Solar dos Condes de Resende

O Solar dos Condes de Resende localiza-se na freguesia de Canelas, no lugar de Negrelos, Vila Nova de Gaia, e ocupa uma área com cerca de 1 hectare.

Esta casa senhorial, outrora conhecida por Quinta da Costa ou Casa de Canelas, encontra-se referida documentalmente pela primeira vez na "Carta de Negrelos", em 1042, presumindo-se, assim, que a sua edificação remonte ao período medieval, entre o final do século X e o início do século XI. No século XVI, o solar pertence a Tomé da Costa, senhor do morgadio dos Baldaia, e durante o século XVIII é remodelado. Em 1758, encontra-se na posse da sua neta, D. Maria Clara Baldaia de Sousa Meneses e Tovar, casada com João Alves Pamplona Carneiro Rangel, fidalgo da Casa Real, senhor do morgadio de Beire na comarca de Penafiel e cavaleiro da Ordem de Cristo. Mais tarde, pelo casamento de D. Maria Balbina Pamplona Rangel, bisneta de D. Maria Clara Baldaia de Sousa Meneses e Tovar, com D. António Benedito de Castro, 4º Conde de Resende, a quinta, então pertença dos Viscondes de Beire, entra no património dos Condes de Resende.

Em 1984, o Solar dos Condes de Resende é adquirido pela Câmara Municipal de Gaia e sofre obras de adaptação e restauro para acomodar a Casa Municipal da Cultura e, presentemente, albergar um Centro de Documentação Histórica, espaços expositivos e para congressos. O solar é ainda a sede da Confraria Queirosiana, uma associação dedicada à investigação e divulgação da vida e obra de Eça de Queirós.

Acede-se ao solar e ao seu jardim a partir da travessa dos Condes de Resende, através de um portão rasgado em alto muro de granito, rematado por um caminho de ronda e ornamentado pela pedra de armas de Vila Nova de Gaia. À direita do portão, e ainda no exterior da propriedade, encontra-se a capela do solar, dedicada a São Tomé, com cruzeiro adossado à parede da fachada principal. Passado o portão, entra-se num amplo pátio pavimentado com lajes de granito, definido a norte e a nascente pelos corpos do solar e a sul por muro contendo fontanário ao centro, encimado por duas pirâmides. O corpo norte exibe uma ampla escadaria que termina numa varanda alpendrada e o corpo nascente o brasão dos Castro, Condes de Resende, sendo todo espaço embelezado por glicínias e hortênsias.

Com passagem pelo interior do solar acede-se ao jardim e aos espaços agrícolas da propriedade. O jardim das camélias ocupa o pátio a norte do solar, contendo ao centro uma pequena fonte rodeada por bancos de granito, envoltos, por sua vez, por um esbelto conjunto de camélias centenárias. A nascente deste núcleo central encontra-se a estátua de Eça de Queiroz, de autoria de Hélder de Carvalho, que por aqui se terá enamorado por Emília de Castro Pamplona, sua futura esposa e filha do 4º Conde de Resende. Para poente, encontra-se um conjunto de canteiros delimitados por sebes de buxo contendo roseiras e camélias que termina em miradouro gradeado, com assentos e alegretes floridos sobre a rua. No canto noroeste deste espaço localizam-se dois portões. Um dá acesso a um patamar superior que contém uma grande magnólia-de-flores-grandes sendo suportado por um muro coberto por glicínias em cujo topo corre uma levada de água; o outro dá acesso, através de um passadiço de granito sobre a antiga rua de acesso ao solar, ao núcleo rural da propriedade, não visitável atualmente.

Para nascente do solar desenvolve-se um conjunto de socalcos, presentemente com utilização agrícola e rematado por um notável par de sobreiros. Aqui se situa um grande tanque onde se recolhem as águas provenientes da nascente de São Mamede, na serra de Negrelos, destinadas à irrigação dos jardins e campos de semeadura da propriedade.

Inventário: Matilde Cerqueira Gomes, João Almeida e Teresa Portela Marques – abril de 2020.

inserido na ROTA DO GRANDE PORTO