Jardim Botânico José do Canto
Açores | Ponta Delgada
Jardim Botânico José do Canto
Em 1845, José do Canto regressa a São Miguel após ter frequentado a Universidade de Coimbra e, na antiga propriedade da família, junto às ruínas do Recolhimento de Santana, inicia intensas plantações de exóticas com o apoio do jardineiro George Brown e segundo o desenho elaborado pelo arquiteto londrino David Mocatta. Durante cinquenta anos, vivendo em Paris ou em S. Miguel, José do Canto adquiriu permanentemente novas espécies para o jardim, obtendo plantas exóticas em viveiros na Europa - Paris, Londres, Bruxelas e Liège. As suas cartas fazem referências constantes a aquisições; parques botânicos visitados ou contactados por carta; viveiristas comerciantes e fornecedores das espécies. A prioridade da obra foi dada ao jardim, às estufas, e à introdução de novas espécies, experimentando-se a um ritmo acelerado o crescimento das plantas. Por conseguinte, o palácio contemplado no projecto de David Mocatta não chegaria a ser edificado. O plano do jardim foi executado por jardineiros ingleses, destacando-se George Brown e Peter Wallace, este último responsável pela construção da estufa. Na sequência de um processo de partilhas o jardim é dividido, ficando separado da casa e das quintas a Norte. Em 1950, Augusto de Ataíde empreendeu então a construção de um palacete ao gosto neo-clássico, numa zona mais elevada e recuada e, no terreiro de entrada, mandou erguer uma grande estátua do fundador, José do Canto. Actualmente, continuando nas mãos da família, os proprietários têm potenciado a exploração turística e a sua qualificação patrimonial, tendo o jardim sido reconhecido no "Botanical Gardens Conservation Secretariat" (International Union for Conservation of Nature and Natural Resources, UNESCO) (Castel-Branco, 2014; Câmara, 2011; Albergaria, 2005). O jardim reflecte, pela diversidade de vegetação ainda presente, o gosto pela Botânica da época, em especial pela flora exótica. Segue os princípios do jardinesco (ou gardenesque ) em que a criação de condições físicas e cenográficas para o bom desenvolvimento dos exemplares vegetais prevalece face aos princípios do design . Por conseguinte, a estrutura do jardim é simples: uma larga avenida rompe pela entrada intersectando um grande largo onde outrora se situava o «solar do Frias» (casa de José do Canto antes do terramoto de 1842) e onde hoje está centrada a estátua de José do Canto; esta avenida tem continuação depois do largo, lançando passeios, uns com curvas largas e outros pequenas veredas, culminando, a Norte, no morro onde está implantado o palacete de gosto neoclássico, bem como um pequeno espaço privado anexo ao mesmo. São, igualmente, de notar o Pavilhão (antiga estufa de plantas ornamentais); um pequeno tanque ornamental de forma regular e revestido em rockwork ; o busto do rei D.Carlos I, que visitou o jardim em 1901; a clareira (antigo roseiral); e, por entre as veredas, o bambuzal remanescente de um extenso bosque de bambus (Albergaria 2012, 2005, 2001).
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