Jardim do Hospício Princesa D. Maria Amélia
Madeira | Funchal
Jardim do Hospício Princesa D. Maria Amélia
O jardim do Hospício Princesa D. Maria Amélia fica situado na freguesia da Sé, na Avenida do Infante, em frente ao maior parque do centro histórico do Funchal, o Parque de Santa Catarina. Este jardim tem uma área de 0,64 ha, a uma altitude que vai dos 30 aos 37 metros, com exposição dominante a sudeste.
D. Amélia Leuchtenberg de Bragança (1812-1873), imperatriz-viúva de D. Pedro I do Brasil, rei D. Pedro IV de Portugal, era neta de Josefina Beauharnais (1763-1814), primeira mulher de Napoleão Bonaparte (1769-1821), e que foi Imperatriz da França. D. Amélia e a sua filha D. Maria Amélia, princesa do Brasil, conhecida como "A Princesa Flor", instalaram-se em 1852 na Quinta das Angústias, atual Quinta da Vigia. A sua vinda para a Madeira está relacionada com a procura da cura no clima ameno da Madeira para a tuberculose da princesa D. Maria Amélia, filha mais nova rei D. Pedro IV. Em 1853, a princesa D. Maria Amélia sucumbiu à doença e a imperatriz-viúva financiou a construção de um hospício denominado "Princesa D. Maria Amélia", em homenagem à memória da filha, destinado a tratar doentes tuberculosos com poucos recursos económicos. As obras de construção do Hospício Princesa D. Maria Amélia decorreram entre 1856 e 1859, tendo o hospício começado a operar em 1862. O edifício do sanatório segue o projeto de traça neoclássica do arquiteto inglês Edward Buckton Lamb (1805-1869), incluindo as adaptações do plano do arquiteto e engenheiro e madeirense João de Figueiroa de Freitas Albuquerque. D. Amélia Leuchtenberg de Bragança morreu em 1873, tendo o hospício sido herdado pela sua irmã, Josefina Josefina de Leuchtenberg (1807 -1876), rainha da Suécia. Desde desse época, a coroa da Suécia tem sido responsável pela tutela desta instituição de apoio social. Atualmente, a Fundação Princesa Dona Maria Amélia gere a propriedade, estando o edifico principal a funcionar como lar de idosos e os edifícios anexos da antiga área agrícola da propriedade a funcionar como infantário e escola do ensino básico. Este lugar tornou-se num dos símbolos do romantismo madeirense, sendo paragem obrigatória para os visitantes distintos da ilha. Segundo o Elucidário Madeirense, ao longo da sua história, o hospício e jardim foram visitados por figuras ilustres como o rei D. Carlos e a rainha D. Amélia, o rei Óscar da Suécia, e diversos príncipes e princesas, para além de médicos especialistas em doenças pulmonares.
O portão de acesso ao jardim fica localizado na Avenida do Infante, nas imediações da Quinta Vigia, e em frente ao Parque de Santa Catarina. A seguir ao portão temos um lanço de escadas ladeadas por painéis de azulejos com as armas republicanas do Brasil e da rainha Josefina da Suécia. Dois dragoeiros de grande porte enquadram o topo das escadas. O jardim ocupa um patamar entre o edifício principal e a Avenida do Infante, sendo formado por cerca de duas dezenas de canteiros de traçado orgânico, e caminhos curvilíneos calcetados com seixos basálticos, com padrões elaborados com calhaus rolados de calcário. O edifício principal tem um frontão rematado por cruz, com as armas reais da Suécia, e com a inscrição "Hospício da Princeza Donna Maria Amélia".
Na coleção de plantas deste jardim criado há mais de 150 anos destacam-se árvores de porte notável, como o enterolóbio (Enterolobium cyclocarpa), os barbusanos (Apollonias barbujana), as figueiras-da-Índia (Ficus benjamina), os pinheiros-de-Damara (Agathis robusta), as canforeiras (Cinnamomum camphora), os tis (Ocotea foetens), as caneleiras (Cinnamomum zeylanicum), as araucárias (Araucaria heterophylla), as sumaúmas (Ceiba speciosa), os eucaliptos (Eucalyptus ficifolia), a acácia-rubra (Delonix regia), entre outras. A água da rega do jardim é proveniente da Levada dos Piornais. De entre a coleção de plantas, as espécies com as florações mais exuberantes são a acácia-rubra (Delonix regia), as sumaúmas (Ceiba speciosa), o enterolóbio (Enterolobium cyclocarpa), as camélias (Camellia japonica), as coralinas (Erythrina speciosa, E. Lysistemon, E. abyssinica), e as glicínias (Wisteria sinensis), etc. As plantas mais frequentes neste jardim são os agaves-pescoço-de-cisne (Agave attenuata) e a palmeira-das-Canárias (Phoenix canariensis).
Monumento / Interesse Público (IP) / ZEP, Portaria n.º 97/2005, JORAM, 1.ª série, n.º 107, de 24 agosto 2005
Inventário: Sónia Talhé Azambuja - março de 2020.
Jardim do Hospício Princesa D. Maria Amélia
(consultada a março de 2020)
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