Jardim Municipal de S. Francisco
Madeira | Funchal
Jardim Municipal de S. Francisco
O Jardim Municipal de S. Francisco fica situado na freguesia da Sé, no centro histórico do Funchal. O jardim tem uma área de cerca de 0,8 ha, com uma inclinação suave, com a cota máxima de 20m e a mínima de 18m, e uma exposição predominante a sul.
Este jardim foi construído nos terrenos do antigo convento de S. Francisco (século XVI), passou para a posse da autarquia em 1844 na sequência da extinção das ordens religiosas de 1834, tendo sido demolido em 1866. Em 1878, a autarquia aprovou a proposta da construção do Jardim Municipal e, em 1880, tiveram início as obras com a plantação de plantas encomendadas de Paris e do Porto. As árvores de maior porte do jardim deverão ter sido plantadas por esta altura, tendo agora cerca de 140 anos. Segundo o Elucidário Madeirense (1940), a 1 de Outubro de 1885 a Câmara deu ao novo jardim o nome de Jardim Municipal, mas em 6 de Setembro de 1897 esse nome foi substituído pelo de Jardim D. Amélia, o qual se conservou até 27 de Outubro de 1910, data em que foi resolvido restabelecer a denominação dada em 1885.
O arquiteto paisagista Francisco Caldeira Cabral (1908-1992), fundador da profissão de arquiteto paisagista em Portugal, foi convidado em 1941 pelo Presidente da Câmara do Funchal, Fernão de Ornelas Gonçalves (1908 -1978), para intervir em vários projetos de espaços exteriores do Funchal. De acordo com Teresa Andresen (2003) poucos vestígios se mantêm do que terá sido a intervenção de Caldeira Cabral e informa que o viveirista do Porto, Moreira da Silva, também possa ter estado envolvido na renovação do jardim. No canto sudoeste do jardim está localizada uma tabacaria com telhado de colmo, projetada por Caldeira Cabral, mas que originalmente se destinava à venda de flores dos jardins municipais e casa das ferramentas do jardim. Em 1992, foi construído um auditório rebaixado (anfiteatro) onde se realizam concertos e outros eventos culturais. Junto do auditório ficam o bar e a esplanada. Na zona do auditório existia um coreto de ferro forjado que foi transferido em 1942 para Câmara de Lobos. Em torno do anfiteatro ainda permanece um longo banco circular da autoria de Caldeira Cabral.
O jardim tem uma forma quase quadrangular, limitada pela avenida Arriaga e pelas três ruas de São Francisco, Ivens e do Conselheiro. Uma rede de caminhos amplos, em calçada de seixo rolado, com traçado orgânico, estabelece o sistema de circulação. No canto noroeste do jardim, entre a rua do Conselheiro, e a avenida Arriaga, encontra-se um lago de configuração romântica, existindo a referência que nele existiu uma estátua evocando Paul et Virginie. Nesta zona do jardim podemos observar um conjunto de árvores de porte monumental como a bela-sombra (Phytolacca dioica), o til (Ocotea foetens), a sumaúma (Chorisia speciosa), entre outras espécies. Na zona poente do jardim existe uma pequena lagoa com repuxos e um riacho. Junto à avenida Arriaga também são de realçar as tipuanas (Tipuana tipu), pinheiro-da-Damara (Agathis robusta), e a árvore-da-chuva (Albizia saman). Neste jardim, de acordo com Raimundo Quintal, predominam as espécies tropicais e subtropicais. Na coleção de plantas destacam-se as seguintes espécies: macadâmia (Macadamia integrifolia), planta-dos-dentes (Plumeria rubra var. acutifolia), jacarandá (Jacaranda mimosifolia), cycas, nolinas, estrelícias, loncocarpos, coralina elegante (Erythrina speciosa), sumaúma (Chorisia speciosa), pândano (Pandanus utilis), palmeira-da-geleia (Butia capitata), etc.
Inventário: Sónia Talhé Azambuja - março de 2020.
inserido na ROTA DA MADEIRA
Jardim Municipal de S. Francisco
(consultada a março de 2020)
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