Jardim do Belmond Reid’s Palace Hotel
Madeira | Funchal
Jardim do Belmond Reid’s Palace Hotel
O Belmond Reid’s Palace Hotel, situado na Estrada Monumental, a cerca de 3 km do centro do Funchal, está implantado na arriba do Salto do Cavalo, com exposição dominante a sudeste, a uma altitude que vai dos 10 m aos 50 m, num promontório com uma vista panorâmica do anfiteatro do Funchal.
O escocês William Reid chegou à ilha da Madeira com 14 anos, em 1836, e enriqueceu com o comércio do vinho da Madeira. Em 1881, William Reid depois de adquirir a Quinta do Bom Sucesso, atual Jardim Botânico da Madeira, aí passou a residir. Imbuído do espírito da Belle Époque, William Reid idealizou o Reid's Palace Hotel, iniciado em 1886 e inaugurado em 1891, pouco tempo após a sua morte precoce. A família Reid encomendou o projeto do hotel ao arquiteto e egiptologista inglês George Somers Clarke (1841-1926), autor do Shepheard Hotel no Cairo. O Reid’s foi o primeiro hotel da ilha da Madeira a ser construído com base num projeto de arquitetura. Este hotel tinha uma forte orientação para o turismo terapêutico de estrangeiros, uma vez que no século XIX, no auge do romantismo, o clima subtropical da ilha da Madeira foi considerado o melhor clima do mundo para a cura da tuberculose. Os filhos de William Reid, William e Alfred Reid, deram continuidade ao projeto do hotel que permaneceu na propriedade da família até 1925, altura em que o venderam a uma empresa inglesa. Em 1937, a família Blandy, adquiriu o Reid’s que permaneceu na sua posse até 1996, ano em que foi vendido ao Orient Express Hotels Group, atualmente cadeia Belmond. Ao longo da sua história o hotel recebeu várias personalidades ilustres, como é o caso de Winston Churchill que ficou hospedado no Reid’s, em 1949, para recuperar de saúde, e onde pintou e escreveu as suas memórias.
A área total da propriedade é de 3 ha, dos quais 1,74 ha são área de jardim distribuída por um impressivo conjunto de patamares e terraços, percorridos por um longo caminho, numa sucessão de verdadeiros miradouros sobre o Funchal, a Madeira e o oceano Atlântico e com um património florístico notável. O acesso ao hotel faz-se por um pequeno pátio ajardinado, a partir da Estrada Monumental, que dá diretamente para o hall do hotel. Neste pátio existem vários exemplares notáveis de patas-de-elefante (Nolina recurvata), à direita, existe um acesso em seixo rolado ao jardim que fica na parte de trás do hotel e que conduz do ponto mais alto, junto à escarpa sobre o mar, até à área da piscina, e à plataforma junto ao mar, o ponto mais baixo da propriedade. Na parte de trás do hotel, existe uma área mais ampla em dois níveis, suportada por muretes de pedra basáltica e pontuada por palmeiras e araucárias, com áreas de lazer para os hóspedes do hotel. Numa cota inferior, existe uma vasta plataforma onde se encontram duas piscinas destinadas aos hóspedes do hotel podendo-se ainda aceder à piscina marítima e descer umas escadas para dar um mergulho no mar. Os canteiros de ambos os lados do caminho estão acompanhados de pequenos muretes também em pedra basáltica constituindo verdadeiros ‘mixed borders’, preenchidos por uma diversificada de plantas onde se destacam as suculentas (géneros Aloe, Crassula e Kalanchoe), Bromeliácias e Arácias. A rede de caminhos do jardim, por vezes, está coberta por latadas com trepadeiras de florações exuberantes, como a vinha-de-jade (Strogylodon macrobotrys), e tem colocados diversos bancos. Vários lances de escadas fazem a transição entre diferentes plataformas. Segundo Raimundo Quintal, o índice de riqueza florística deste jardim está integrado na classe “excecional” com mais de 500 espécies, com predomínio das regiões de clima subtropical e de clima temperado com inverno suaves. Destacam-se as seguintes espécies: a palmeira-das-canárias (Phoenix canariensis), o jacarandá (Jacaranda mimosifolia), a patas-de-elefante (Nolina recurvata), a coralina (Erythrina lysistemon), a dombeia (Dombeya cacuminum), a acácia-rubra (Delonix regia), a scótia (Schotia brachypetala), a araucária (Araucaria heterophylla), a agave-pescoço-de-cisne (Agave attenuata), entre outras. Também se podem observar árvores da flora madeirense, como os dragoeiros (Dracaena draco ssp. draco) e os zambujeiros (Olea maderensis).
Inventário: Sónia Talhé Azambuja - março de 2020.
Jardim do Belmond Reid’s Palace Hotel
(consultada em março de 2020)
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