Quinta de Santo António

Madeira | Funchal

Quinta de Santo António

A Quinta de Santo António localiza-se na freguesia de Santo António, no Funchal. Com uma área de cerca de 3 ha, está implantada a uma cota de 320 m de altitude, perto da ribeira de Santo António, uma das linhas de água mais relevantes da costa sul, que desagua na baía do Funchal.

Esta quinta segue a estrutura tradicional da quinta madeirense: casa, jardim, área agrícola e/ou mata e terá na sua origem numa das mais antigas propriedades da Madeira, outrora referida como Quinta de Sant’Ana Vasconcellos datando do século XV e, portanto, contemporânea do início do povoamento. A propriedade encontra-se na posse da mesma família, descendente de Bartolomeu Perestrelo (c. 1395-c. 1458) navegador e primeiro capitão da ilha de Porto Santo. A Quinta desde muito cedo esteve ligada à produção vinícola, por isso, designada “Casa da Vindima”, dispondo de uma adega. A propriedade possuía um grande pinhal que supria as necessidades de madeira da casa, bem como um pomar e uma horta. Em épocas passadas, a quinta destacou-se também pelo cultivo de cana-de-açúcar, primeiro grande ciclo económico da ilha. A casa da quinta era usada como casa de verão, tendo sido ampliada no século XIX e num terraço foi construído um jardim com vista para o Funchal. Maria Ana de Freitas Branco Rootham foi sua proprietária tendo-a herdado de sua parente Leocádia Silvana de Sant'Ana e Vasconcelos (1855-1925), condessa de Almada, sendo nesta altura conhecida como Quinta Sant'Ana e Vasconcellos. Maria Ana de Freitas Branco Rootham, casou em 1921 com Fredrick Basil Rootham, de nacionalidade inglesa que trabalhava na Cable & Wireless, uma empresa de telecomunicações pioneira nas travessias por cabos submarinos. Trouxeram com eles do Brasil a buganvília que cobre a pérgula com a sua floração exuberante. A sua filha Mary de Freitas Branco Rootham Goodley, mãe da atual proprietária Wendy Goodley-Hodkinson, viveu na Madeira desde 1939 e, mais tarde, viveu na Quinta de Santo António à qual muito se dedicou.

Acede-se à quinta a partir de um portão que dá para um caminho de seixos que conduz à casa antecedida por um pequeno bosquete e um canteiro a todo o comprimento da casa. A quinta tem uma componente ornamental que entrecruza com a componente produtiva – as fazendas - e outra lúdica destinada ao acolhimento dos utilizadores do turismo de habitação, incluindo nomeadamente uma piscina. A entrada na casa faz-se através de um pequeno pátio-varanda com vista sobre o Funchal. Encostado à varanda encontra-se um tanque que o caminho descendente contorna e conduz aos patamares inferiores. O jardim apresenta grande diversidade de espécies, sendo de destacar buganvília, magnólia, glicínia, estrelícia, rosas, entre outras. A casa, com dois pisos, fica à direita deste caminho e encontra-se sobre um amplo terraço relvado suportado por um muro. O caminho estrutura toda a propriedade, descendo sinuosamente até à eira, o ponto mais baixo da quinta atravessando uma zona de hortas. Mais acima, perpendicularmente a este desenvolve-se um outro caminho com muro de suporte em pedra basáltica que sustenta o terraço relvado e os campos de bananeiras e baixas ramadas de vinha. Por sua vez, deste caminho, ascende um outro com degraus que vai diretamente à casa dando acesso às casas de turismo em diferentes patamares. A árvore mais notável e antiga da quinta é uma Araucaria heterophylla de enorme porte, considerada um dos primeiros exemplares desta espécie na Madeira e que se torna num ponto focal da Quinta de Santo António. O capitão James Cook (1728-1779) esteve na Madeira numa das suas viagens e foi o difusor desta espécie na Europa no final do século XVIII-XIX. É também de destacar a presença e a dimensão de Monstera deliciosa, quer na entrada da casa junto à buganvília quer junto ao tanque, para além de muitas outras espécies autóctones e exóticas da ilha.

Inventário: Sónia Talhé Azambuja – março 2020.

inserido na ROTA DA MADEIRA

Quinta de Santo António

(consultada em março de 2020)
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