Quinta das Devesas

Norte | Vila Nova de Gaia

Quinta das Devesas

A Quinta das Devesas situa-se junto ao centro histórico de Vila Nova de Gaia, entre os armazéns da Porto Barros, a ribeira de Azenhas e a estação das Devesas, na encosta norte do rio Douro, na União de Freguesias de Santa Marinha e São Pedro da Afurada. Ocupa uma área com cerca de 1 hectare.

A quinta seria originalmente composta por uma extensa área com campos de cultivo, vinha, pomares e hortas, antes de ser retalhada pela construção da estação ferroviária, pelo caminho público que a atravessa e pelos muitos armazéns de Vinho do Porto. Por volta de 1779, sabe-se que é propriedade de João de Faria e Gouveia, fidalgo da Casa Real, casado com D. Leonor Luísa de Freitas. Após a sua morte em 1821, D. Leonor passa a ser a única proprietária da Quinta das Devesas e, em 1842, uma vez que a sua filha não deixa descendentes, transmite todos os seus bens à sobrinha, D. Mariana Vitória Pinto, que casa com António Borges de Castro, primeiro e único visconde das Devesas e presidente da Câmara Municipal de Gaia entre os anos de 1856 a 1857.

No início da segunda metade do século XIX, o antigo solar é renovado e, em 1884, na sequência do falecimento de António Borges de Castro, também sem descendência, a quinta acaba na posse da sua sobrinha D. Maria da Conceição Bandeira de Castro e Lemos, casada com Francisco Pereira Pinto de Lemos, primeiro conde das Devesas. Em 1916, sucede-lhe o seu filho, Alfredo Pereira Pinto de Lemos, segundo conde das Devesas e fundador da Misericórdia de Vila Nova de Gaia, que falece em 1945. Sem descendentes, a quinta fica na posse do seu irmão, Ernâni Carlos Pereira Pinto de Castro e Lemos, terceiro e último conde das Devesas, que, também sem descendentes, lega, em 1965 os seus bens à Misericórdia de Vila Nova de Gaia, com usufruto para as cunhadas, a última das quais falece no solar em 1976, ficando a propriedade ao abandono até 2012.

Em 2009 é acordada entre a Misericórdia e o município uma solução urbanística para a quinta, que prevê a entrega do solar à Câmara Municipal de Gaia. Em 2012, a Câmara encarrega o Parque Biológico de Gaia da recuperação dos jardins e a sua transformação num parque público que viria a ser inaugurado em 2013 como Parque da Quinta do Conde das Devesas, após uma profunda intervenção que converte os jardins do solar num jardim de camélias de utilização pública.

A entrada no jardim faz-se por um socalco sobre a rua Dona Leonor de Freitas, através de um portão de ferro fundido, encimado por uma cartela em forma de escudo com a inscrição “QUINTA DAS DEVEZAS 1858”, ladeado por pilares de granito rematados por esferas decoradas com folhas de acanto.

Para além do portão encontra-se um amplo terreiro ajardinado que se desenvolve na frente do solar, hoje em completa ruína. O desenho do espaço consiste num conjunto de canteiros com camélias centenárias, de várias espécies e cultivares, e azáleas, para além de um magnífico tulipeiro-da-Virgínia com cerca de 34 metros de altura, um castanheiro-da-Índia, rododendros, butiás e palmeiras-de-saia-da-Califórnia. Do topo da escadaria do solar, ornamentada por esculturas em ferro de dois cervídeos sobre esferas, e desde o gradeamento que limita o espaço a norte obtém-se uma larga panorâmica sobre os armazéns do vinho do Porto e o casario. Sob o tulipeiro, observa-se ainda um lago circular, decorado por papiros e uma escultura de figura feminina.

Passando por um arco, sob a casa, acede-se ao jardim existente nas suas traseiras, composto por um conjunto de socalcos vencidos por lanços de escadas de granito, que contém a maior parte dos exemplares que constituem a coleção de camélias pela qual o jardim é hoje conhecido, com cerca de 118 variedades. As mais antigas encontram-se no primeiro patamar, ao longo de uma alameda formando um túnel de grande beleza, particularmente na época da floração, enquadrado no seu início por uma gruta com mirante no topo e, a um nível inferior, pelo grande lago e ponte, apresentando todos estes elementos uma feição romântica.

Para além das camélias, identificam-se nesta parte do jardim outros elementos arbóreos notáveis, nomeadamente uma araucária-de-Norfolk, duas magnólias de folha caduca, uma magnólia-de-flores-grandes e uma imensa canforeira, junto ao pátio com pequeno lago oval ao centro, nas traseiras do solar. Duas faias monumentais embelezavam até há poucos anos estes jardins; uma acompanhando a canforeira e outra o castanheiro-da-Índia da entrada.

Inventário: Matilde Cerqueira Gomes, João Almeida e Teresa Portela Marques – abril de 2020.

inserido na ROTA DO GRANDE PORTO

Quinta das Devesas

(Consultada em abril de 2020)
http://www.monumentos.gov.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=15628
http://gaiarevelada.blogspot.com/2017/10/o-parque-da-quinta-das-devesas.html
http://maquina1.portodigital.pt/sitios-amp/sitio/165
http://www.cm-gaia.pt/pt/turismo/vivenciar/contemplar/parques

Rua Dona Leonor de Freitas 162, Vila Nova de Gaia