Parque Municipal de Aveiro, Jardim Infante D. Pedro
Centro | Aveiro
Parque Municipal de Aveiro, Jardim Infante D. Pedro
O Parque D. Pedro localiza-se na cidade de Aveiro e está construído sobre a cerca do antigo convento franciscano de Santo António, situado fora da muralha da cidade, bem próximo do atual Museu de Aveiro, o antigo convento de Santa Joana. Trata-se de um parque municipal da cidade, oficialmente designado por Parque Infante D. Pedro. Esta homenagem ao Infante D. Pedro (1392-1449), filho do rei D. João I e de D. Filipa de Lencastre, prende-se com a sua ação na promoção do desenvolvimento da vila de Aveiro, a partir de 1415, quando foi nomeado senhorio destas terras.
O parque tem origem na cerca do Convento de Santo António, fundado no início do século XVI em terrenos localizados no exterior das muralhas que cercavam a parte sul da vila. Entre o convento franciscano e as últimas habitações da vila, situava-se o campo de Santo António, que hoje também faz parte do jardim público. Na sequência da extinção das ordens religiosas em 1834, parte da cerca do convento foi doada à Câmara Municipal de Aveiro pela Ordem Terceira de São Francisco. No ano de 1861, o então presidente da Câmara, Manuel Firmino Maia, com o propósito de criar e melhorar os espaços verdes da vila, converteu o Campo de Santo António em passeio público. Este passeio enquadrava-se no espírito oitocentista com as suas “gigantes árvores e lindas vistas, uma antiga alameda, situada no mais alto da cidade, entre as portas de Vagos e o convento de Santo António” como descreve Pinho Leal (1873).
O parque foi alvo de uma série de melhoramentos ao longo dos anos, por iniciativa e financiamento da câmara municipal. De todas, destaca-se a intervenção realizada no executivo presidido por Lourenço Peixinho (1918-1942) no início do século XX. Nesta época, entre 1901 e 1918, decorriam as obras de construção das novas instalações do Hospital de Aveiro, localizado nas proximidades do passeio público. Entre estes dois equipamentos existia um vale de terrenos pantanosos e insalubres, outrora pertencente à cerca conventual, para os quais Lourenço Peixinho, motivado pela higienização e requalificação da zona, propôs realizar um plano de melhoria que visava o alargamento do passeio público até ao hospital. Para este ambicioso plano contratou um projeto ao jardineiro paisagista Jacintho de Mattos. A inauguração ocorreu em 1927 e após esta intervenção, o parque ficou com a dimensão e características atuais. Posteriormente, na década de 1980, a câmara municipal expandiu o parque para poente na chamada Baixa de Santo António, com projeto do arquiteto paisagista Manuel Sousa da Câmara, tendo sido recentemente remodelado o que incluiu a construção de uma passagem aérea sobre um troço da avenida Artur Ravara, uma alameda de frondosos plátanos.
O antigo passeio público viria a ser transformado num jardim descrito por Teresa Portela Marques (2009) do seguinte modo: “de traço regular, com tapetes de relva plantados com açafates ou outras composições formais, nomeadamente plantações simétricas de palmeiras e araucárias, hoje de grande dimensão, pequenos arcos com trepadeiras a ensombrar caminhos, elementos esses ainda hoje perceptíveis no lugar.” Na cota inferior ao então existente passeio público, Jacintho de Mattos desenvolveu um grande lago de formas naturalizadas, com um conjunto notável de vegetação, envolvido por um caminho de traçado sinuoso. Neste jardim, merece particular alusão a pérgula em betão armado que se desenvolve ao longo patamar superior do terraço que separa o antigo passeio público do jardim agora proposto e que acompanha a escada de ligação entre os dois espaços, providenciando uma zona de estar e de miradouro, quer sobre o passeio, à mesma cota, quer sobre o jardim, a cota inferior. Jacintho de Mattos aproveitou os muros de suporte desta escada para a construção de uma gruta, adornada com elementos de betão, onde, mais tarde, em 1979,.as suas faces laterais foram decoradas com painéis de azulejos que representam as tricanas de Aveiro, da autoria de Henrique J. C. de Oliveira. Neste parque, na zona do antigo passeio público, existe uma árvore de interesse público (Araucaria heterophylla), e também um coreto classificado como de interesse municipal, que se mantem no local original da sua construção e atribuído ao risco do engenheiro António Araújo e Silva. Próximo do coreto encontra-se um monumento de homenagem a Jaime de Magalhães (1859-1936), ‘ínclito aveirense, pensador, poeta, ensaísta, crítico, exemplo de virtudes cívicas e morais’ e também um torreão, antigo depósito de água, agora designado ´Mãe de água’. Atualmente, o Parque Infante D. Pedro está integrado na estrutura verde urbana da cidade de Aveiro com a designação de Parque da Cidade, que corresponde ao somatório de 4 parques: espaços verdes do Bairro de Santiago, Parque dos Amores, Parque Infante D. Pedro e Parque de Santo António.
Monumento de Interesse Municipal (em vias de classificação). Edital n.º 27/2013, de 13-05-2013 da CM Aveiro (Coreto), abrangido pela ZEP do Conjunto arquitetónico formado pela Igreja do Convento de Santo António e seu claustro, Capela da Ordem Terceira de São Francisco e anexos conventuais (Casa do Despacho)
Inventário: Ana Catarina Antunes em março de 2020
inserido na ROTA DO LITORAL CENTRO
Parque Municipal de Aveiro, Jardim Infante D. Pedro
(Consultada em março de 2020)
http://www.patrimoniocultural.gov.pt/pt/patrimonio/patrimonio-imovel/pesquisa-do-patrimonio/classificado-ou-em-vias-de-classificacao/geral/view/327669
http://www.patrimoniocultural.gov.pt/pt/patrimonio/patrimonio-imovel/pesquisa-do-patrimonio/classificado-ou-em-vias-de-classificacao/geral/view/6873661
LEAL, Augusto Pinho (1873). Portugal antigo e moderno : diccionario geographico, estatistico, chorographico, heraldico, archeologico, historico, biographico e etymologico de todas as cidades, villas e freguezias de Portugal e de grande numero de aldeias. Vol 1. Lisboa: Mattos Moreira
MARQUES, T. Portela (2009). Dos jardineiros paisagistas e horticultores do Porto de Oitocentos ao modernismo na arquitectura paisagista em Portugal. Tese de Doutoramento, Instituto Superior de Agronomia, Universidade Técnica de Lisboa.
POMBO, Lúcia (coord) (2017). Parque Infante D. Pedro, Património Histórico e Botânico – Projeto Edupark. Aveiro: Universidade de Aveiro
https://issuu.com/edupark/docs/miolo-edupark_ebook-mapa