Cerca e Claustro do Mosteiro de Arouca

Norte | Arouca

Cerca e Claustro do Mosteiro de Arouca

O conjunto composto pelo Mosteiro de Santa Maria de Arouca, classificado como Monumento Nacional desde 1910, pela sua Cerca de Clausura e pelo Parque Municipal de Arouca localiza-se no centro da vila de Arouca, à face da avenida 25 de abril, ocupando uma área de aproximadamente 5,5 hectares.

Fundado no século X, em honra de São Pedro, pelos irmãos Loderigo e Vandilo, filhos do senhor de Moldes, o Mosteiro de Arouca albergaria, então, religiosos de ambos os sexos, passando a exclusivamente feminino a partir de 1154. D. Afonso Henriques concede-lhe Cartas de Couto em 1132 e 1143, assumindo, a partir de então, um carácter de centralidade na vida política e administrativa do vale de Arouca. No século XIII, a sua importância aumentaria durante o padroado de D. Mafalda, filha de Sancho I, que reside no mosteiro entre 1220 e 1256. Em 1226, a seu pedido, o mosteiro aderiria à Ordem de Cister, sendo considerado, à data da sua morte, em 1256, um dos mais importantes da Península Ibérica.

Durante os séculos XVII e XVIII, decorrem grandes obras de renovação e ampliação. Entre 1704 e 1730 é reconstruída a igreja, com traça do arquiteto Carlos Gimac. O claustro, cujas obras decorrem entre 1781 e 1785, permaneceria incompleto até meados do século XX, altura em que se finalizam as alas norte e oeste. Com a extinção das ordens religiosas em Portugal, em 1834, o mosteiro e todo o seu património passam a pertencer ao estado, mantendo-se o direito de residência às freiras que viviam no mosteiro. Em 1886, com a morte da última freira, os seus bens transitam para a Fazenda Pública, iniciando-se um período de utilizações diversas, preservando-se, contudo, o espólio artístico no local, recolhido no Museu de Arte Sacra, aí instalado em 1933.

Mais recentemente, tem sido objeto de obras de recuperação e restauro com o objetivo de modernizar o Museu de Arte Sacra e impulsionar o Centro de Estudos constituído em torno do espólio documental de D. Domingos de Pinho Brandão. No início da década de 2010, no âmbito da Requalificação Urbana do Centro Histórico de Arouca, o Parque Municipal de Arouca, construído na década de 1970 na cerca do antigo hospital, a poente do mosteiro, é também alvo de uma intervenção, de autoria da arquiteta paisagista Maria Cristina Marques (Paisagem Ilimitada), que inclui o alargamento do jardim, a instalação de um parque infantil e a criação de um novo campo de jogos. Em 2019, é firmada a concessão do mosteiro por 50 anos, tendo em vista a reconversão da ala sul numa unidade hoteleira.

A Cerca de Clausura do Mosteiro de Santa Maria, cercada por altos muros de granito, era um espaço destinado à produção agrícola, entrecortado por caminhos cobertos por ramadas para o crescimento da vinha. A norte, junto à cozinha e à botica do mosteiro, continha uma horta de plantas aromáticas e medicinais e, a poente, um pomar. A sul, ocupando a zona mais declivosa, limitada pela ribeira de Silvares e pelo muro, uma mata, ainda existente. Vários elementos arquitetónicos são ainda possíveis de encontrar ao longo do espaço da cerca, pese o seu estado avançado de ruína: tanques, fontes, uma das várias capelas que aí terão existido, uma enfermaria, um palheiro e a já referida botica, junto da qual se situava a casa do forno, demolida no início do século XX. A cerca não se encontra presentemente acessível ao público.

O claustro, de dois pisos, é acessível pelo interior do mosteiro, exibindo ao centro um monumental chafariz de granito. Este é encimado por um grande globo jorrando água por quatro bicas metálicas. Apresenta um duplo tanque na base: um interior, quadrilobado, no centro de um outro, exterior, de formato circular que, por sua vez, se encontra rodeado por um conjunto de quatro bancos de igual formato. Em torno do chafariz desenvolve-se um conjunto de quatro canteiros, delimitados por dupla sebe de buxo, pontuados ao centro por laranjeiras, cingidas, nomeadamente, por hidrângeas, evónimos-do-Japão e teixos topiados.

No exterior do mosteiro, o Parque Municipal, na margem esquerda no rio Marialva, organiza-se numa rede de caminhos curvos e retilíneos, que o atravessam em todas as direções, definindo um conjunto de canteiros relvados. À face da avenida 25 de abril desenvolve-se uma grande clareira, contendo ao centro um lago em forma de lágrima, pontuado por repuxo de água. No limite sul da clareira observa-se a estátua de D. Mafalda, padroeira de Arouca e cujo túmulo se encontra no interior da igreja do mosteiro. A clareira é cercada por uma mata densa e diversa, composta por tílias-prateadas, amieiros, ulmeiros, palmeiras-da-China, loureiros, choupos-brancos, cerejeiras-bravas, ameixeiras-de-jardim, nogueiras-pretas, cedros-brancos, camélias, rododendros e coníferas variadas. O jardim é pontuado por diversos espaços de estadia, nomeadamente sob a pérgula de glicínias, a poente, enquadrada por um antigo pombal do mosteiro. A sudeste, pela ruína de um antigo portão, faz-se a ligação ao Terreiro de Santa Mafalda e à Biblioteca Municipal. Um parque infantil e um campo de jogos rematam o espaço a sul.

MN – Monumento Nacional, Decreto nº 136, DG, de 23 junho 1910.

Inventário: Matilde Cerqueira Gomes, João Almeida e Teresa Portela Marques – maio de 2020.

inserido na ROTA DO GRANDE PORTO

Cerca e Claustro do Mosteiro de Arouca

(Consultada em maio de 2020)
BENTO, Juliana Filipa Pereira – (Re)conhecimento e Interpretação da Cerca do Mosteiro de Arouca. Dissertação de mestrado integrado em Arquitetura (área de especialização em Cultura Arquitetónica). Porto: Universidade do Minho, 2016.
http://www.monumentos.gov.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=1039
http://www.patrimoniocultural.gov.pt/pt/patrimonio/patrimonio-imovel/pesquisa-do-patrimonio/classificado-ou-em-vias-de-classificacao/geral/view/70519
http://sitios.amp.pt/sitios-amp/sitio/27
https://www.cm-arouca.pt/municipio/equipamentos/parque-municipal

Largo Santa Mafalda, Avenida 25 de Abril, Arouca