As águas da nascente eram recolhidas por um sistema de minas, e depois derivavam por caleiras para os pontos de recolha, os quais alimentavam fontes, repuxos, e o sistema de rega por alagamento do laranjal.

Para o lado Norte, a água é divida em duas caleiras. Uma delas começa por alimentar um tanque, seguindo para outro mais pequeno que se encontra atrás da gruta da fonte de Neptuno Daí alimenta um cano perfurado que segue por trás da parede irregular e "rusticada" do grotto, pingando ao longo da sua extensão, e criando dentro da fonte uma atmosfera húmida e sombria idêntica às grutas do renascimento onde se evocavam as musas, os faunos, e onde as ninfas dançavam. As avencas costumavam acompanhar este cenário e sobreviver facilmente neste tipo de ambiente.

 A segunda caleira prolonga-se por um percurso mais extenso que alimenta o tanque da parte mais a Norte da quinta. Neste lugar, levantado e armado em terraço, a vista sobre o rio é total, e a ornamentação das cantarias do tanque, bem como da escada de acesso, indicam um tipo de utilização de recreio como miradouro sobre o rio, com pérgola à volta do tanque eventualmente coberta com uma vinha em latada. Deste tanque a água é conduzida para uma caleira que corre sobre o muro exterior da quinta até um pequeno reservatório sobre a casa de fresco à cota necessária para criar pressão suficiente e alimentar o repuxo do lago central. A partir deste reservatório, a água é conduzida por outra caleira rasgada a meia altura do muro com aberturas que permitem ir regando os alegretes animados de plantas e trepadeiras de uma pérgola que acompanha o muro até ao lago.

A caleira que sai da mina para Sul segue a dois níveis: um dentro do muro, a uma cota alta, e outro numa regadeira a meia altura do muro, distribuindo a água a vários pontos de rega. A água que segue a cota mais alta enche o tanque das sereias, que é o maior reservatório da quinta, a partir do qual é distribuída para a zona Sul do jardim.

Ao longo do eixo central do jardim também corre água. O ponto de saída é a fonte que se encontra no seu topo, constituída por uma parede alta, com embrechados, decorada como a Fonte das Sereias, do centro da qual sai um conjunto em forma de pirâmide irregular feito em pedra natural, donde sai a água para uma taça de planta arredondada. Este ponto de água deveria ser um ponto nuclear da composição do jardim porque se encontra sobre a nascente natural. Infelizmente a sua forma original foi transformada ou restaurada durante os anos cinquenta, com novos embrechados de desenho naif cujo vocabulário ornamental está totalmente desligado do tipo de motivos decorativos das outras duas fontes, apesar de utilizar os mesmos materiais – conchas e embrechados em pedra branca e preta – e de mostrar ainda o recortado da parede conforme os outros dois elementos. A água que atravessa o jardim pela alameda dos atuais plátanos vai sendo distribuída para rega do laranjal.

A partir da mina, atualmente entaipada e substituída nos anos trinta por um poço e nora, a irrigação do jardim era assegurada por gravidade criando efeitos tão diversos como espelhos de água, de gotejamentos, de repuxo e assegurando o armazenamento.

Resta a peça de água mais preciosa – por ser tão original – de toda a quinta: o lago que constitui um exemplar único, réplica da caldeira dos moinhos de marés construídos no braço do Tejo. Estes funcionam da seguinte forma: durante a subida da maré os rodízios destes moinhos estão parados, e a comporta de madeira, abre automaticamente com a pressão da água, deixando-a entrar para uma caldeira. Com a descida da maré a comporta fecha-se também automaticamente, e a água fica retida na caldeira. Para fazer funcionar os rodízios abrem-se as comportas das mós, que podem ser várias, e a água em movimento faz funcionar os rodízios, transmitindo o movimento às mós.

