Jardins da Avenida Sá da Bandeira
Centro | Santa Cruz
Jardins da Avenida Sá da Bandeira
A Avenida Sá da Bandeira é uma das principais artérias da cidade de Coimbra que liga a Praça da República e o Parque de Santa Cruz, na parte alta da cidade, à rua Olímpio Nicolau Rui Fernandes e, através desta, à baixa da cidade. A avenida com 50 metros de largo é composta por duas largas vias paralelas, separadas por uma extensa faixa ajardinada de 32 metros de largura e 378 metros de comprimento, cortada por ruas transversais.
No século XII, no vale a que corresponde hoje a avenida Sá da Bandeira, corria uma linha de água chamada Torrente dos Banhos Reais, nome dado pela proximidade de uns banhos, possivelmente de origem romana, que ficavam situados no lugar onde, no mesmo século XII, se ergueu o mosteiro de Santa Cruz. A linha de água seguia por entre as atuais ruas da Louça e da Moeda em direção ao Mondego.
Com vista à transformação urbana desta zona da cidade e antevendo a importância que a cerca do Mosteiro de Santa Cruz detinha, o município adquiriu a cerca do mosteiro em 1885 e convidou o engenheiro Adolfo Portela e o diretor do Jardim Botânico de Coimbra, o Dr. Júlio Henriques, para elaborarem o ‘Plano de Melhoramentos da Quinta de Santa Cruz’. Segundo Margarida Relvão Calmeiro (2014) a cerca do mosteiro à época, ocupava uma área de 3,5 hectares e possuía mais de 29 hectares correspondentes à quinta de recreio, o que perfazia uma área equivalente a 2/3 do total de área urbana edificada em Coimbra. A autora defende que esta operação urbana constituía a primeira expansão da cidade, à imagem da Europa.
O projeto, tendo como principais objetivos a ampliação do espaço urbanizável, a criação de novas ligações viárias e de um passeio público, consistiu na abertura de uma avenida, que ligaria a parte alta da cidade à baixa, partindo da Praça D. Luís (atual Praça da República), junto à entrada do Parque de Santa Cruz e terminando no mercado. As obras enfrentaram, no entanto, dificuldades técnicas, tendo a avenida sido concluída apenas em 1906, segundo projeto de António Heitor.
O jardim da placa central da avenida foi definitivamente concluído em 1928, pelo jardineiro paisagista portuense Jacintho de Mattos. A sua marca no desenho do passeio público desta avenida caracteriza-se, segundo Teresa Portela Marques (2009), por um traçado de grande depuração formal e com uma tipologia de jardim florista. Com tradução numa distribuição simétrica dos canteiros em relação ao eixo longitudinal da avenida, o jardim é enquadrado por alinhamentos de plátanos de ambos os lados da faixa central e pontuado por araucárias (Araucaria heterophylla), constituindo estes os elementos mais distintos do jardim.
Para assinalar a presença portuguesa e honrar a memória dos militares que faleceram na Batalha de La Lys, ergueram-se nas principais cidades do País, ‘Monumentos ao Soldado Desconhecido’. Em Coimbra, o monumento da autoria de Luís Fernandes em parceria com o arquiteto António Varela, foi inaugurado a 10 de junho de 1932. Em 2005, por iniciativa da Câmara Municipal de Coimbra, o monumento de homenagem a Luís de Camões, construído por iniciativa dos Estudantes da Universidade de Coimbra por ocasião das comemorações dos trezentos anos da morte do poeta, foi transferido para o atual local.
Inventário: Ana Catarina Antunes em março de 2020
inserido na ROTA DO LITORAL CENTRO
Jardins da Avenida Sá da Bandeira
(consultada em março de 2020)
https://www.cm-coimbra.pt/areas/visitar/ver-e-fazer/parques-e-jardins/jardins-da-av-sa-da-bandeira
ALARCÃO, Jorge de (1999). A evolução urbanística de Coimbra: das origens a 1940. Actas do I Colóquio de Geografia de Coimbra, N.º Especial de ‘Cadernos de Geografia’.
CALMEIRO, Margarida Relvão - Apropriação e conversão do Mosteiro de Santa Cruz. Ensejo e pragmatismo na construção da cidade de Coimbra. Revista ‘Monastic architecture and the city’. Cescontexto, debates, N.º 6, junho 2014, pp. 227-240. Coimbra: Centro de estudos Sociais, 2014.
MARQUES, T. Portela (2009). Dos jardineiros paisagistas e horticultores do Porto de Oitocentos ao modernismo na arquitectura paisagista em Portugal. Tese de Doutoramento, Instituto Superior de Agronomia, Universidade Técnica de Lisboa.