Parque de La Salette

O Parque La Salette, com uma área de aproximadamente 17 hectares, localiza-se na cidade de Oliveira de Azeméis, no Monte dos Crastos, sobre a margem direita do rio Antuã.

Tem na sua origem a edificação de uma pequena capela em honra de Nossa Senhora de La Salette, cujos trabalhos foram iniciados em 1871 e concluídos em 1880. Em 1908 é constituída a Comissão Patriótica Oliveirense de Melhoramentos do Santuário de La Salette tendo em vista o embelezamento do monte e, em 1909 começa a ser construído o parque de recreio projetado por Jerónimo Monteiro da Costa, então diretor dos jardins municipais do Porto e da Real Companhia Hortícolo-Agrícola Portuense. O aumento da capela era também já discutido em 1909, vindo efetivamente a acontecer em 1923, com a construção de um novo santuário, de acordo com o projeto do arquiteto António Correia da Silva e que corresponde à capela atual.

Em 1931, a Comissão Patriótica Oliveirense, que até então tinha o parque à sua guarda, dá lugar à Comissão de Melhoramentos de La Salette, levando a cabo uma série de intervenções no perímetro original do parque desenhado por Jerónimo Monteiro da Costa, assim como em novas parcelas de terreno. Entre as décadas de 1930 e 1950, os trabalhos realizados incluiriam a ampliação da escadaria da capela, a instalação de um chafariz de granito na Avenida das Tílias, a construção do “Retiro da Montanha” — uma casa de chá na margem do lago, a colocação de pequenas pedras irregulares a limitar os canteiros e a rematar o lago. Posteriormente, nas décadas de 1960 e 1970 assistiu-se à construção de um parque de campismo, um parque infantil, uma biblioteca, uma estalagem e um miradouro junto à estalagem.

Em 2004, é constituída a Fundação La Salette (FLS), em funcionamento até 2012, sendo de sua iniciativa a encomenda, em 2006, do Projeto de Recuperação do Parque de La Salette, coordenado pelo arquiteto paisagista Paulo Farinha Marques (CIBIO - Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos da Universidade do Porto), em colaboração com os ateliers ABBV e X-Scapes, que inclui, designadamente, a requalificação do núcleo central do parque, a implantação de uma nova mata e a criação de um novo parque de merendas.

O parque é acessível por várias entradas, localizando-se as três principais a norte — na qual se observa o monumento a Domingos Costa, fundador do Parque de La Salette — a sul e a poente. Apresenta um traçado predominantemente orgânico, patente na rede de caminhos curvilíneos que acompanham as encostas do monte e no lago, de formas naturalizadas, cruzado na sua parte mais estreita por uma ponte de betão, imitando rochedos e contendo pequenas floreiras para o plantio de vegetação herbácea ou subarbustiva.

É nas águas do lago que se espelha a elegante silhueta da capela, um edifício imponente, de feição eclética, apresentando uma grande rosácea na fachada principal, ladeada por dois torreões, e um alto coruchéu piramidal sobre a torre central que se eleva sobre a cobertura. Localizada no ponto mais alto do monte, a cerca de 258 metros de altitude constitui-se como um elemento de referência na paisagem do parque, sendo ladeada por uma gruta de betão construída em 1910, revestida com floreiras e exibindo no topo, acessível por uma escada, um belo miradouro com bancos de desenho naturalista encastrados no muro, semelhantes aos que se encontram um pouco por todo o parque. A gruta e a capela encontram-se à face da Avenida das Tílias, uma larga alameda em “L”, contendo no seu ponto de inflexão uma praceta de formato circular com coreto ao centro. O coreto, construído em 1914 e de formato octogonal, apresenta atualmente um conjunto de pequenos painéis de azulejo na sua base, com imagens do parque nos seus primeiros anos de existência. No topo do braço da alameda que, do coreto se dirige para nascente, encontra-se um grande chafariz seiscentista, aí instalado nas décadas de 1930 ou 1940, possivelmente proveniente de um antigo convento. A alameda é rematada na sua secção orientada a sul pelo Miradouro António César Guedes, que oferece uma ampla panorâmica sobre a paisagem envolvente.

Na frente da capela, enquadrada por duas grandes magnólias-de-flores grandes, tem início uma longa escadaria que termina em amplo miradouro sobre a paisagem a poente do parque, pontuado ao centro pelo Cruzeiro da Independência, aí instalado em 1940.

O Parque de La Salette é detentor de um notável coberto arbóreo-arbustivo, que se encontra classificado como Arvoredo de Interesse Público desde 2009. Das largas dezenas de espécies autóctones e exóticas ornamentais de vários pontos do mundo que se podem encontrar por todo o parque, conferindo-lhe grande dinamismo sazonal, especialmente no outono e na primavera, constituindo por si só um forte fator de atratividade, destacam-se: o amieiro-cinzento, o castanheiro-da-Índia, o medronheiro, o vidoeiro, o cedro-do-Atlas, a criptoméria-do-Japão, a camélia, o cedro-branco, o cedro-do-Buçaco, o cipreste-de-Monterey, os espinhos-da-cruz, o escovilhão-das-garrafas, a faia-de-folhas-vermelhas, a nogueira-do-Japão, o liquidâmbar, o tulipeiro-da-Virgínia, a magnólia-de-flores-grandes, o abeto-do-Norte, a palmeira-das-Canárias, a tamareira, o plátano, a fotínia-chinesa, a pícea-do-Afeganistão, o teixo-das-ameixas, o carvalho-loureiro, o carvalho-alfinete, o carvalho-americano, o carvalho-alvarinho, o sobreiro, a sequoia-sempre-verde, o cipreste-de-folha-caduca, a tuia-do-Canadá e a tília-chorona. A árvore-do-chá-australiana assume um protagonismo particular devido às características peculiares dos seus troncos e ramos que, inusitadamente, pendem sobre caminhos do parque.

Arvoredo de Interesse Público

Várias espécies. Arvoredo notável, quer pelo porte, idade e raridade quer, sobretudo, pela diversidade de espécies, salientando-se a coleção de árvore-do-chá-australiana (Leptospermum laevigatum (Gaertn.) F.Muell.) e de sequoia-sempre-verde (Sequoia sempervirens (D. Don) Endl.)

Nº Processo: KNJ2/026
Classificação: Aviso nº 1 de 27/03/2009

Inventário: Matilde Cerqueira Gomes, João Almeida e Teresa Portela Marques – maio de 2020.

inserido na ROTA DO GRANDE PORTO