O lago em estudo é equivalente à caldeira dos moinhos, sendo a azenha aproveitada, mas substituída por uma casa de fresco por cima da comporta, embora nela não existam mós. Existe a comporta de madeira - agora danificada- que permitia a entrada de água do rio, e a saída servia provavelmente apenas para efeitos de renovação. O fundo do lago não é construído, mas foi mantido o material original, ou seja, as lamas impermeáveis do fundo do esteiro. A entrada de peixe com a água do rio através da abertura da comporta do lago permitia a manutenção de um viveiro natural no qual se podia pescar. Há uma referência clara a esta atividade na quinta do Vale de Grou no texto de Manuel Xavier da Gama Lobo Saldanha de Oliveira que pretende deixar registados "exquisitices mil, sucessos varios, que foram passatempos no Seixal" (Oliveira, p.1). Mais à frente o poeta canta com suficiente detalhe para nos dar informações preciosas:

Ficarão em memoria as pescarias,

Que no lago da quinta do Salema

Sa fizeram, famosas - em dois dias

Alegria causando-nos extrema:

Deu-nos esta função grandes folias, [...]

No êxito que teve a pescaria,

Pois abundante foi, e foi tão bella

Que a todos regallou bem a goella. (Oliveira, p.13)

O conjunto do lago mede 31 m x 20 m, e é rematado por uma grade suportada por pilares que assentam sobre as paredes de calcário branco do lago. Nas duas extremidades existem duas casas de fresco abertas, com uma só parede, uma das quais permite o acesso ao lago por degraus. No topo Sul inicia-se junto ao limite do lago a alameda antigamente de cedros e agora de plátanos. Os três lados restantes do lago são rematados por uma pérgola coberta de Wisteria sinensis, cuja estrutura assenta sobre os balaustres que rematam o lago.

Atrás da casa de fresco do lado Este há um resíduo daquilo que foi o bosque de loureiros, que limita também o antigo jardim de buxo cortado em quatro canteiros divididos por passeios de saibro. Os quatro canteiros, dos quais só um mantém o desenho original são marcados por uma fonte no centro. Este jardim tem, no entanto, a peculiaridade de ser atravessado por uma pérgola de glicínia sustentada por uma estrutura de pedra e ferro, permitindo um acesso sempre à sombra da casa até ao lago. A fonte central é constituída por uma taça em calcário, recortada em formas geométricas, e por um elemento vertical donde saía água em repuxo por uma peça de bronze alimentada pela água vinda do tanque acima do mirante.

Acima do jardim de buxo, entre este e o Jogo da Bola, ficava, e em parte ainda fica, o laranjal. A mistura de vegetação ornamental (buxo, cedros, glicínia) com a de produção é um traço habitual dos jardins em Portugal. Relativamente à produção de vinho, e segundo dados referidos pelo último proprietário da família Gama, a quinta produzia uvas de uma casta de bago pequeno que eram muito doces e das quais ainda há memória. Dessas uvas se fazia um vinho que tinha um alto teor de álcool e suportava a viagem até à Índia. Esta informação aparece também referida relativamente à península de Setúbal "No século XVI, vinhos destas paragens entravam na carregação de navios para a India [...] por serem de qualidade, viajavam ao encontro de um consumo de luxo" (Cruz, 1973).

Em torno do lago, intervalando os alegretes, há uma série de bancos irregulares; e, na casa de fresco, a parede termina com um banco. Aqui, junto ao muro, abria-se antes uma janela para fora, e os bancos eram em forma de namoradeiras. Se a pesca era acompanhada de assistência "N'esta tão primorosa diversão", esta poderia ser uma justificação possível para a quantidade de bancos colocados em redor do lago.            

Uma das grandes qualidades da composição deste jardim é o contraste diurno entre a sombra e a luz, e a solução das pérgolas com glicínias - Wisteria sinensis - que oferecem uma linha de passeio à sombra dentro da área exposta ao sol. Durante o Verão a pérgola está coberta de folhas, criando uma sombra fresca ao longo de toda a área; durante a Primavera forma um teto em cachos de flor roxa e perfumada, enquanto durante o Inverno só mantém a ramagem, deixando entrar o sol. A outra qualidade é a subtileza com que o traçado dos percursos leva a locais onde se descobre com surpresa um elemento novo, recantos e vistas que se revelam a pouco e pouco no percurso oferecido pelos caminhos. Estas duas estratégias na conceção do jardim pertencem a um tipo de traçado frequente em Portugal " [...] ligando-se à casa por uma rua ou carreira em geral cercada de sebes de buxo que muitas vezes formam verdadeiro túnel verde de forma que da casa se pode ir ao jardim sem sofrer os incómodos da insolação estival [...] estende-se a vasta mata atravessada por numerosas ruas que vão dar a sítios de especial interesse (Araújo, 1962, p. 231).

