Jardim Botânico da Madeira / Quinta do Bom Sucesso
Madeira | Funchal
Jardim Botânico da Madeira / Quinta do Bom Sucesso
O Jardim Botânico da Madeira fica localizado a cerca de 3 km do centro da cidade do Funchal, na freguesia de Santa Maria Maior, com uma área de cerca de 8 ha, dos quais 5 ha são de jardim. Como homenagem ao primeiro diretor, o jardim recebeu o nome Eng.º Rui Vieira, em 2009, ano do seu falecimento. É propriedade da Região Autónoma da Madeira, estando inserido no Instituto das Florestas e Conservação da Natureza, tendo como missão “promover o conhecimento e a investigação das espécies vegetais do arquipélago da Madeira, sua biodiversidade, monitorização, conservação e sustentabilidade e assegurar a manutenção de espaços verdes sob a sua jurisdição”.
O jardim botânico foi instalado na Quinta do Bom Sucesso, no topo da margem esquerda da ribeira João Gomes, entre os 150 e 300 m de altitude, entre a levada do Bom Sucesso e o caminho das Voltas, com uma vista panorâmica sobre o Funchal e o oceano Atlântico. A Quinta do Bom Sucesso, também chamada de Quinta da Paz ou Quinta Reid, foi criada pelo escocês William Reid em 1881, o mentor do requintado hotel Reid's Palace do Funchal, iniciado em 1886 e inaugurado em 1891. A família Reid permaneceu nesta quinta até 1936. Em 1952, a Junta Geral do Distrito Autónomo do Funchal adquiriu a quinta a Manuel Gomes da Silva, nessa altura com cerca de 10 ha, e, em 1960, deliberou a criação do Jardim Botânico da Madeira. Em 1997, o jardim foi alvo de obras de remodelação com a expansão das áreas ajardinadas e da coleção botânica, e com a criação de um anfiteatro e de um miradouro. O jardim faz parte da Associação Ibero-Macaronésica de Jardins Botânicos, estando a sua atividade inserida na estratégia global de conservação. O banco de sementes “Index Seminum” tem 100 táxones para cedência a outros jardins botânicos.
Desde o século XVIII que existia a ideia da criação de um jardim botânico na ilha da Madeira. Um relatório datado de 1798, elaborado por João Francisco de Oliveira, com o título “Apontamentos para se estabelecer na Ilha da Madeira hum viveiro de plantas e huma Inspecção sobre a Agricultura da mesma Ilha”, foi enviado ao naturalista italiano Domingos Vandelli, o diretor fundador do Real Jardim Botânico da Ajuda (Lisboa), primeiro jardim botânico português (1768). Um ano após o envio do referido relatório, em 1799, foi criado um viveiro de plantas na freguesia do Monte, sob orientação de João Francisco de Oliveira, que esteve em funcionamento até 1828, ano de início das Guerras Liberais. A coleção botânica possui cerca de 2500 espécies com origem de diversas regiões do globo, que estão distribuídas no jardim segundo a sua família, distribuição geográfica e utilidade. As plantas do jardim estão identificadas com placas com a identificação do nome científico, nome comum, família e local de origem. As coleções principais incluem as espécies endémicas da Madeira, o arboreto, as plantas suculentas, os jardins coreografados, as plantas agroindustriais, as plantas aromáticas e medicinais, as palmeiras e cicadáceas.
Acede-se a partir do caminho do Meio e passada a portaria, encontra-se a casa da antiga Quinta do Bom Sucesso que alberga atualmente o Museu de História Natural e o Herbário Padre Manuel da Nóbrega assim como o Laboratório de Investigação em Biodiversidade e Conservação Macaronésica. A quinta encontra-se em plena encosta com 150 metros de desnível pelo que se encontra armada em várias plataformas sustentadas por muros, estando limitada do lado poente pela ribeira de João Gomes que desagua no Funchal e está ocupada por uma mancha representativa da Laurissilva. Pela frente da casa passa um caminho que é um eixo estruturante do jardim, imediatamente a sul encontra-se o roseiral, a coleção de Bromélias e a de Suculentas constituída por plantas na sua grande maioria originárias da América do Sul. Após o que se atravessa uma área de flora indígena e endémica da Madeira em que se destacam o til (Ocotea foetens), o loureiro (Laurus novocanariensis), a faia (Myrica faya), o folhado (Clethra arborea), o vinhático (Persea indica), o dragoeiro (Dracaena draco), o gerânio da Madeira (Geranium maderense), o mocano (Pittosporum coriaceum), o jasmineiro amarelo (Jasminum azoricum), entre outras. Para norte do caminho, numa zona bastante acidentada e com uma densa rede de caminhos está instalado o arboreto com árvores e arbustos originários de várias partes do planeta como as araucárias (Araucaria bidwilii e Araucaria heterophylla), as sequoias (Sequoia semprevirens, Metasequoia sp.), ou o Eucalyptus ficifolia, os ginkgos, as dombeias, as magnólias, etc. Encontra-se uma pequena lagoa e uma gruta denominada “furna dos namorados” com vista sobre o Funchal. A sul do arboreto fica a estufa e o jardim das plantas aquáticas que conduz ao bar-esplanada. A sul do jardim das plantas aquáticas encontram-se os chamados “jardins coreografados” que exibem plantações de mosaico-cultura com base em padrões geométricos e esquema de cores contrastantes de tons de vermelho, verde e amarelo. Aqui existe uma casa típica de Santana com cobertura de colmo. Numa cota inferior aos “jardins coreografados” estão instaladas as coleções de plantas agroindustriais com cerca de 150 espécies e variedades de plantas utilizadas na alimentação e na indústria, com destaque para as árvores de fruto tropicais e subtropicais, de plantas têxteis, aromáticas e medicinais. Na parte inferior do jardim existe um anfiteatro de ar livre envolto por coleções de hibiscos, cicas, palmeiras – estas duas criadas em 1997 - e ainda áreas com flora indígena e exótica da Madeira e novas áreas com topiária. Na parte norte do jardim, existe junto à coleção de camélias, imediatamente acima do arboreto, o teleférico que faz um percurso de 1600 m até ao Monte.
Inventário: Sónia Talhé Azambuja (março de 2020)
inserido na ROTA DA MADEIRA
Jardim Botânico da Madeira / Quinta do Bom Sucesso
(consultada em março de 2020)
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