Quinta da Conceição e Quinta de Santiago

Norte | Matosinhos

Quinta da Conceição e Quinta de Santiago

A Quinta da Conceição, com aproximadamente 6 hectares, e a Quinta de Santiago, com aproximadamente 1,5 hectares, localizam-se em Leça da Palmeira, junto ao porto de Leixões, próximas da foz do rio Leça, sobre a sua margem direita, estando as duas propriedades ligadas por uma ponte sobre a avenida Dr. António Macedo.

As origens da Quinta da Conceição remontam a 1481 quando frades franciscanos instalam nos terrenos da antiga Quinta da Granja o Convento de Nossa Senhora da Conceição da Ordem de São Francisco. No século XIX, após as revoluções liberais e com o decreto de extinção das ordens religiosas em 1834, o convento é abandonado e vendido a privados em 1837, passando a designar-se por Quinta da Conceição. No século XX, entra na posse da Administração dos Portos de Douro e Leixões com vista à construção da doca nº 2 e, em 1956, a restante propriedade é arrendada pela Comissão de Turismo da Câmara Municipal de Matosinhos para a sua transformação num parque público. Na década de 60 do século XX, a quinta é alvo de várias intervenções coordenadas pelo arquiteto Fernando Távora, incluindo o pavilhão e o campo de ténis, com integração paisagística realizada pelo arquiteto paisagista Ilídio de Araújo, e a piscina da autoria do arquiteto Álvaro Siza.

A Quinta de Santiago é mandada edificar em 1896, pela família Santiago de Carvalho e Sousa, proprietária do Paço de São Cipriano em Tabuadelo, Guimarães. Projetada pelo arquiteto italiano Nicola Bigaglia, é adquirida pela Câmara Municipal de Matosinhos, em 1968, que leva a cabo ações de recuperação e adaptação a museu, dirigidas pelo arquiteto Fernando Távora, em colaboração com o arquiteto paisagista Ilídio de Araújo que realiza um estudo de recuperação e valorização do jardim. O museu, inaugurado em 1996, integra em 2003 a Rede Portuguesa de Museus e é um dos espaços museológicos fundadores da MuMa — Rede de Museus de Matosinhos.

Acede-se à Quinta da Conceição por várias entradas, tanto pela rua de Vila Franca, à cota alta, como pela avenida Dr. Antunes Guimarães, à cota baixa. O principal acesso pela rua de Vila Franca é feito através de um pátio quadrangular, fechado por muros tingidos de vermelho, e de onde nasce um caminho a partir do qual se desenvolvem os vários espaços do jardim que guardam elementos e estruturas do antigo convento. Sensivelmente a meio do percurso, o caminho alarga-se e transforma-se no pequeno adro da Capela de São Francisco, que guarda o túmulo de Frei João da Póvoa, o principal impulsionador da construção do convento neste local e confessor do rei D. João II. Ensombrada por um elegante cedro-do-Atlas, esta capela é a única sobrevivente das quatro capelas originais da cerca do convento — capelas de São Francisco, dos Navegantes ou Necessidades, de São Roque e da Porciúncula.

Continuando a descer a encosta, uma pequena fonte anuncia a chegada a um espaço de estadia, já no final do percurso, ensombrado por um monumental plátano e onde se pode observar um antigo tanque do convento. A um nível inferior, encontra-se uma grande clareira de desenho mais contemporâneo, que estabelece a relação com avenida Dr. Antunes Guimarães, pontuada ao centro por um conjunto de três tanques e fonte.

Daqui avista-se o velho portal manuelino da desaparecida igreja do convento, aqui reposicionado e hoje engalanado por vinha-virgem-da-Virgínia e enquadrado por um exuberante maciço arbóreo-arbustivo, de onde se destacam um fogoso metrosídero e altaneiros tulipeiro-da-Virgínia e carvalho-escarlate.
Passado o portal, descobre-se, à sua esquerda, o claustro do antigo convento, envolvido por altas sebes de buxo e com chafariz ao centro. Para lá do claustro encontram-se, sob as copas de denso e diverso arvoredo composto por ulmeiros, choupos, faias, tílias, magnólias, carvalhos, castanheiros-da-Índia, cedros-do-Buçaco, eucaliptos, pinheiros entre muitas outras espécies, a alameda “amarela”, ornamentada por estatuária, a alameda “vermelha”, mais longa, ornamentada pelo monumental chafariz de São João e fonte de espaldar, encimada por uma cruz e ladeada por assentos em granito. A par com estas memórias do antigo convento, encontra-se um parque infantil, um bar e, no topo da encosta, a piscina.

Voltando ao início do percurso, passando pelo pavilhão e campo de ténis, o caminho segue em direção à Quinta de Santiago, atravessando uma frondosa mata de carvalhos e eucaliptos. Neste percurso, encontra-se o antigo cruzeiro que anunciava o convento, ostentando uma imagem de Nossa Senhora da Conceição e, num pequeno largo octognal, um grandioso fontanário adossado ao muro.

O jardim da Quinta de Santiago desenvolve-se em redor da casa principal de estilo eclético-revivalista, sendo constituído por clareiras relvadas envoltas por orlas arbóreo-arbustivas, de onde se destacam exemplares de beleza e porte notável como por exemplo o pilriteiro na frente poente da casa, mas também tílias, castanheiros-da-Índia, plátanos, butiás, camélias e uma araucária-columnar. Tal como a Quinta da Conceição, é acessível à cota superior por portão na rua de Vila Franca e à cota inferior por portão na avenida Dr. Antunes Guimarães, junto ao qual se encontra um grande nicho em arco rusticado, possuindo no seu centro uma fonte com um baixo-relevo de um peixe entrelaçado num tridente.

Inventário: Matilde Cerqueira Gomes, João Almeida e Teresa Portela Marques – abril de 2020.

inserido na ROTA DO GRANDE PORTO

Quinta da Conceição e Quinta de Santiago

(Consultada em abril de 2020)
SILVA, José Pedro Magalhães da – A 'Verticalidade' na organização do espaço para a criação de uma 'Circunstância' futura. Dissertação de Mestrado Integrado em Arquitetura. Porto: Universidade Lusófona do Porto, 2016.
http://maquina1.portodigital.pt/sitios-amp/sitio/78
https://www.cm-matosinhos.pt/pages/426?poi_id=59
http://web2.cm-matosinhos.pt/sgam/index.php?option=com_content&view=article&id=106&Itemid=254

Rua Vila Franca, Avenida Antunes Guimarães, Leça da Palmeira