Penedo da Saudade
Centro | Coimbra
Penedo da Saudade
O Penedo da Saudade é um parque e miradouro da cidade de Coimbra, que data do século XIX (1849), situado a cerca de 500 metros da entrada sul do Jardim Botânico da Universidade de Coimbra. Com uma vista ímpar sobre a parte oriental da cidade e o rio Mondego até à serra do Roxo e à serra da Lousã, é referido por Pinho Leal (1874) como um dos sítios que existem nos arredores de Coimbra famosos por sua beleza ou por suas recordações. Este jardim está tradicionalmente ligado aos amores de D. Pedro e D. Inês de Castro, por ter sido este o refúgio de D. Pedro para chorar a morte da sua amada.
No seguimento de outros jardins e parques que fez para a cidade de Coimbra, Jacintho de Mattos terá sido contactado para a reestruturação do jardim do Penedo da Saudade na década de 1920, tendo a obra ficado concluída, de acordo com as inscrições de placas que indicam o nome de diversas zonas do jardim, entre 1930 e 1931.
Como refere Teresa Portela Marques (2009), Jacintho de Mattos nesta obra vai, novamente, desenvolver uma abordagem mista, através da articulação de uma composição de carácter formal e regular, à cota superior, com um tratamento de feição naturalista, à cota inferior. Estas duas abordagens contrastantes não estabelecem qualquer comunicação visual dando continuidade, na opinião da autora, a uma tradição no modo de construir, enraizada na cultura de projeto dos jardineiros paisagistas desde o século XIX, marcada pela existência de caminhos irregulares, adaptados às variações topográficas do terreno, que se abrem em espaços mais ou menos amplos – a ‘Sala dos Cursos’ e o ‘Retiro dos Poetas’ com mesas e bancos em cimento armado – ou que conduzem a fontes, cascatas e miradouros.
Assim, o jardim divide-se em duas partes: a parte superior, correspondente à zona mais plana da encosta, onde Jacinho de Mattos cria uma composição linear, baseada numa sucessão de patamares formais, implantados a diferentes níveis, vencendo o declive natural do terreno; e a parte mais acidentada da encosta, voltada a sul e nascente, onde o projetista cria um jardim rochoso, de carácter irregular. Assemelhando-se a soluções encontras na mata do Parque de Santa Cruz, também da autoria de Jacintho de Mattos, os bancos e lanços de escadas que ligam os terraços do jardim são rematados com colunas encimadas com esferas.
Nos espaços designados por ‘Sala dos Cursos’ e ‘Retiro dos Poetas’, já referidos, encontram-se placas com versos de antigos estudantes e escritores, sendo o mais antigo de 1855, que ligam o espaço à cultura coimbrã e à sua academia.
O jardim do Penedo da Saudade integra diversas esculturas através das quais, o Município de Coimbra quis homenagear algumas figuras públicas. São elas o busto a António Nobre (1867-1900), da autoria do escultor Tomás Costa, que foi inaugurado a 30 de outubro de 1939; a estátua do pedagogo João de Deus (1830-1896), da autoria de Jorge Coelho, inaugurada a 11 de maio de 1996, aquando das comemorações do primeiro centenário da morte do poeta e pedagogo; e o busto de Eça de Queirós (1845-1900), encomendado ao escultor Francisco Simões (1946-1974) e inaugurado a 8 de setembro de 2000, quando decorria em Coimbra o Congresso Internacional de Estudos Queirosianos, destinado a assinalar o centenário da sua morte.
Inventário: Ana Catarina Antunes em março de 2020
inserido na ROTA DO LITORAL CENTRO
Penedo da Saudade
(consultada em março de 2020)
https://www.cm-coimbra.pt/areas/visitar/ver-e-fazer/parques-e-jardins/penedo-da-saudade
LEAL, Augusto Pinho - Portugal antigo e moderno : diccionario geographico, estatistico, chorographico, heraldico, archeologico, historico, biographico e etymologico de todas as cidades, villas e freguezias de Portugal e de grande numero de aldeias. Vol 1. Lisboa: Mattos Moreira, 1873.
MARQUES, T. Portela - Dos jardineiros paisagistas e horticultores do Porto de Oitocentos ao modernismo na arquitectura paisagista em Portugal. Tese de Doutoramento, Instituto Superior de Agronomia, Universidade Técnica de Lisboa, 2009.