Jardim do Palácio de SantAna

Açores | Ponta Delgada

Jardim do Palácio de SantAna

A construção do jardim foi iniciativa de José Jácome Correia (1816-1886). Teve a colaboração do seu primo e amigo José do Canto que foi essencial para as contribuições recebidas de arquitetos e paisagistas ingleses, como o caso de David Mocatta (provável autor do projecto da casa) e do jardineiro escocês Peter Wallace, que trabalhou nos jardins de Chatsworth antes de ir para os Açores em 1850. O jardim apresenta as tendências da arte paisagista de meados do século XIX, ultrapassando as normas do Pitoresco e o formalismo natural dos jardins ingleses. São testemunhos dessa nova linguagem os parterres de cores intensas (carpet garden) em detrimento dos grandes relvados; as plantações dispostas de forma a favorecer a sua dimensão visual e estética; e o coleccionismo botânico. Peter Wallace, o jardineiro responsável pelo jardim entre 1851 e 1858, manda construir as estufas de plantas ornamentais raras e é autor das principais plantações. O jardim frontal ficou concluído em 1857 e o trabalho foi prosseguido na quinta, situada acima da pérgula que divide o terreno em dois, pelo belga François Joseph Dewander Gabriel. Este foi responsável pela introdução de mais de 260 variedades de Camélias no jardim. Em 1977, o jardim é adquirido pela Região Autónoma dos Açores, que se compromete com a antiga proprietária Maria Josefa Gabriela Borges de Sousa Hintze Ribeiro Jácome Corrêa a conservá-lo e a mantê-lo como património histórico e artístico da Região (Albergaria, 2005). O jardim segue a tendência eclética de meados de Oitocentos, com o regresso do formalismo no desenho, sem abandonar o jardinesco no esquema de plantações. Divide-se em três partes: a primeira corresponde à parte frontal e lateral do edifício, constituída pelo jardim de aparato; a segunda, posterior ao edifício, é a parte consagrada aos serviços e à produção, constituída pela horta, pelo edifício das antigas cocheiras, por aviários antigos, pela estufa de plantas ornamentais e pela pérgula que atravessa transversalmente o jardim; por fim, a terceira corresponde à parte da antiga quinta, onde se pode encontrar a feteira e a zona de endémicas, o campo de croquet, um miradouro e as antigas esquadrias dos quarteis dos pomares. A entrada que se faz pelo limite sudeste do jardim vai dar a um grande percurso ladeado por grandes árvores e arbustos. Destaca-se uma tamareira (Phoenix dactylifera), junto à escultura em aço, um anel negro quase suspenso do chão, rodeado pelo arvoredo, da autoria do escultor Rui Chafes. Em direcção ao centro, junto ao lago, observam-se árvores magníficas espalhadas pelo relvado e, em torno do lago, vêem-se bambus, auracárias, yuccas, cycas, palmeiras, ciprestes e uma Pandanus utilis muito rara. Algumas destas árvores têm formas estranhas, sobretudo uma Ficus macrophylla situada mais a norte, que está apoiada em dois troncos. Após atravessar o roseiral, constituindo parterres de grandes curvas, pode observar-se à direita um imponente conjunto de aves-do-paraíso brancas (Strelitzia nicolai) e o grande metrosidero da Nova Zelândia (Metrosideros excelsa). A última parte do parterre, centrada por um eixo pontuado de palmeiras-reais (Archontophoenix cunninghamia) e de palmeiras-moinho-de-vento (Trachycarpus fortunei), tem o desenho geométrico dos canteiros de herbáces anuais de cores vivas. O palácio, do século XIX, é de estilo neo-clássico romântico, de gosto inglês. Ao contornar a casa pela esquerda encontra-se uma horta-jardim, constituída por talhões retangulares divididos por sebes de buxo e, ao fundo, a estufa de madeira e vidro. De seguida, uma pérgula coberta por glicínias que divide o jardim formal da quinta, direcciona a dois espaços de jogos: um campo de ténis e um de croquet com um pavilhão em madeira com rendilhados, que servia para arrumos; no seguimento, lança-se um caminho bordejado de grandes metrosideros que assinalam o início da antiga quinta; adjacente ao caminho está uma coleção de plantas indígenas dispostas numa oval; a Norte, a feteira (ou vale dos fetos) com fetos, palmeiras, cycas e bromélias que brotam entre as superfícies rochosas. A quinta é circundada de um caminho periférico e circular, que dá continuidade ao traçado ondulante dos principais percursos do jardim. A meio deste, alinhado com a torre da laranja - estrutura que servia originalmente para avistar a chegada dos navios e para armazenar a fruta - abre-se um caminho estreito ladeado por buxos formando um túnel (Albergaria, 2012).

inserido na ROTA DOS AÇORES

Jardim do Palácio de SantAna

Rua José Jácome Correia, 9500-077 - Ponta Delgada