Mata-Jardim José do Canto

Açores | Povoação

Mata-Jardim José do Canto

As primeiras plantações da mata remontam ao século XIX, quando José do Canto reúne cerca de 600ha de terra em redor da Lagoa das Furnas. A partir de 1852 José do Canto vai reflorestar várias encostas não arborizadas nas suas propriedades plantando milhares de árvores por ano, incluindo Cryptomeria japonica, Cupressus macrocarpa, Jacaranda acutifolia, Juniperus bermudiana, Musa ensete, Pinus pinaster, Ulmus glabra e muitos tipos de acácias, araucárias, abetos, carvalhos, thuyas, Dracaena sp., Pandanus sp. e Yucca sp.. Em 1864 inicia um grande projecto, chamando o arquitecto londrino Mathew Digby Wyatt para a construção de uma “mansão” no lado poente da estrada, que não se chegaria a construir. De Paris contrata dois arquitectos – A. A. Breton e A. Bonett - para desenhar a capela de Nossa Senhora das Vitórias no seu estilo revivalista românico-gótico e o paisagista Barilett Deschamps, que desenha o plano geral da propriedade, sendo mais tarde desenvolvido pelo seu colaborador George Aumont. De Paris veio também o técnico director dos trabalhos Lainé encarregue dos traçados, perfis do parque e plantações. Durante vários anos, jardineiros (na maioria ingleses) executaram o projecto e as plantações, recorrendo por vezes a sementes e plantas em viveiro no seu Jardim de Santana, em Ponta Delgada. Até ao final da vida de José do Canto, em 1898, a Mata-Jardim esteve em construção apesar da capela ter ficado concluída em 1885. Após um longo processo de partilhas, a propriedade foi dividida, mas parte foi mantida por Ernesto Hintze Ribeiro que durante a década de 50 construíu uma réplica do Vale dos Fetos que havia sido destruído (Castel-Branco, 2014; Albergaria, 2005). A Mata-Jardim José do Canto é a maior propriedade na Lagoa das Furnas, desde a margem Sul da Lagoa, entrando na montanha até ao limite da ribeira do Salto do Rosal. É densamente florestada, sendo que, na parte junto à Lagoa, localiza-se a mata ajardinada do séc. XIX, com arruamentos em curvas largas, interceptadas em amplos largos que conduzem a pontos de interesse. Outros caminhos percorrem a base das montanhas entre a mata densa de criptomérias, acompanhando o curso da ribeira do Salto do Rosal até ao extremo do salto. A zona entre a margem da Lagoa e a rua engloba um grande pomar de macieiras e alamedas de camélias com uma colecção de cultivares antigas, muitas trazidas do Jardim de Santana. Um passeio ajardinado leva-nos até à capela, mausoléu do casal Canto, sendo um dos raros exemplos do neo-gótico em Portugal. O Vale dos Fetos onde se desenvolve uma rede de veredas empedradas com calhau rolado, conduzem a largos de onde se vêm os fetos arbóreos, as palmeiras e os bambus. Fazem parte do projecto o antigo pavilhão dos barcos (modelo de arquitectura anglo-flamenga), junto à água, e o chalé ao estilo franco-suíço de arquitectura pitoresca (Albergaria, 2005).

inserido na ROTA DOS AÇORES

Mata-Jardim José do Canto

Margem Sul da Lagoa das Furnas, 9675-090 Furnas - Povoação