Monte Crasto

O Monte Crasto localiza-se em São Cosme, Gondomar. Atingindo uma altitude de 194 metros, constitui-se como um elemento natural com grande destaque na paisagem e ocupa uma área com cerca de 5 hectares.

Segundo alguns autores, no topo do monte, como o próprio nome parece indicar, terá existido um povoado proto-histórico, posteriormente ocupado pelos romanos, como sugerem os vestígios de dois conjuntos numismáticos romanos aí encontrados. A existência de uma fortaleza romana é mencionada na Enciclopédia Universal Ilustrada Europeo-Americana (tomo XXVI, 1925) não existindo, atualmente, quaisquer vestígios que o comprovem.A primeira documentação escrita relativa ao Monte Crasto só aparece no século XVIII, num Auto de Doação do “Património da Capela de Santo Isidoro do Monte Crasto”, feito em 11 de Julho de 1757 por Salvador Francisco e sua mulher Maria da Silva, que nele declaram a doação à capela, de fundação antiga e incerta, propriedade da Confraria de Santo Isidoro e Nossa Senhora da Lapa, da “tapada de mato e pinhal e as suas pertenças”, que possuíam no monte.

Durante alguns anos do século XIX, o monte é local de extração de saibro e granito até que, em 1877, a Câmara Municipal de Gondomar proíbe a continuação da exploração. Na primeira metade do século XX, a Confraria de Santo Isidoro e Nossa Senhora da Lapa leva a cabo diversos melhoramentos, entre os quais a arborização do monte, a reconstrução da capela, que lhe deu uma nova feição de carácter revivalista, a ampliação da torre sineira presumivelmente da capela original, a construção da gruta e o provimento de água. Em 1928, é fundada a Sociedade de Propaganda do Monte Crasto tendo em vista o 'aproveitamento de todas as belezas naturais do monte, a sua propaganda dentro e fora do concelho, embelezamento, criação de divertimentos diversos e bem assim despertar interesse nos naturais e visitantes por esta formosa estância'.

A partir de uma via que circunda a base do monte, pontuada em vários locais por espaços de estadia, acede-se a um terreiro sustentado por fortes muros de suporte em granito, a partir do qual se obtêm amplas vistas sobre a cidade de Gondomar. Daí, subindo por duas escadarias que ladeiam a gruta de cariz romântico, alcança-se o amplo topo ajardinado do Monte Crasto, rodeado por muro de cantaria granítica coroado por ameias decorativas piramidais e onde se situa a capela de Santo Isidoro. Nesta capela, mencionada nas Memórias Paroquiais de 1758 como tendo romagem na primeira oitava da Páscoa, têm lugar, todos os anos, várias celebrações religiosas, nomeadamente a Festa de São Vicente, a Festa de Santo Isidoro, a Festa da Senhora da Hora e a Festa de Santa Bárbara.

A capela é rodeada por três cruzeiros em granito, sendo os dois laterais datados de 1757 e o localizado na frente da capela de 1759. No alinhamento deste cruzeiro encontra-se uma ampla escadaria a partir da qual se acede aos caminhos pedonais que se desenvolvem na encosta do monte, onde se encontram diversas lapas, bancos de feição romântica encastrados nos muros e a Fonte de Santo Isidoro. A partir do miradouro situado a poente alcança-se uma extensa panorâmica sobre o Porto e Vila Nova de Gaia, o rio Douro serpenteando por entre as duas cidades e, ao fundo, o oceano Atlântico.

Uma grande diversidade de espécies arbóreas e arbustivas povoam, embelezam e ensombram o topo e as encostas do monte, nomeadamente carvalhos-alvarinho, sobreiros, magnólias, cedros-do-Atlas, carvalhos-americanos, ciprestes, padreiros, olaias, pinheiros, buxo-anão, agapanto, aucuba-do-Japão, entre outras.

Inventário: Matilde Cerqueira Gomes, João Almeida e Teresa Portela Marques – abril de 2020.

inserido na ROTA DO GRANDE PORTO