Jardim da Casa de São Miguel / Casa Allen

A Casa de São Miguel situa-se na União de Freguesias de Lordelo do Ouro e Massarelos, Porto, e ocupa uma área com aproximadamente 1 hectare.

Nos últimos anos da década de 1920, Joaquim Ayres de Gouveia Allen, cônsul da Bélgica no Porto, 3º Visconde de Villar d'Allen e neto de Alfredo Allen — 1º Visconde de Villar d’Allen, criador, juntamente e após a morte de seu pai, João Allen, dos jardins da Quinta de Villar d’Allen, encomenda ao arquiteto José Marques da Silva o projeto para a sua casa de habitação, numa zona de expansão da cidade e onde começava, então, a surgir um conjunto de luxuosas casas e palacetes.

Em abril de 1927 surgem os primeiros desenhos do projeto para a casa, de notório cariz neoclássico, a qual estaria terminada um ano depois, em 1928. O projeto do jardim, ainda que primeiramente esboçado por José Marques da Silva, arquiteto responsável pelo projeto da casa, será, no entanto, da autoria de Jacinto de Matos, responsável pelo desenho de um grande número de jardins na cidade e em diversos locais do país.

Na década de 1980 é instalada no edifício a delegação norte da Secretaria de Estado da Cultura e, em 1991, é construída nos jardins, no lugar da antiga garagem, a Casa das Artes, projeto do arquiteto Eduardo Souto Moura, que oferece uma sala de exposições e duas salas para concertos e conferências. Em 2012, o conjunto patrimonial constituído pela Palacete do Visconde de Villar d’Allen, jardins e auditório é classificado como Monumento de Interesse Público.

O jardim, que se desenvolve em dois grandes patamares, tem o seu acesso principal pela rua de António Cardoso, através de um portão que interrompe o longo e alto gradeamento que separa a propriedade da rua. Transposto o portão, acede-se a um terreiro, definido pela fachada nascente da casa e dois alinhamentos de altos e esguios cedros-do-Líbano. Imediatamente a sul da casa encontra-se o jardim do lago, um amplo espaço relvado, contendo ao centro um espelho de água de linhas clássicas, rodeado por uma bordadura de diospireiros e por uma graciosa magnólia-de-soulange junto à casa. A nascente deste espaço, junto à rua, encontrava-se o antigo roseiral, entretanto desaparecido.

Deste patamar, rematado por uma balaustrada, acede-se, através de um elegante lanço de escadas, ao terraço inferior. Um caminho, que se prolonga desde as escadas até ao campo de ténis e ao seu pavilhão, enquadrado por um monumental conjunto de tílias-pendulas, no limite da propriedade, constitui o eixo principal deste patamar gerando simetria e regularidade apenas contrariada pela presença de árvores de grandioso porte. Ao longo de um caminho circular, que se desenvolve a toda a volta deste patamar e de forma simétrica em relação ao eixo principal, encontram-se elementos arbóreos notáveis e de grande beleza como tulipeiros-da-Virgínia, um deles em vias de classificação pela sua forma e dimensão verdadeiramente extraordinárias, liquidâmbares, faias-de-folhas-vermelhas, camélias, carvalhos, eucaliptos-de-flor-vermelha e rododendros.

Encostada ao limite norte deste grande espaço, ensombrada pela densa folhagem, encontra-se a Casa das Artes e, no muro a poente, um segundo acesso ao jardim, pela rua de Ruben A.

MIP - Monumento de Interesse Público, Portaria nº 192/2012, DR, 2ª Série, nº 861, de 3 maio 2012.

Arvoredo de Interesse Público em Vias de Classificação
Tulipeiro-da-Virgínia (Liriodendron tulipifera L.)
Nº Processo: KNJ5/869
Entrada do requerimento: 08-04-2015

Inventário: Matilde Cerqueira Gomes, João Almeida e Teresa Portela Marques – abril de 2020.

inserido na ROTA DO GRANDE PORTO