Quinta da Magnólia
Madeira | Funchal
Quinta da Magnólia
A Quinta Magnólia fica situada entre a Rua Dr. Pita e o Ribeiro Seco, na freguesia de São Martinho, no Funchal, perto da zona turística do Lido. Esta quinta tem uma área de 3,50 ha, a uma altitude que vai dos 10 aos 75 metros, com exposição dominante a sul e a sudeste.
Esta quinta foi construída por volta de 1826 por John Howard Marsh (1791-1863), cônsul americano na Madeira, proprietário da casa comercial de vinho da Madeira John Howard Marsh & C.ª. Marsh importou várias plantas dos Estados Unidos da América para a Quinta da Magnólia, sendo a mais notável a magnólia (Magnolia grandiflora), árvore originária da América do Norte, que deu o nome à quinta. Em 1895, Herbert Watney (1843-1932), médico inglês, adquiriu a quinta e ampliou os limites da propriedade até ao vale encaixado do Ribeiro Seco. O álbum de fotografias de Herbert Watney de 1898 revela que o jardim já estava concluído nesta altura. De acordo com Gerald Luckhurst, Herbert Watney era um horticultor amador que, ao longo de quase quatro décadas, reuniu uma impressionante coleção de plantas originárias de todo o mundo. O jardim da quinta é de traçado paisagista inglês, com extensos relvados, mix borders e uma grande variedade de árvores e arbustos. Pouco antes da morte de Herbert Watney, a quinta foi vendida à família Blandy. As famílias Blandy e Leacock, em conjunto com outros comerciantes ingleses, fundaram em 1931 o British Country Club na quinta, destinado ao convívio de sócios de ascendência inglesa. No período do Clube Britânico, a quinta tinha restaurante, uma piscina com água do mar, um campo relvado de croquet, um mini-golfe e dois campos de ténis. Em 1980, a quinta foi expropriada ao Clube Britânico pelo Governo Regional da Madeira, tendo aberto ao público em 1981. Entre 1983 e 1990 a casa principal da quinta funcionou como secção da Escola de Hotelaria. Atualmente a casa principal funciona como Biblioteca e mantém uma área para receções.
Acede-se à quinta através de um portão na rua Dr. Pita. O edifício principal da casa fica frente do portão, do lado direito três canteiros com árvores, arbustos e herbáceas. Um caminho no sentido nordeste dá acesso a um amplo relvado, e a uma vista sobre o Funchal e o oceano. No patamar de baixo ficam dois campos de ténis e uma piscina. A casa principal da quinta e o extenso relvado estão localizados na área mais plana, com pequena inclinação para sudeste. Os caminhos do interior do jardim são maioritariamente de traçado orgânico, com relvados, e uma grande diversidade de vegetação. Nos limites da quinta, a nordeste e a este estão localizados mais dois campos de ténis. Uma estreita faixa da quinta, na cota mais baixa, acompanha o percurso do Ribeiro Seco.
A água da rega do jardim é proveniente da Levada dos Piornais, sendo armazenada num reservatório junto ao Estádio dos Barreiros, numa zona de cota mais alta. De acordo com Raimundo Quintal na Quinta da Magnólia predominam as plantas tropicais e subtropicais, sendo de destacar pela sua raridade, as duas-árvores-do-cravinho (Pimenta racemosa), o enterolóbio (Enterolobium cyclocarpa), o loncocarpo (Lonchocarpus sericeus) e as duas palmeiras-do-vinho-do-chile (Jubaea spectabilis). O mesmo autor realça da flora madeirense as seguintes plantas indígenas: barbusano (Apollonias barbujana), loureiro (Laurus novocanariensis), til (Ocotea foetens) e vinhático (Persea indica). De entre as árvores de porte monumental evidenciam-se o cedro-do-Buçaco (Cupressus lusitanica), o enterolóbio (Enterolobium cyclocarpum) e a canforeira (Cinnamomum camphora).
Inventário: Sónia Talhé Azambuja - março de 2020.
inserido na ROTA DA MADEIRA
Quinta da Magnólia
(consultada a março de 2020)
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