Quinta da Prelada
Norte | Porto
Quinta da Prelada
A Quinta da Prelada localiza-se na zona norte da cidade do Porto, na freguesia de Ramalde, ocupando, atualmente, uma área de, aproximadamente, 17 hectares.
De origens muito antigas, desconhece-se a data exata da sua fundação, sabendo-se unicamente que, no início do século XVI, pertenceria aos Pessoas. A grande modificação que a transformou numa das quintas mais notáveis da cidade ocorreu em meados do século XVIII devido à intervenção de Nicolau Nasoni (1691–1773), arquiteto italiano a viver no Porto desde 1725, a convite do seu proprietário, D. António de Noronha e Menezes de Mesquita e Melo, que viria a ocupar os cargos de Vereador e Provedor da Santa Casa da Misericórdia do Porto na segunda metade do século XVIII.
A quinta, localizada nos então arrabaldes da cidade, numa zona de cariz rural, topografia plana, férteis solos e água abundante, teria uma dimensão significativamente superior à atual, hoje praticamente confinada à área central, delimitada por vetustos muros de granito. Acedia-se a ela a partir de uma alameda que se anunciava no lugar do Carvalhido, por uns obeliscos hoje localizados no jardim do Passeio Alegre, na Foz do Douro. A alameda conduzia até a um largo em meia laranja, rodeado por assentos, destacando-se o portal encimado pela pedra de armas dos Noronha e Menezes, suportado por duas sereias. As Memórias Paroquiais de 1758 fazem uma descrição muito detalhada da quinta, permitindo-nos concluir que a estrutura principal ainda hoje permanece embora se tenham perdido muitos dos seus elementos decorativos e funcionais.
Em 1903 a Quinta passa, por testamento de D. Francisco de Noronha e Menezes, para a Santa Casa da Misericórdia do Porto, em cuja propriedade se mantém até hoje. Em 1961, numa colaboração com o Clube de Campismo do Porto é inaugurado, na zona da mata, o Parque de Campismo da Prelada que se manteve em funcionamento até 2006. Em 1988, num dos terrenos extramuros e pelo lado nascente da propriedade, foi inaugurado o Hospital da Prelada. Na década de 1990 a propriedade foi atravessada pela Via de Cintura Interna (VCI) que a dividiu em duas partes, apenas ligadas por um túnel construído sob esta via. Os jardins formais e a casa foram alvo de um projeto de recuperação, de autoria da arquiteta paisagista Marta Cudell e do arquiteto António Barbosa, concluído em 2011 e 2013, respetivamente, encontrando-se hoje abertos ao público tendo sido instalado, na casa nobre, o acervo documental da Santa Casa da Misericórdia do Porto e uma biblioteca de acesso livre. Em 2013 é estabelecido um protocolo de cooperação com o Sport Club do Porto com o objetivo de se instalar, na zona da mata, a secção hípica e atividades lúdicas deste clube da cidade.
O acesso ao jardim continua a fazer-se pelo portão principal da quinta, no final da rua dos Castelos, a partir do qual se acede ao largo terreiro fronteiro à casa, debruado por camélias de plantação recente e relvado ao centro, contendo a nascente uma pequena fonte com tanque quadrangular adossada ao muro.
Passando o portão à direita da casa, acede-se aos jardins formais que se desenvolvem na sua envolvente em patamares a vários níveis. Ao mesmo nível do terreiro, encontra-se um pequeno jardim com quatro talhões com camélias, debruados por sebes de buxo, pontuado ao centro por fonte circular. Através de uma escadaria acede-se ao grande patamar inferior, onde se localizam o grande labirinto de buxo, com uma araucária-de-Norfolk ao centro, o jardim dos cedros, adornado com camélias, rododendros, cedros-brancos e fontes e onde se observa, ainda, parte do aqueduto que conduzia a água pela quinta e até ao antigo pomar.
A partir destes jardins, e transposto um pequeno portão, acedia-se à longa avenida, com aproximadamente 400 metros de comprimento, que atravessava a quinta até ao seu extremo norte. Contudo, a construção da VCI não só cortou a avenida com veio impedir a fruição de toda esta área da propriedade.
A rematar a avenida permanece a designada fonte do cágado, construção setecentista ladeada por escadas que conduzem a um patamar superior dominado por um grande lago circular, com ilha ao centro onde assenta uma imponente torre acastelada, símbolo heráldico dos senhores da Prelada e que pode ser avistada a partir de pontos exteriores à propriedade. O lago é envolvido por um conjunto de grandes e nobres árvores, nomeadamente cedros, pinheiros-mansos e araucárias, e camélias. Deste patamar, fechado por muros e por isso também designado de ‘jardim do castelo’, acedia-se à mata da quinta a partir de um portão, a nascente, que se abre para uma longa alameda de plátanos. Na mata encontram-se hoje exemplares de pinheiros, sobreiros, austrálias, carvalhos e eucaliptos, entre outras espécies, que pontuam por entre as construções do centro hípico.
IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto nº 28 536, DG, 1ª série, nº 66 de 22 março 1938 / Decreto nº 129/77, DR, 1ª série, nº 226 de 29 setembro 1977.
Inventário: Teresa Portela Marques e João Almeida – fevereiro de 2020.
inserido na ROTA DO GRANDE PORTO
Quinta da Prelada
(Consultada em fevereiro de 2020)
ANDRESEN, Teresa; MARQUES, Teresa Portela – Jardins Históricos do Porto. Edições Inapa, 2001. pp. 25-29.
ARAÚJO, Ilídio de – Arte Paisagista e Arte dos Jardins em Portugal. Lisboa: Centro de Estudos de Urbanismo, 1962. pp. 191-192.
TAVARES, António Manuel Lopes et al. – Casa da Prelada – D. Francisco de Noronha e Menezes. Porto: Santa Casa da Misericórdia do Porto, 2013.
http://www.monumentos.gov.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=5446
http://www.patrimoniocultural.gov.pt/pt/patrimonio/patrimonio-imovel/pesquisa-do-patrimonio/classificado-ou-em-vias-de-classificacao/geral/view/73490
http://www.patrimoniocultural.gov.pt/pt/patrimonio/patrimonio-imovel/pesquisa-do-patrimonio/classificado-ou-em-vias-de-classificacao/geral/view/74814