Mata Nacional do Choupal

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Mata Nacional do Choupal

A Mata Nacional do Choupal é um dos ex-libris da cidade de Coimbra, desde cedo imortalizada por poetas e escritores. Com uma área de 79 hectares, estende-se ao longo de 2 quilómetros na margem direita do rio Mondego, a noroeste daquela cidade, sendo limitada a sul pelo rio Mondego e a norte por um canal de rega. É propriedade da Direção Geral do Tesouro e Finanças, encontrando-se atualmente sob a gestão do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF). Foi sob a gestão da Direcção-Geral dos Recursos Florestais, entre 1975 e 1977, que foi classificada como mata nacional. A partir de 1989 ficou sob a gestão do Serviço Nacional de Parques Reservas e Conservação da Natureza, atual ICNF. No entanto, existem algumas áreas no interior do Choupal cuja gestão é da competência de outras entidades, como a área desportiva, o dique marginal ao rio Mondego e Valeiros e o bar.

A sua origem está ligada às ações desenvolvidas em finais do século XVIII (iniciadas em 1791 pelo padre Estevão Cabral) para diminuir os efeitos do assoreamento do rio Mondego, que, desde o século XIII já se faziam sentir no vale do rio Mondego. Teve como primeira função a fixação e proteção dos terrenos agrícolas marginais, através da realização de plantações nas suas margens. Posteriormente, foram criados valeiros com a função de descarregar as águas do rio em leito de cheia, desviando do leito principal parte da água, minimizando, assim, situações de cheias na baixa citadina. Com as obras de regularização do rio, realizadas no final da década de 1980, estes valeiros foram fechados a norte e a sul, constituindo hoje enormes valas que atravessam transversalmente a mata.

Conhecido como a ‘Quebrada Grande’, um dos primeiros locais a ser plantado com uma coleção de espécies que integravam as matas climácicas ribeirinhas, como o choupo, o amieiro, o freixo, o salgueiro, o ulmeiro e o lódão, o seu nome foi substituído por ‘Mata do Choupal’, uma vez que o choupo, espécie de rápido crescimento, sobressaiu relativamente às outras espécies presentes. Esta espécie manteve a dominância por um período longo, contudo, resultado das sucessivas intervenções que aqui ocorreram e também do poder competitivo de outras espécies, a sua configuração botânica foi sofrendo alterações. Antes da realização das obras para a regularização do Mondego já referidas, a mata era dominada por árvores de grande porte, com a dominância de eucaliptos, choupos e plátanos, que lhe conferiam uma imagem majestosa e de grande imponência. Como resultado da realização das referidas obras e também do abaixamento do nível freático no interior da mata, muitas destas árvores foram cortadas ou acabaram por morrer.

Atualmente, a Mata Nacional do Choupal caracteriza-se por um bosque misto de folhosas, na sua maioria caducifólias, e de acordo com o referido no Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal e Orientação da Utilização Pública da Mata Nacional do Choupal (2010), com a chegada ao final da vida dos grandes exemplares de eucalipto, assistiu-se a uma curiosa associação entre o loureiro e os aceres (principalmente com o Acer negundo e o Acer pseudoplatanus), que tendem a ser as próximas espécies dominantes do coberto vegetal da mata, como já acontecia nalgumas áreas. Tal relatório refere ainda que se trata de uma mata de fitodiversidade elevada e, embora não se tratando de uma relíquia da vegetação das florestas climácicas ribeirinhas, apresenta várias espécies autóctones. É o caso do freixo (Fraxinus angustifolia), lodão (Celtis australis), amieiro (Alnus glutinosa), salgueiro-negro (Salix atrocinerea), salgueiro-branco (Salix alba) e do choupo-negro (Populus nigra). Aqui existem, igualmente várias exóticas, das quais se destaca a Ginkgo biloba (Ginkgo biloba). A Mata do Choupal tem uma assinalável maior diversidade animal. A sua importância revela-se, sobretudo no grande número de espécies de aves, mais de 65 espécies, encontrando-se, também vários mamíferos, nomeadamente a raposa e o javali.

Já no século XIX, o crescimento e a manutenção da mata trouxeram a função de recreio e lazer, que ainda hoje se mantém, ao que acresce as ações de educação ambiental muitas delas promovidas pelo ICNF. Para dar apoio a estas funções, a mata integra diversas estruturas de apoio, como o parque de merendas, sanitários e bar, e outras afetas a usos específicos, como a área desportiva (que inclui um pólo desportivo e um circuito de manutenção) e a área vocacionada para a prática da educação ambiental (que inclui dois circuitos de interpretação e o núcleo agrícola). Para além do uso recreativo, nos anos em que a gestão da mata esteve sob a alçada da Direção Geral das Florestas, foram aqui realizados vários ensaios de silvicultura experimental que envolveram o plátano, o choupo, a nogueira preta, o lódão e o eucalipto.

Inventário: Ana Catarina Antunes em março de 2020

inserido na ROTA DO LITORAL CENTRO

Mata Nacional do Choupal

(consultada em março de 2020)
Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal e Orientação da Utilização Pública da Mata Nacional do Choupal (2010).
https://www.cm-coimbra.pt/areas/visitar/ver-e-fazer/parques-e-jardins/mata-nacional-do-choupal

EN 1 414