Quinta da Casa Branca

Madeira | Funchal

Quinta da Casa Branca

A Quinta da Casa Branca localiza-se na freguesia de São Martinho, a uma altitude que vai dos 75 aos 90 metros, com exposição predominante a sul.

A história da Quinta da Casa Branca tem início no século XVIII, sendo os seus proprietários a família britânica Leacock que estava ligada ao comércio do açúcar e do vinho da Madeira. O inglês John Leacock chegou à Madeira no século XVIII, e foi pioneiro no comércio do vinho da Madeira com Inglaterra. A família Leacock afirmou-se ao longo de várias gerações do tempo como um dos mais destacados produtores de vinho Madeira até 1925. Na década de 40 do século XX, Edmund Erskine Leacock (1891-1977), grande industrial e proprietário, encomendou ao arquiteto Leonardo de Castro Freire (1917-1970) o projeto da casa principal da quinta, e ao arquiteto paisagista Evelyn Cowell o projeto dos jardins da quinta, tendo a construção sido iniciada em 1947. Nos anos 80-90 do século XX, a propriedade foi dividida em duas frações, continuando a fração localizada na zona norte, incluindo a casa principal a designar-se por Quinta da Casa Branca, e a fração da zona sul foi vendida ao Grupo Pestana para a criação do Hotel Pestana Village (inaugurado em 1996). Em 1998 foi inaugurada a Estalagem da Quinta da Casa Branca, com projeto da unidade hoteleira pelo arquiteto João Favila Menezes, e projeto do jardim da estalagem pelas arquitetas paisagistas Filipa Cardoso de Menezes e Catarina Assis Pacheco. Em 2001 foi elaborado um novo projeto pelas mesmas arquitetas paisagistas, para ampliação do jardim no âmbito da extensão da estalagem. A casa principal funciona como hotel desde 2015, que integra a rede internacional de Small Luxury Hotels of the World (SLH). Inicialmente, a área da quinta era de 6,6 ha, que ia desde a Rua da Casa Branca, a norte, até à Estrada Monumental, a sul, existindo na fazenda uma área de exploração agrícola (inicialmente vinha e depois banana) e uma área de pecuária (leite e fábrica de manteiga). Presentemente a quinta tem uma área de 2,8 ha.

Atualmente acede-se à quinta pela Rua da Casa Branca que leva diretamente à receção da estalagem que se localiza no ponto mais alto da propriedade e que é acompanhada por uma área arborizada constituída por espécies de árvores tropicais e subtropicais, nomeadamente araucária-de-bidwill (Araucaria bidwillii), canforeira (Cinnamomum camphora), paineira (Ceiba speciosa), scótia (Schotia brachypetala), jacarandá (Jacaranda mimosifolia), tipuana (Tipuana tipu). O acesso à casa principal, hoje um hotel, e aos seus jardins é feito através dos novos jardins entretanto construídos entre a estalagem e a casa num terreno levemente inclinado, plantado com uma grande profusão de espécies, constituindo uma ampla clareira delimitada a sul pelas fachadas norte e poente da casa e pontuada pela presença de grandes árvores. Um caminho largo em seixo rolado atravessa os jardins, ladeado por relvados delimitados por ‘mixed borders’ e vai dando acesso aos diferentes espaços. A fachada principal da casa, com os seus dois andares, está orientada a sudoeste e é servida por um amplo terraço relvado, acessível a partir da casa e de duas escadas, uma a poente e outra a sul. Num nível inferior encontra-se uma piscina e, a poente da casa, existem ainda campos de bananeira e espécies fruteiras tropicais como o abacateiro, a papaeira, o maracujá ou a mangueira. Mais a poente existem hoje outras infraestruturas destinadas aos hóspedes envoltas em jardins onde ainda prevalecem algumas espécies notáveis. A quinta conta com de mais de 260 espécies de todo o mundo. De entre as espécies com porte mais notável são de destacar a araucária (Araucaria heterophylla), a figueira-da-índia (Ficus benjamina), o pinheiro-de-damara (Agathis robusta), a palmeira-de-leque-da-califórnia (Washingtonia filifera), a palmeira-de-leque-mexicana (Washingtonia robusta) e o til (Ocotea foetens) da Laurissilva, o remanescente do coberto florestal primitivo da Madeira. As plantas que mais de destacam pela beleza da floração são as glicínias (Wisteria sinensis e Wisteria sinensis ‘Alba’), as gaitinhas (Pyrostegia venusta), a coralina-crista-de-galo (Erythrina crista-galli), a magnólia (Magnolia x soulangeana), a estrela-azul (Petrea volubilis), entre outras.

Inventário: Sónia Talhé Azambuja - março de 2020.

Quinta da Casa Branca

(consultada em março de 2020)
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R. da Casa Branca 7, 9000-088 Funchal