Jardim de São Lázaro / Jardim Marques de Oliveira

O Jardim de São Lázaro, ou Jardim Marques de Oliveira, localiza-se na antiga freguesia de Bonfim, Porto, ocupando uma área com cerca de 0,6 hectares. É ladeado a poente pela Biblioteca Pública Municipal do Porto, classificada como Imóvel de Interesse Público desde 1974, e a sul pelo Recolhimento das Meninas Órfãs de Nossa Senhora da Esperança, Imóvel de Interesse Público desde 1933. A cerca de 130 metros de distância, na avenida Rodrigues de Freitas, localiza-se a Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto, Monumento de Interesse Público desde 2013.

Junto ao antigo Campo de São Lázaro terá existido no século XVII um hospital de lázaros, sendo fundado em 1720 o Recolhimento das Meninas Órfãs de Nossa Senhora da Esperança. Em 1783 os religiosos Menores Reformados da Província da Conceição iniciam a construção do Convento de Santo António da Cidade ou dos Capuchos, hoje Biblioteca Municipal.

O Campo era então um lugar já com algumas árvores onde se realizavam feiras importantes, nomeadamente a feira anual de São Lázaro, instituída em 1720, e, semanalmente, desde 1820, a Feira dos Porcos. Durante o Cerco do Porto (1832-33), estando D. Pedro IV e as suas tropas na cidade, é tomada a decisão de aí se instalar o primeiro jardim público portuense. As obras de construção principiam de imediato, a cargo de João Baptista Ribeiro, sendo o desenho do jardim da autoria de José João Gomes, o primeiro jardineiro municipal. Longe de estar terminado, é inaugurado a 4 de abril de 1834, data do aniversário da rainha D. Maria II, dando-se as obras por concluídas apenas em 1841.

Fechado por quatro portões e gradeamento de ferro, que se conservam até aos nossos dias, o jardim, de formato aproximadamente trapezoidal, apresentava originalmente um traçado regular, composto por canteiros dispostos em torno de uma taça de água circular central, na junção dos quatro caminhos retilíneos com origem em cada uma das entradas do jardim. Em 1869 terá sido intervencionado por Emílio David, arquiteto paisagista alemão autor dos jardins do Palácio de Cristal, e que terá introduzido alterações no traçado e açafates para flores nos relvados. Em 1911 foi aprovada a construção do atual coreto em substituição do então existente noutro local do jardim.

Atualmente o jardim é dominado pela presença de um soberbo conjunto de doze magnólias-de-flores-grandes, dispostas em círculo em torno do lago central e classificadas como Árvores de Interesse Público em 2005, para além de outros exemplares notáveis de cedros-do-Atlas, camélias e várias espécies de tília, para além de mélias e sequoias de plantação mais recente. Por entre a vegetação do jardim encontram-se diversas esculturas, nomeadamente os bustos de Marques de Oliveira e de Silva Porto, de autoria de Soares dos Reis e Barata Feyo, respetivamente, e o “Menino abraçando a gazela” de Henrique Moreira, entre trabalhos de Sérgio Taborda, Zulmiro de Carvalho e João Cutileiro.

No jardim marca ainda presença um gracioso chafariz setecentista, proveniente da sacristia do Convento de São Domingos, aí instalado em 1838 e classificado como Imóvel de Interesse Público desde 1938.

Arvoredo de Interesse Público
Magnólia-de-flores-grandes (Magnolia grandiflora L.)
12 exemplares.
Nº Processo: KNJ3/051
Classificação: D.R. nº 6 II Série de 10/01/2005

Inventário: Matilde Cerqueira Gomes, João Almeida e Teresa Portela Marques – abril de 2020.

inserido na ROTA DO GRANDE PORTO