Piquinho das Furnas
Açores | Povoação
Piquinho das Furnas
O parque do Piquinho com uma área de aproximadamente 4ha estende-se ao longo das margens da Ribeira das Murtas/Alagoeiros, contíguo ao Parque D. Beatriz do Canto, subindo até meia encosta, entre as cotas de 200 e 250m de altitude, na vertente norte da cratera que enquadra o Vale das Furnas. Apresenta um forte contraste entre áreas aplanadas e declives muito acentuados recortados por caminhos sinuosos que ascendem ao longo das faldas do Piquinho, o ponto mais alto da propriedade. Sem um traçado muito regular ou uniforme, os percursos, muros e taludes criam o efeito surpresa a cada nova curva. António Borges da Câmara Medeiros (1812-1879), um inspirado paisagista micaelense responsável por vários projetos de jardim, esteve na origem de mais esta criação. Obedecendo ao gosto pelo pitoresco e pelo exótico, o parque incluía um pequeno lago de formas irregulares, caminhos serpenteantes permitindo pontos de vista elevados, grutas armadas em pedra de lava vulcânica vermelha, e todo um conjunto de vegetação exótica. Ao longo do século XX várias derrocadas e deslizamentos de terra com origem no pico do Fojo prejudicaram gravemente o jardim, soterrando parte das grutas do lago. Luísa Margarida da Câmara Velho de Mello Cabral Gago da Câmara (1928-2012) e o seu marido, Estevão Gago da Câmara (1822-2001), 5º barão de Fonte Bela, então proprietários do parque, dedicaram-se com afinco à recuperação de todo o jardim, trabalho que tem sido continuado pelos atuais proprietários, Estevão e Helena Gago da Câmara. Na zona mais baixa e plana, junto à entrada e ao lago, concentra-se a maior diversidade de vegetação exótica onde pontuam as palmeiras, fetos arbóreos, bambus, azáleas e outras espécies exóticas, ao lado dos carvalhos, tulipeiros, pinheiros e outras espécies de regiões temperadas; nas zonas mais fechadas da mata predominam as criptomérias e têm presença cada vez mais significativa os vinháticos (endémica dos arquipélagos da Madeira e Canárias) e os castanheiros. Outro exemplar singular é a turpentine (Syncarpia glomulifera), uma árvore originária da Austrália. Ao longo dos arruamentos e um pouco por toda a área ajardinada distribuem-se azáleas e cameleiras de antigos cultivares. Aqui podemos observar a ‘Palagi’, que por corruptela passou a ser designada por ‘Palácia’; a ‘Alba Plena’ e a ‘Alba Insigne’ que ocorrem com muita frequência em vários jardins das Furnas; e a ‘Calypso’, conhecida em São Miguel por ‘Espanhola’ e muito utilizada em jardins mais pequenos pela grande quantidade de flores que produz todos os anos.
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