Um outro divertimento que exigia um lugar de estadia era o Jogo da Bola, formado por um recinto aberto limitado por muretes. Existem poucos exemplares no país, datando do século XVIII, e correspondendo a uma diversão ao ar livre que exigia um certo esforço físico, como é referido pelo poeta da quinta do Salema, ou Fidalga ou Vale de Grou, no século XIX:

Entretem os Cavalheiros

O lindo jogo da bola,

Que faz suar a carola,

Mas cura constipações:

Tambem agrada às senhoras

Deste joguinho a folia,

Porque sempre desafia

Risos e ditos ratões (Oliveira, p. 8).

Ilídio de Araújo na sua obra seminal da Historia de arte de Jardins em Portugal a uma tipologia de Jogos da Bola que se encontram nas quintas e cercas portuguesas, nos seguintes termos: “... a avenida é dividida em três faixas por dois muretes com capeamento de cantaria formando assento, e tendo as extremidades marcadas por pilares com urnas, que se repetem dimaétricamente nos muretes laterais. Esta parte da avenida é a que constitui o jogo da bola” (Araújo, 1962, p. 166).

A descrição é precisa e indica que o jogo era conduzido com numerosa assistência, tanto maior quanto maior o recinto. No caso do jardim da quinta de Vale de Grou o recinto tem 40 m de comprimento, mas a estrutura é em tudo similar à descrição de Ilídio de Araújo. No Jogo da Bola os muretes e bancos eram também recobertos de azulejos que foram retirados para o restauro. O conjunto de azulejos em melhor estado é o do mirante, que recobre as paredes do tanque, os espelhos dos bancos, e remata a pedra do relógio de sol cujo ponteiro já não existe.

Uma parte representativa da decoração, ainda em bom estado, é o conjunto de embrechados das fontes, feito com pedra branca e preta, vidros, conchas e pedaços de cerâmica partidos. Existem três paredes decoradas com este sistema. A silhueta das paredes destas fontes segue um recorte ondulado, próprio de elementos decorativos do século XVII, e aparece noutras obras de arte paisagísticas deste período, em que as paredes das fontes são objeto de um maior esforço decorativo. O remate é feito com uma série de volutas executadas em alvenaria ou em pedra.

 Os dois vetores mais influentes neste jardim – a ideia da India e o lugar próprio do estuário do Tejo – levam-nos à inclusão desta quinta no conjunto dos jardins dos Vice-reis tal como as Quintas da Bacalhoa, das Torres e da Penha Verde da mesma época. As qualidades do lugar determinaram a escolha da localização da quinta, mas para além disso entraram na própria conceção do jardim. O lago tinha que ser localizado naquele ponto para poder tirar partido das marés. É o ponto de maior atração do conjunto; é um exemplar único pela forma como recebe a água e como a retém, sujeito ao subir e descer das marés, usando a técnica para funções de produção, mas invertendo-a para fins ornamentais. O lago de maré é o elemento que melhor ilustra a capacidade sábia dos seus autores em acentuar, pela sua construção, as qualidades próprias do lugar.

Texto de Inventário: Cristina Castel-Branco, 2017.

Quinta de Vale de Grou

(Consulta em 2017)
ARAÚJO, Ilídio de – Arte Paisagista e Arte dos Jardins em Portugal. Lisboa: Centro de Estudos de Urbanismo, 1962.
CAMARA, Paulo, Perestrello – Descrição Geral de Lisboa - Ensaio histórico de tudo quanto esta capital contém de mais notavel [...] Lisboa: Tipografia da Academia de Bellas Artes, 1839.
CASTEL-BRANCO, Cristina. – A India nos jardins Portugueses. Lisboa: Verbo, 2017.
CRUZ, Maria Alfreda – A margem Sul do estuário do Tejo: Factores e formas de organização do espaço. Montijo: Oficinas Gráficas da Gazeta do Sul, 1973.
GAYO, Felgueiras – Nobiliário de Famílias de Portugal. Tomo XV. Braga: Oficinas Gráficas da PAX, 1939.
PEREIRA, Manuel M. Almeida – Inventário Sumário do Arquivo da família Gama Lobo Salema. Lisboa: inédito, 1990. Obra não publicada pertencendo ao Exmo. Sr. Dr. Alberto Salema Reis, a quem se agradeçe a consulta.
http://www.monumentos.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=10414

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