Casa do Casal

A Casa do Casal localiza-se em Refojos de Riba d’Ave, Santo Tirso, nas faldas do Monte do Pilar, em plano vale do rio Leça, rodeada pelos seus férteis campos agrícolas.

A propriedade, cuja parte ajardinada ocupa uma área com sensivelmente 3 hectares, foi pertença de Custódio Gil dos Reis Carneiro, que aí faleceu em 1898, sendo à data designada por Quinta do Casal. No início do século XX, o seu neto, Manuel Gil dos Reis Dias de Carvalho Ferreira seria o responsável pelas grandes obras de reedificação da Casa do Casal e dos espaços na sua envolvente, nela incorporando vários elementos trazidos da também sua Casa de Vilela ou do Sobrado, em São Tomé de Negrelos, Santo Tirso, nomeadamente o portão nobre e a sua pedra de armas datada de 1731.

O seu filho, Eng.º José da Veiga Gil de Carvalho Ferreira, pai dos atuais proprietários, daria início à plantação da vasta coleção de camélias que a Casa do Casal alberga, considerada a maior de Portugal, com cerca 1.600 exemplares de camélias de sensivelmente 500 cultivares nacionais e internacionais, e que continua a crescer.

O acesso ao jardim faz-se por longa e imponente alameda arborizada por carvalhos-escarlate intercalados com camélias, parte do eixo principal da propriedade, que se estende ao longo de quase 400 metros. No final da alameda, e passado o portão nobre, encontra-se um amplo quadrilátero ajardinado, murado, enquadrado a sul pela imponente fachada da casa e sua torre ameada, a nascente por um grande tanque de espaldar e a poente por uma capela, ambos setecentistas e provenientes da Casa de Vilela anteriormente referida. No seu centro encontra-se um grande chafariz circular de cantaria de granito.

As camélias são a espécie predominante neste espaço, distribuídas por quatro talhões delimitados por sebes de buxo. Junto ao portão, ladeado por imponentes sequoias, podem observar-se aquelas com os nomes dos antigos donos da casa; 'Engº José Gil Ferreira', à esquerda, e 'Maria do Sameiro Gil Ferreira', sua esposa, à direita de quem entra. Por trás do tanque armoriado, pode ainda observar-se uma bela faia-de-folhas-vermelhas.

Atravessando o átrio sob a casa encontra-se um espaçoso terreiro com chafariz ao centro, ensombrado por carvalhos-escarlate, ginkgos, magnólias-de-flores-grandes e camélias, nomeadamente o primeiro exemplar da Camellia crysantha plantado em Portugal, de invulgares flores amarelas. Duas camélias 'Cidade de Vigo' emolduram o portão a partir do qual se acede, através de um caminho coberto por uma ramada, a dois largos socalcos repletos de camélias, emoldurados pela frondosa mata que se estende a sul, para além do portão no final da ramada.

É na mata, cercada por altos muros de granito, que se encontram algumas das maiores árvores do jardim, designadamente carvalhos-alvarinho, sobreiros, cedros-do-Buçaco, eucaliptos, faias, liquidâmbares e sequoias, sendo o sub-bosque quase completamente preenchido por camélias. São vários os caminhos que a atravessam, sendo pontuada por espaços de estadia, fontes, escadas e estatuária de granito, como as quatro estações que adornam os quatro cantos do grande tanque hoje convertido em piscina.

Inventário: João Almeida – fevereiro de 2020.

inserido na ROTA DO GRANDE PORTO