Parque Municipal do Monte

O Parque Municipal do Monte fica situado na freguesia do Monte, a cerca de 4 km do centro histórico do Funchal. Este parque tem uma área de 2,6 ha, que vai da cota mais baixa de 508 metros, no extremo sul, no talvegue do Ribeiro de Santa Maria, à cota mais alta de 589 metros, a norte da igreja. O Parque Municipal do Monte é o jardim público que se localiza a maior altitude na ilha. O parque tem exposições dominantes a sudoeste e a sul, sendo o declive médio extremamente acentuado, na ordem dos 27%. A área com o declive suave, inferior a 10%, localiza-se no Largo da Fonte.

Adão Ferreira, o primeiro homem nascido na Madeira, filho de Gonçalo Ayres Ferreira, escudeiro do Infante D. Henrique e povoador da ilha, foi o responsável pela construção em 1470 de uma capela dedicada à devoção de Nossa Senhora da Encarnação, que está na origem da Igreja de Nossa Senhora do Monte. As festas de Nossa Senhora do Monte, celebradas no dia 15 de agosto, são comemoradas nesta capela desde 1551, data em que passou a ter capelão. O terramoto de 1748 destruiu parcialmente a igreja que, no ano seguinte, começou a ser reconstruída, tendo estas obras sido concluídas apenas em 1818. A traça da igreja tem características maneiristas e barrocas. Carlos de Habsburgo (1887-1922), o último imperador da Áustria, que faleceu na Quinta do Monte (atual Quinta Jardins do Imperador) em 1922, está sepultado numa capela desta igreja. De acordo com o Elucidário Madeirense, o parque começou a ser construído em 1894, tendo a câmara adquirido a João Baptista de Sousa os terrenos para a sua construção. A Câmara Municipal do Funchal, em 1895, deu o nome do seu presidente, José Leite Monteiro (1841-1921), ao parque do Monte, designando-o por Parque Leite Monteiro. Em 1896, devido à queda de um castanheiro de grande porte, a antiga fonte de Nossa Senhora foi destruída tendo as obras da nova fonte sido iniciadas no ano seguinte. Com a instauração da república foi restabelecido o nome primitivo do parque em 1913. Os trabalhos de construção do parque decorreram entre 1894 e 1899.

Segundo Raimundo Quintal, a formação vegetal original deste parque seria uma floresta de transição entre a vegetação xerófila do litoral da ilha da Madeira e a Laurissilva, sendo que a atual composição florística do parque revela uma predominância de plantas de climas temperados e subtropicais. As espécies mais abundantes da flora deste parque são os fetos-arbóreos (Cyathea cooperi), as camélias (Camellia japonica), os tis (Ocotea foetens), os folhados (Clethra arborea), os plátanos (Platanus x acerifolia) e as acácias (Acacia mearnsii). No elenco de espécies do parque também estão presentes espécies da flora madeirense como as ginjeiras-bravas (Prunus hixa), o vinhático (Persea indica) e os tis. Junto da Igreja de Nossa Senhora do Monte podemos observar duas árvores de porte monumental: o til (Ocotea foetens) e o pinheiro-de-Damara (Agathis robusta). O Largo da Fonte tem um núcleo de plátanos centenários (Platanus x hybrida) com cerca de 50 metros de altura.

Acede-se ao parque através do Largo da Fonte, enquadrado por plátanos centenários, tendo do lado direito o edifício da antiga estação de comboio do Monte, no centro do largo um coreto de ferro forjado e, em frente, a fonte de Nossa Senhora. O ribeiro de Santa Maria atravessa subterraneamente o Largo da Fonte, caindo em cascata na direção sul. O parque desenvolve-se em socalcos entre o Largo da Fonte e o adro da igreja, existindo entre estes dois pontos um grande lago, que tem no centro uma pedra com o desenho do mapa da ilha da Madeira. Os caminhos pedonais são de calçada basáltica. O traçado do parque é maioritariamente orgânico, à maneira dos jardins paisagistas em voga no final do século XIX. A igreja está implantada num patamar elevado em relação ao adro, com uma grande escadaria com a largura da fachada do templo. A poente da igreja fica a casa dos Romeiros e, a nascente da igreja, já fora do perímetro do parque, encontra-se a casa dos Carreiros, de onde se inicia o percurso de descida de 2 km dos carros de cesto, desde o Monte até ao Funchal. O adro da igreja é um autêntico miradouro sobre a vista deslumbrante do anfiteatro do Funchal até ao oceano. Desde o desastre natural madeirense das cheias de 1803, na Madeira referidas localmente como aluvião, que Nossa Senhora do Monte passou a ser padroeira da ilha. Neste lugar decorre desde há quase cinco séculos a mais antiga e importante romaria da ilha da Madeira, comemorada a 15 de agosto, data em que a Igreja Católica assinala a Assunção da Virgem Maria, e celebra Nossa Senhora do Monte, a padroeira do arquipélago.

Inventário: Sónia Talhé Azambuja - março de 2020.

inserido na ROTA DA MADEIRA