Casa Tait

Norte | Porto

Casa Tait

A Casa Tait, ou Quinta do Meio, protegida por altos muros de granito, ocupa uma área de pouco mais do que um hectare. Está situada numa encosta virada a poente, com vista panorâmica privilegiada sobre o rio Douro, na União de Freguesias de Lordelo do Ouro e Massarelos, Porto, junto aos Jardins do Palácio de Cristal e ao Museu Romântico da Quinta da Macieirinha.

A quinta, construída e habitada por várias famílias inglesas durante o século XIX, é, em 1900, adquirida ao Reverendo Edward Whiteley por William Chaster Tait, que já a habitava desde a década de 1880. Tait, um negociante britânico ligado ao vinho do Porto e muito notado pela sua vasta formação naturalista, possuía uma notável coleção de ovos, publicando, em 1924, a sua obra-mestra dedicada à ornitologia nacional intitulada The Birds of Portugal.

William Tait faleceria em 1928, sucedendo-lhe as filhas, Dorothy e Muriel, que cultivavam igualmente o gosto pela natureza, especialmente pelas plantas. Em 1978, ano do falecimento de Muriel, a propriedade é vendida à Câmara Municipal do Porto, sob a condição de que esta venha a ser aberta à cidade como espaço para usufruto público.

A Quinta encontra-se hoje substancialmente diminuída no que respeita à diversidade de plantas cultivadas pela família Tait. Destacava-se, então, a coleção de rosas nos grandes canteiros regulares de buxo, que ainda hoje se conservam num dos patamares inferiores, às quais se juntavam diversas plantas herbáceas de estação. Nas pérgulas que, entre estes canteiros, ensombravam os caminhos, cresciam rosas trepadeiras. Também no terraço intermédio se colecionaram lírios e a zona inferior da mata apresentava maior riqueza florística, nomeadamente pela presença de fetos arbóreos e outras plantas de meia-sombra. Até há pouco tempo a quinta era anunciada pela presença de uma imponente palmeira-das-Canárias, permanecendo, ainda, uma invulgar murta-do-Chile (Luma apiculata), na zona do jardim junto ao pátio de entrada na Casa, ao qual se acedia através do portão da estreitíssima rua das macieirinhas.

Atualmente, o acesso ao jardim faz-se através da antiga porta de carros situado ao fundo da rua de Entre-Quintas, ao lado do portão de acesso à Quinta da Macieirinha. Descendo em direção à casa, e passando a antiga garagem, encontra-se um pequeno jardim formal constituído por dois canteiros de buxo contendo roseiras e, ao centro, elementos decorativos de granito. Ladeando o caminho, que daqui segue para norte, encontra-se um monumental tulipeiro-da-Virgínia, com mais de 260 anos de idade e 32 metros de altura, classificado como Árvore de Interesse Público desde 1950.

Passando sob os ramos do tulipeiro, o caminho segue entre duas clareiras orladas por camélias centenárias, formando um túnel sobre o caminho, atingindo, algumas delas, portes verdadeiramente excecionais. A coleção de camélias do jardim, com cerca de 60 exemplares, encontra-se presentemente em vias de classificação. O espaço termina, a poente, num amplo miradouro sobre os dois patamares inferiores da quinta, apenas separados por um pequeno desnível, onde outrora marcaram presença o roseiral, canteiros floridos e o pomar. Hoje observa-se, no patamar superior, o desenho geométrico dos canteiros de buxo, agora preenchidos por relvados com pedestais de granito ao centro, estando o maior colocado em frente à casa e encimado por urna decorativa. O patamar inferior exibe ao centro um lago circular de granito, ladeado por árvores de citrinos, remanescentes do antigo pomar. Magnólias de folha caduca (denudata e stellata) e um magnífico eucalipto-de-flor-vermelha embelezam ainda este espaço, especialmente na primavera e no verão, com as suas exuberantes florações.

Regressando ao patamar das camélias, cujo muro de suporte alberga ao centro uma fonte de água de uma antiga mina, encontra-se, a nascente, uma longa escadaria de granito coroada por um majestoso carvalho-alvarinho, a partir da qual se acede ao patamar mais elevado do jardim, ocupado inteiramente pelo bosque. Nele se encontra um notável e diversificado conjunto de árvores, nomeadamente uma monumental magnólia-de-flores-grandes e um altíssimo tulipeiro-da-Virgínia com mais de 40 metros de altura, ambos em vias de classificação, para além de faias, teixos, castanheiros-da-Índia, camélias e loureiros.

Arvoredo de Interesse Público
Tulipeiro-da-Virgínia (Liriodendron tulipifera L.)
Nº Processo: KNJ1/113
Classificação: D.G. nº 204 II Série de 01/09/1950

Arvoredo de Interesse Público em Vias de Classificação
Tulipeiro-da-Virgínia (Liriodendron tulipifera L.)
Nº Processo: KNJ5/848
Entrada do requerimento: 08-04-2015

Magnólia-de-flores-grandes (Magnolia grandiflora L.)
Nº Processo: KNJ5/850
Entrada do requerimento: 08-04-2015

Camélias (Camellia japonica L.)
Conjunto com cerca de seis dezenas de camélias centenárias

Inventário: Matilde Cerqueira Gomes, João Almeida e Teresa Portela Marques – maio de 2020.

inserido na ROTA DO GRANDE PORTO

Casa Tait

(Consultada em maio de 2020)
ANDRESEN, Teresa; MARQUES, Teresa Portela – Jardins Históricos do Porto. Lisboa: Edições Inapa, 2001. p. 73.
http://www.monumentos.gov.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=35102
http://www.monumentos.gov.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=35057
http://europeangardens.eu/inventories/pt/ead.html?id=PRIEJP_Porto&c=PRIEJP_Porto_J54&qid=sdx_q11
http://www.cm-porto.pt/cidade-das-camelias/casa-tait
http://www.portoxxi.com/cultura/ver_edificio.php?id=40
http://www2.icnf.pt/portal/florestas/aip
https://dias-com-arvores.blogspot.com/2007/08/o-esplendor-do-desleixo.html

Rua de Entre Quintas 219, Porto