Quinta das Virtudes
Norte | Porto
Quinta das Virtudes
A Quinta das Virtudes localiza-se junto ao Centro Histórico do Porto, em Miragaia, próxima do Hospital de Santo António, Monumento Nacional desde 1910, do Palácio da Justiça e do Jardim da Cordoaria, ocupando uma área com cerca de 1,4 hectares.
A casa da quinta é mandada construir em 1767, por José Pinto de Azevedo Meireles, Senhor da Quinta da Manguela, em Santo Tirso, Capitão-mor de Rebordães e Cavaleiro da Ordem de Cristo, sendo a estruturação dos terrenos feita em socalcos suportados por muros em granito, tirando partido do acentuado desnível natural do vale encaixado onde corria o rio Frio. Este ribeiro, hoje totalmente encanado, desaguava nos areais de Miragaia, onde viria a ser construído o edifício da Alfândega Nova do Porto, na segunda metade do século XIX.
Na primeira metade do século XIX, a quinta estava já ocupada pelo horto de Pedro Marques Rodrigues, produzindo e vendendo plantas, sendo aí que, em 1844, José Marques Loureiro, então com apenas 14 anos, começa a trabalhar, tornando-se um notável horticultor e assumindo a propriedade do estabelecimento por volta de 1863. O seu profundo conhecimento das plantas levaria a um notável desenvolvimento do Horto Loureiro, trazendo à cidade inúmeras espécies raras e exóticas que cultivava nas suas estufas aquecidas e frias, localizadas na extremidade sul da quinta. Em 1869, Emílio David, arquiteto paisagista alemão convidado a desenhar os jardins do Palácio de Cristal em 1864, associa-se a José Marques Loureiro na direção do horto que, em 1890, dá lugar à Real Companhia Hortícolo-Agrícola Portuense, dirigida então por José Marques Loureiro e Jerónimo Monteiro da Costa.
Em 1908, a casa da quinta encontra-se ao cuidado de Joaquim de Azevedo Sousa Vieira da Silva Albuquerque, ilustre matemático, professor e político portuense, bisneto do seu fundador e aí nascido em 1839. Em 1963, a casa é ocupada pela Árvore – Cooperativa de Atividades Artísticas, que inicia a recuperação do edifício, conservando na sua fachada a imponente pedra de armas barroca da família Pinto Meireles. Em 1989, a casa e o jardim formal, são adquiridos pela Cooperativa a Henrique da Costa Alemão Teixeira e sua esposa Margarida Helena Relvas Navarro de Azevedo Albuquerque da Costa Alemão Teixeira, herdeiros da família fundadora.
Em 1965, os terrenos da Quinta das Virtudes são adquiridos pela Câmara Municipal do Porto que, em 1998, realiza obras de adaptação com vista à criação de um parque público.
O jardim, acessível à cota alta pela rua Azevedo de Albuquerque e à cota baixa pela calçada das Virtudes, caracteriza-se pelo seu distintivo conjunto de socalcos, outrora preenchidos pela espantosa diversidade de plantas introduzidas por José Marques Loureiro. Desse tempo encontram-se ainda pelo jardim diversos elementos de feição romântica, nomeadamente bancos e varandins virados ao Douro, construídos em betão armado imitando troncos de árvore, bem como escadarias e falsos rochedos para o crescimento de plantas, também eles em betão.
Camélias de cultivares diversas e outras espécies arbóreas e arbustivas ocupam hoje os socalcos, maioritariamente relvados, destacando-se, de entre todas, uma altíssima e esguia palmeira-das-Canárias no topo do jardim, uma centenária paineira com deslumbrante floração outonal, num dos terraços voltados ao Douro, e uma monumental ginkgo, ou nogueira-do-Japão, considerada a maior de Portugal e uma das maiores da Europa, com mais de 200 anos e cerca de 36 metros de altura, classificada como Árvore de Interesse Público desde 2005. A paineira encontra-se em vias de classificação.
Diversas fontes, lagos e tanques pontuam a quinta, destacando-se a fonte de feição barroca, localizada na parte superior da quinta em dois pátios encaixados no declive do terreno. De uma carranca na parede central do pátio superior, rodeado por bancos de granito, brota a água para um tanque em forma de vieira, sendo a água recolhida de seguida num tanque quadrangular no pátio inferior. Já fora da quinta, saindo pelo portão à cota inferior, no fundo da calçada das Virtudes, encontra-se a monumental Fonte das Virtudes, ou do Rio Frio, seiscentista, classificada como Monumento Nacional desde 1910, contendo na base duas carrancas de cariz renascentista, encimadas por um altíssimo espaldar de cantaria granítica, decorado por vários elementos e coroado por um frontão curvo interrompido.
Em 2013 foram instaladas três obras escultóricas em granito: “A Roda” de Paulo Neves, “A Árvore das Virtudes” de Vítor Ribeiro e “A meio entre isto e aquilo” de Isaque Ribeiro, esta última incluindo pormenores em ferro.
Ladeando a calçada das Virtudes a nascente, encontra-se um alto paredão, construído em 1786, sobre o qual se desenvolve a Alameda das Virtudes, um passeio público romântico, ensombrado por plátanos monumentais e de onde se obtêm extraordinárias perspetivas sobre o Douro, Miragaia e o vale das Virtudes.
Arvoredo de Interesse Público
Nogueira-do-Japão (Ginkgo biloba L.)
Nº Processo: KNJ1/451
Classificação: D.R. nº 6 II Série de 10/01/2005
Arvoredo de Interesse Público em Vias de Classificação
Paineira (Ceiba speciosa (A.St.-Hil.) Ravenna)
Inventário: Matilde Cerqueira Gomes, João Almeida e Teresa Portela Marques – abril de 2020.
inserido na ROTA DO GRANDE PORTO
Quinta das Virtudes
(Consultada em abril de 2020)
ANDRESEN, Teresa; MARQUES, Teresa Portela – Jardins Históricos do Porto. Lisboa: Edições Inapa, 2001. pp. 55-65.
MARQUES, Teresa – Dos jardineiros paisagistas e horticultores do Porto de Oitocentos ao modernismo na arquitectura paisagista em Portugal. Tese de Doutoramento em Arquitetura Paisagista. Lisboa: Instituto Superior de Agronomia, 2009.
http://www.monumentos.gov.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=5502
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http://www.cm-porto.pt/jardins-e-parques/-parque-das-virtudes
http://maquina1.portodigital.pt/sitios-amp/sitio/13
https://sigarra.up.pt/up/pt/web_base.gera_pagina?p_pagina=antigos%20estudantes%20ilustres%20-%20joaquim%20albuquerque