Jardim António Borges
Açores | Ponta Delgada
Jardim António Borges
A história do Jardim António Borges remonta a 1858 e deve-se a António Borges da Câmara Medeiros, seu proprietário e simultaneamente autor. António Borges foi um grande proprietário, negociante e político açoriano. Apaixonado amador da botânica, dedicou grande parte da sua vida aos problemas da aclimatação nos Açores de plantas exóticas, sendo por sua iniciativa iniciada a plantação do parque botânico de Ponta Delgada, actual Jardim António Borges. Entre 1858 e 1961 projectou e construíu a estrutura física do jardim – rede hidráulica, caminhos, muros de suporte - adaptando-a à topografia do local. Nos anos seguintes continuaram as plantações, enriquecidas com exemplares de flora exótica trazidos de viveiros europeus. Dos viveiros de Liège, Gand e Londres vieram muitas das plantas exóticas que ainda hoje crescem no jardim. Nos primeiros anos do séc. XX acentua-se o uso recreativo e público do jardim, tendo sido adquirido pela Câmara Municipal de Ponta Delgada em 1957, e constituído como parque da cidade. Esta alteração para parque de recreio e lazer público conduziu a algumas perdas de integridade e progressivo abandono com a desanexação da parcela sul, onde se encontram as ruínas da casa de António Borges, as antigas hortas e pomar e o terreno das estufas. Em 2005, o Município de Ponta Delgada resolve reabilitar o jardim, procedendo à limpeza dos lagos, consolidação das grutas, introdução de mais de 100 novas espécies arbustivas, cerca de 30 novas árvores e revestimento vegetal com herbáceas e diversificação de equipamentos de recreio (Albergaria, 2012, 2005). O jardim constitui exemplo de um horto botânico de recreio, seguindo princípios do Pitoresco e do gosto romântico de Oitocentos. A estrutura do jardim é composta por caminhos, lagos, grutas, túneis muros e mirantes, implementados de forma adaptada ao local, sem grandes movimentos de terra, potenciando acidentes naturais no sentido de uma modelação de grande efeito cénico. Pela entrada Sul, o caminho conduz ao busto de António Borges localizando-se na envolvente a cafetaria e o parque infantil. A rede de percursos inclui a alameda “Avenida das Palmeiras” e é pontuado por formações rochosas em pedra vulcânica vermelha na forma de grottoes/túneis à superfície, recriando o ambiente das cavidades vulcânicas (algares) das ilhas, constituindo, assim, um traço de originalidade. Destacam-se também os dois mirantes (inicialmente quatro): um, na periferia Norte, incluía a antiga cisterna agora convertida em galeria de exposições na forma de um pequeno castelo ao gosto romântico; o outro, aproximadamente no centro do jardim, de forma mais tradicional tronco-piramidal. O Lago Grande é envolto em densa vegetação e termina num grotto desembocando numa espécie de fosso redondo a céu aberto – algar seco. O lago pequeno é rematado com margens relvadas e bosquetes de palmeiras, cycas e herbáceas. No vale, acessível por uma vereda sinuosa, localiza-se o vale dos fetos, com espécies arbóreas e herbáceas, sobre o qual existe uma ponte coberta revestida com pedra a que chamam Coche Real (Albergaria, 2005).
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